Oldren lutava.
Seus movimentos eram tão rápidos e precisos que bastavam segundos para que desviasse de três investidas de Rahir e colocasse a ponta da lança perto da garganta dele que sempre ria nervoso e pedia por mais uma vez.
Rápido demais para ser observado e se aprender com aquilo, até ter se acostumado. Com o tempo Elari começou a ver os movimentos dele. Os pés leves realizavam movimentos que o faziam parecer estar em um baile, ele girava habilmente a lança no punho e ainda a movimentava no ar sem tocar no chão ou bater nele. Prática e amor estavam incrustados naqueles movimentos.
Mais uma vez eles começavam uma disputa. Rahir mudou de posição segurando a lança com as duas mãos e a apontando para baixo. O olhar estava mais determinado, o rosto coberto de suor. Ele inspirou e expirou.
Oldren manteve a mesma posição inicial de todas as outras vezes. Ereto com a ponta da lança tocando o chão, segurando a lança apenas com uma mão, a outra às costas. Ele não estava suado como Rahir, mas algumas mechas do cabelo vermelho grudavam na testa.Eles começaram. Rahir investiu e Oldren girou para o lado ficando atrás do guerreiro em armadura. A lança indo em direção ao pescoço, como fizera tantas vezes antes, mas desta Rahir se abaixou e girou, os mesmos movimentos leves se Oldren. O ruivo sorriu, algo novo por ali. O prateado girou também, a lança indo em direção ao coração desprotegido de Oldren, mas ele também tinha previsto aquilo e dançou mais uma vez.
Eles tinham iniciado uma progressão de ataque, esquiva e ataque. Por um minuto continuou daquele jeito até que Oldren finalmente pôs a ponta da lâmina na garganta de Rahir. Ele ainda não tinha perdido o fôlego, mas agora suava. Os dois trocaram sorrisos e uma espécie de ligação se fez entre os dois, forjado por aquelas horas de luta.
Tharna se levantou no mesmo instante.
- Satisfeitos? Pelo que vejo, sim. Que tal fazermos outra coisa? - Ela olhou para Elari e falou apenas para a jovem - Meu traseiro está dormente de tanto tempo sentada aqui olhando para esses maníacos.
Elari levantou o canto da boca levemente e se levantou também. Rahir tinha se aproximado das duas com Oldren no enlaço.
- Tharna, querida. Devia estar mais que feliz em ter sido salva pelo nosso novo amigo Oldren. - ele olhou para a outra garota - Imagino se são todos os tesmianos que lutam bem. Anos em que não encontro um oponente a altura, muito menos um a superar.
- Convencido.
Tharna tossiu. Rahir nem mesmo piscou para ela.
- Não luto.
Claramente estava desapontado.
- Mas sabe que irá. Certo? Não há discriminação entre homens e mulheres, ao menos não entre os miren e Hetar, mesmo que agora elas sejam tão poucas...
- Nunca pensei que iria ser uma.
Ela deixou escapar e os três ficaram atentos. Ela tinha contado a Oldren sobre sua surpresa, que não queria ter de partir, mas não muito além disso.
- Por que? Veio de classes baixas?
Ela negou.
- Meu pai é miren, mas nunca pensei que...
Rahir gargalhou interrompendo o pequeno discurso que Elari tinha iniciado. Falar com dentes retos era tão fácil. Era tão fácil confiar neles. Estava percebendo isso agora que tinha lidado com mais de um ou dois simultaneamente.
- Sua mãe é salyu ou gorgan?
Tharna fez uma careta ao escutar gorgan. Elari imaginava se ela tinha algum preconceito.
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Os Eternos
FantasyO que fazer quando seu destino é se tornar aquilo que mais teme? A vida de Elari é regida pelo medo, medo dos seus iguais, dos vizinhos, dos irmãos e parentes e, temendo seu destino cruel de se tornar um deles, um monstro, ela se vê dividida entre d...