Os ossos de Elari gelaram, os dentes rangeram e a alma calou quando outro raio iluminou o recinto deixando visível o dono da voz.
Ela já o tinha visto antes, as roupas eram escuridão e os olhos luz.O trovão a fez tremer e se encolher mais um pouco no mesmo instante em que ele a viu.
As velas tremeluziram e ela escapou da prisão de suas memórias quando ele deu outro passo se afastando das pesadas cortinas e indo em sua direção, o único passo ecoou em sua mente como um sino que a despertava para longe de brilhantes olhos azuis.Elari abriu os olhos e afastou as mãos dos ouvidos, as tinha levado ali sem perceber, o ar pareceu esquentar e a tempestade se distanciar. Quando ergueu os olhos na direção dele o viu mais perto que esperava.
- O que faz aqui?
Ele soou irritado, falou com dentes fechados com força e a voz foi baixa, um aviso ou talvez uma ameaça, tudo dependia de como ela reagiria. Pensou em se levantar no entanto ao por a mão no chão e sentir o frio na palma não teve forças para se colocar sobre os pés.
Ainda estava assustada, o eco das lembranças ainda a afetava.- Chuva.
Ela respondeu, simplesmente, a voz rouca pela garganta seca.
- O que você faz aqui dentro?
Ele falou mais impaciente e ela o encarou também se irritando.
- Está chovendo e as portas estão trancadas, vim por estar com frio...
E medo.
Os olhos cinza fecharam-se por um instante e a cabeça foi para trás como se tentasse respirar para se acalmar.
- Você não pode ficar aqui.
Deveria ter acentido, levantado e esperado na chuva que algum milagre levasse a alguém, quem sabe Marjeana, a abrir uma porta. Mas ela era Elari Varhalarom e estava entrando em seu limite haviam algumas horas. Ela não conteve a língua.
- Por quê?
As palavras saíram como se tivessem sido cuspidas, um nojo a ordens expresso no rosto.
Estava cansada de faça isso, haja assim, seja aquilo. Estava furiosa por conta de Ruilara Golynda, com ódio por Jasti Marest e sozinha sem Steve. Quebrada, longe de Kath.
Ele deu um passo em sua direção e parou, o motivo, quem se importava?
Desta vez, ele foi suave em suas palavras.- Este é um lugar permitido somente à família real. Se encontrada aqui, pode levar punições severas.
A jovem olhou para fora através da porta, a grama verde escura e os raios mais distantes, a água que descia dos céus como lágrimas de Helther por seu filho Irmai, a Rocha branca que formava o Palácio.
- Não me importo.
Não, ela não estava se importando com nada, apenas queria ficar longe da chuva, dos relâmpagos, do Palácio cheio de frios e negros azuis.
Uma longa pausa se fez até que ela escutasse passos mais uma vez, ele estava voltando para de trás das cortinas.
- Se aceita a punição, permito que fique. - ele parou por um segundo - Até que a primeira vela se apague.
Elari olhou ao redor, muitas velas espalhadas, muitas apagadas, a maioria estava acesa em um só lugar e ela viu uma com cera mais fina que seus dedos ainda restante. Canalha.
Por um segundo pensou que ele estava sendo bondoso.- Como vai saber que a primeira vela apagou?
Ela sussurrou, mais para si já pensando em mentir, apesar de não querer ficar em companhia indesejada.
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Os Eternos
FantasyO que fazer quando seu destino é se tornar aquilo que mais teme? A vida de Elari é regida pelo medo, medo dos seus iguais, dos vizinhos, dos irmãos e parentes e, temendo seu destino cruel de se tornar um deles, um monstro, ela se vê dividida entre d...