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A mente de Elari não poderia estar mais absorta em si mesma que enquanto a Conselheira, treinadora carrasco, gritava com as duas pelo desastre que causaram no quarto no alto da torre, mais especificamente, a mente dela se concentrava no ardor latejante que sentia na perna de quando aquele machado quase a amputou, era uma tola por ainda salvar escândalo e sair ferida no lugar dela. Ao menos não seria acusada de assassinato o que poderia levar a sentença de morte. A maldita escandalosa ao seu lado não pronunciava uma palavra o que ia contra as expectativas de Elari, quando esperava por um escândalo, ela ficava quieta, desgraçada ingrata.

- O que eu deveria fazer? Não cumpriram a ordem e ainda fazem isso!

Elari espiou Jasti e viu que a garota também tinha ganho um corte, mínimo e incomparável ao dela pelo qual sangue escorria em linhas finas e grossas na perna coberta de pó e teias, um pequeno prazer para Elari, deve ter sido por causa de suas unhas finas e irregulares naquele rostinho perfeito. A verdade era que Jasti Marest tinha provocado aquilo, Elari já não aguentava mais as reclamações e insultos simultâneos dirigidos a ela até explodir quando ela insinuou algo sobre sua irmã. Ela sequer conhecia Kath, como ousava falar algo dela? Elari tinha ficado calada quando escândalo falou da família Arostoth e Varhalarom, quando disse que estavam caindo à desgraça, mas quando ela começou a falar dos irmãos de Elari... ela voou direto no pescoço da loira e as duas iniciaram a briga que teve de tudo: puxões de cabelo, unhas, tapas e jogaram o que agarravam uma na outra. Elari sabia que tinha feito exatamente o que a Marest queria, levando a um escândalo que poderia realizar o desejo dela de encontrar alguém importante, afinal discussões entre discípulos não eram benquistas.

- O que há entre vocês? Que eu saiba, não se conheciam. De onde veio essa hostilidade?

As duas ficaram caladas, a conselheira suspirou e ficou silenciosa. Quando a olhou para entender viu que ela observava mais acima e seguindo seu olhar Elari viu Steve, ele congelou por um segundo depois se virou e seguiu andando sumindo em cinco segundos.

- Tenho uma punição para as duas, já que não se suportam irão ficar juntas e compartilhar tudo no campo de treinamento. Não irei falar sobre esse deslize das duas, mas não quero escutar mais nada sobre vocês brigando.

Ela esperou por respostas, porém nenhuma das duas garotas iria falar, não quando uma estava mordendo a língua para não xingar a Conselheira e a outra estava se contorcendo de raiva.

- Hoje vocês irão ajudar na cozinha como punição temporária, limpem-se antes.

Ruilara Golynda virou as costas para as duas garotas e deu dois passos até parar e olhar sobre o ombro.

- Entendido?

- Sim, Conselheira.

As duas se curvaram, Elari sentiu uma pontada na perna por esticar o músculo e amaldiçoou a guerreira e escândalo por a colocarem naquela situação. Vinha se controlando desde que pisou naquele barco e as duas a levaram a cortes e brigas e agora teria que suportar Jasti Marest por um bom tempo. Obrigada, pensou com ironia.

- Irei pedir que o curandeiro a visite, Varhalarom.

Um músculo do rosto dela se contraiu involuntariamente, apenas seis dias ali e já teria recebido a visita do curandeiro mais vezes que em toda a vida, Negra a estava ferindo demais.

- Agradeço, Conselheira.

A mulher branca voltou a andar, a armadura que usava fazendo barulho a cada passo. Quando o eco deixou de ressoar pelo salão em que estavam, Elari se virou para Jasti e cuspiu as palavras que tinha guardado para si.

- Sua maluca descontrolada desgraçada.

Jasti se virou com um movimento do pescoço exagerado entortando a boca e cuspindo mais palavras ofensivas.

Os EternosOnde histórias criam vida. Descubra agora