Com um arco perfeito no ar o punho cerrado de Steve atingiu o rosto do soldado que foi lançado pela lateral no chão.
A não dele doeu, mas não tinha a liberdade de demonstrar qualquer reação. Ele virou de costas para o soldado caído, não, chama-lo de soldado era errôneo, ele era um desertor. Uma multidão de soldados aguardava o veredicto que ditaria o destino do macho, alguns ali eram amigos dele, tinham dividido uma cabana e o chamaram de irmão, alguns haviam treinado com ele e o ajudado a se levantar, mas nada daquilo importava agora.
- Morte.
Ele falou simplesmente, aquela não era uma decisão fácil, mas sabia que era bem melhor que o exílio, que a tortura, era o que o soldado havia pedido com palavras sem som. Ele preferia a morte à guerra. Não era algo comum entre os negros, a deserção era a maior vergonha para um soldado do exército negro, tudo o que tinham era uns aos outros, seus sangues manchados por outras cores era o que os unia ainda mais, a prova de como haviam sobrevivido à extinção, à tentativa de massacre das outras cores, quando séculos antes levaram todas as fêmeas deles. Aquilo podia ser passado, mas havia marcado a cor tanto que jamais esqueceram como deviam proteger uns aos outros. Ele não esperou para ver o sangue do soldado manchar a terra.
Ele sabia como tudo era um lembrete do que estavam para enfrentar, do que estava à frente deles.
Nos últimos dias outros agrupamentos se juntaram a eles e agora eram mais de trezentos machos e fêmeas. Elas eram tão poucas que se houvessem cinquenta seria muito. Quando Steve as via se perguntava como estava Elari e Gemma, se a amiga já conseguia lidar melhor com os de sua espécie, se ela ainda temia seu toque.Gemma desviava da maioria dos presentes no salão com facilidade, mas eram tantos que estava ficando cansativo.
Ela precisava chegar a Cassien, tinha que ficar de olho nele para não fazer nenhuma besteira depois do que aconteceu no bar. Não importava se Arghnam era o espadachim negro, nada superava a loucura ardilosa de Cassien. Ela havia perdido a maior parte do desafio de Elari, mas havia valido a pena depois de ver a expressão de alegria dela ao ver a família. Ela tinha ido recepcionar o rei e os Varhalarom no porto, ela guiou a carruagem e também lidou com um Arghnam aéreo e irritado. Todos sabiam que ele estava mais fraco, extremamente mais fraco, que o seu normal, mas Elari havia derrotado o Espadachim Negro e aquilo seria lembrado por um longo tempo.
No caminho ela esbarrou em alguém, ele se virou e a segurou antes que caísse em cima de um empregado que carregava uma bandeja com bebidas. O olhar de ambos se cruzou e o dele fixou no dela como se houvessem imãs entre eles.
- Você está bem?
Ela acenou encantada novamente com ele, era o irmão mais velho de Elari e ele possuía uma áurea perfeita. Ele a soltou, mas não parecia disposto a deixá-la seguir caminho.
- Foi você quem nos recebeu, certo? - ela concordou - Gemma?
A surpresa se estampou no rosto dela, ele era um nobre, por mais que fosse Salyu, era o primogênito de Talio Varhalarom, mas ali estava ele, alguém que lembrava do nome dela, um nobre.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Os Eternos
FantasyO que fazer quando seu destino é se tornar aquilo que mais teme? A vida de Elari é regida pelo medo, medo dos seus iguais, dos vizinhos, dos irmãos e parentes e, temendo seu destino cruel de se tornar um deles, um monstro, ela se vê dividida entre d...