- Onde estamos indo?
Elari andava em uma quase corrida para acompanhar Kah Sung e ainda assim ele permanecia à frente.
- Tem um lugar aqui próprio para esse tipo de treino.
- É mesmo? Então porque ninguém me mostrou?
Não era incredulidade, apenas curiosidade a impulsionava a perguntar mais.
- Mais ninguém usa tem algumas décadas, desde que transferiram o treino dos miren e hetar para o acampamento.
- E mais ninguém usa?
- Não. - ele andava tão rápido que Elari se questionava se ele usava um pouco de sua velocidade, ela estava quase iniciando uma corrida - Apenas eu me lembro desse lugar, o restante, por mais que o tenha conhecido não sente necessidade de ir lá.
Aquela conversa a fez se questionar algo que não manteve para si.
- Como foi seu treino?
Ele parou repentinamente e o nariz dela reclamou de dor ao colidir contra as costas dele, ela tentava conter a verbalização daquilo.
Depois de um instante ele se virou para ela e a viu se contorcendo de dor.- Desculpe. Você está bem?
Ela apenas acenou e ele estendeu a mão para ela, mas no meio do caminho a puxou de volta, então se inclinou na direção dela e pediu.
- Deixe-me ver.
Ela obedeceu instantaneamente, só percebendo depois, ele inclinou o rosto para um lado e para o outro.
- Não parece mal, mas...
Ele se abaixou e pegou um pouco de neve a estendendo para ela depois.
- Coloque isso, vai ajudar a passar a dor.
Ela olhou dele para a neve que já começava a derreter na mão dele, estendeu a própria e aceitou a oferta de desculpas dele.
- Apenas ande mais devagar, tudo bem?
Ele pareceu surpreso.
- Não percebi que estava indo muito rápido, se o fizer mais uma vez, apenas me diga.
Ela concordou e tentou usar a neve como compressa, mas a maior parte já tinha se tornado água, então ela se agachou e pegou mais se admirando com o trabalho da natureza.
Ela não gostava do frio, mas admitia a beleza, nunca havia visto neve em Tesme então a visão era surpreendente, branco recobrindo o chão e as árvores, como se o mundo quisesse mostrar sua pureza para então renascer com todas as cores.
O inverno era o período dos brancos e dos negros, a estação em que estavam mais fortes e era por isso que em seu último dia era feita a conversão.Elari se levantou e andou com Kah Sung, desta vez lado a lado.
- Está ansiosa para sua conversão?
Ela gemeu angustiada, não estava ansiosa, mas apavorada.
- Não precisa falar.
Ela o observou, não podia falar, tinha mais medo dos resultados que poderia descrever, mas sentia que queria, que podia confiar nele e se odiou quando ficou calada.
Quando chegaram ao local ele a deu instruções básicas do que devia fazer e a entregou algumas flechas a colocando a uma distância levemente pequena e ela começou a lançar as flechas com as próprias mãos.
Por uma semana inteira foi assim, ao terminar as lições com Derok ela seguia para o local com alvos e lá estava Kah Sung para a instruir alguma nova atividade, sempre distante, sempre esperando. Até aquele dia, a noite começava a expulsar o dia e ela finalmente estava com o arco em mãos, esse era maior e mais pesado que o anterior, esse era de metal e exigia mais força para puxar a linha, ela tinha colocado a flecha em posição, sentia as penas da ponta da flecha no rosto e a ponta afiada no dedo que usava para a direcionar, ela respirou fundo, estava a uma distância maior que meros dois metros, devia passar de dez, quem sabe quinze, ela nunca perguntou a Kah Sung, e soltou a linha, a flecha deslizou e se curvou voando a uma velocidade quase equiparável à dos negros e por fim atingiu o alvo bem no centro. Ela gritou e pulou comemorando.
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Os Eternos
FantasyO que fazer quando seu destino é se tornar aquilo que mais teme? A vida de Elari é regida pelo medo, medo dos seus iguais, dos vizinhos, dos irmãos e parentes e, temendo seu destino cruel de se tornar um deles, um monstro, ela se vê dividida entre d...