Capítulo 31

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- Sophie... (diz Anne levando a mão ao rosto surpresa com o tapa)
- Por que não me contou? POR QUE NÃO ME CONTOU?
- Eu não queria que sofresse.
- Então ia continuar me fazendo de idiota a vida toda?
- Eu não tava lhe fazendo de idiota e é claro que eu ia contar.
- Quando?
- Quando eu achasse o momento certo.
- É realmente você não poderia ter escolhido momento e maneira melhor de me contar. Foi perfeito! (diz Sophie aplaudindo ironicamente)
- Sophie não seja irônica. Eu não escolhi lhe contar daquele jeito. Eu já disse que não quis aquele beijo.
- Não seja hipócrita, você adorou. Então Anne, me diz... ele beija bem, não beija?
- PARA SOPHIE. (diz Anne gritando)
- Volta pros braços do seu queridinho Anne. É falta de educação deixá-lo esperando. Feliz Natal... Dawson! (diz ela olhando Anne de cima à baixo e depois lhe dá às costas)
- Aonde você vai?
- Não que seja da sua conta mas... eu vou pra casa.
- Mas e a ceia de Natal?
- Que se dane a ceia! Você acha que eu tenho condições de comemorar alguma coisa? Pra mim o Natal acaba aqui. (diz Sophie indo embora)

Anne chorando muito volta pro Hotel e diz pra Susan que Sophie havia ido pra casa.

- Anne meu anjo, eu acredito em você. Orlando me contou tudo direitinho. Ele disse que é o único culpado.
- Obrigada por acreditar. Pena que Sophie... (Anne começa a chorar novamente)
- Meu anjo, não fica assim. Eu vou conversar com ela. Você vai ver, logo, logo vão voltar a serem amigas.
- Tomara Susan. Desculpa ter estragado o seu Natal.
- Você não estragou nada. Aliás, ninguém estragou, tá bom?
- Tá.

Susan se despede de todos e vai embora.
Anne coloca os cotovelos sobre a mesa e apóia a cabeça na palma das mãos.

- Anne eu... (diz Orlando)
- Não fala comigo. Sophie tá me odiando por sua culpa.
- Tudo bem, você tem todo o direito de não querer falar comigo, mas eu não vou aceitar que Sophie fique brigada com você por minha causa. Eu vou falar com ela agora mesmo.
- Faça o que quiser, não me importa. (diz Anne)

Orlando sai e vai até a casa de Sophie.
Johnny que estava um bom tempo calado resolve se manifestar, só que da maneira errada.

- Você gostou do beijo?
- Que! Não começa você também, pelo amor de Deus!
- Só estou perguntando isso porque você reagiu muito bem ao beijo dele. Já o meu... o seu tapa tá doendo até hoje.
- Não me venha com ceninha de ciúmes, por favor!
- Não to fazendo cena de ciúmes. Eu só...
- Johnny... não continua não. A gente vai acabar brigando e eu não quero isso. Já briguei com gente demais por hoje.
- Me desculpe! (diz ele)

Orlando chega à cada de Sophie. Ele toca a campainha e Susan atende à porta.

- Orlando... o que faz aqui?
- Eu preciso falar com Sophie. Ela tem que ouvir de mim que Anne não teve culpa.
- Eu entendo, entra.
- Dá licença!
- Sophie tá no quarto dela. Porque você não faz uma surpresa pra ela e vai até lá.
- Tem certeza? Você não se importa? (pergunta Orlando)
- Tenho, pode ir. O quarto dela fica lá em cima, é a 2ª porta à direita no fim do corredor.
- Obrigado!

Orlando sobe as escadas e vai até lá.
Ele bate na porta e ela diz deitada em sua cama:

- Mãe, eu não quero nada. Me deixa sozinha, por favor!

Orlando abre a porta bem devagar e pergunta:

- Nem se esse nada for EU?
- Orlando! O que faz aqui?
- Sua mãe me fez a mesma pergunta. Posso entrar?

Sophie dá de ombros e ele entra.

- Se você veio aqui à pedido daquela traidora, pode ir dando meia volta.
- Eu não vim à pedido de ninguém, até mesmo porque Anne não quer falar comigo, e não tá se importando no que eu faço ou deixo de fazer.
- Não me diga! Nossa... terminou rápido o caso de vocês né? É, Anne tá me surpreendendo. Daqui a pouco vai tá dando em cima do Johnny.
- Sophie... não tem caso nenhum entre eu e Anne. Nunca teve e nunca terá.
- Por que? Ela não quer?
- Eu vou ser sincero. É verdade... ela é que não quer, nunca quis. Se dependesse de mim... eu me casava com ela agora mesmo.
- Não precisa ser tão sincero.
- Me desculpe! (diz ele)
- Você veio aqui só pra me dizer que tá apaixonado por ela? Não precisava perder seu tempo.
- Eu não vim pra isso. Eu vim dizer que ela não tem culpa de nada. Eu é que a beijei, eu já disse que ela nunca quis e nunca vai querer nada comigo. Ela não me ama e mesmo se amasse, ela abriria mão desse amor por sua causa. Ela já me disse isso, que jamais namoraria o amor de sua melhor amiga.
- Quer dizer que você já sabia que eu...?
- Já. Eu soube no mesmo dia que me declarei pra ela.
- Não acredito... eu tava literalmente fazendo papel de idiota.
- Não, não tava não. Se você quiser me odiar, eu vou entender, mas... perdoa Anne.
- Você vai entender? Sabe por que vai entender? Porque pra você pouco importa se te amo ou te odeio. Os meus sentimentos não irão lhe fazer falta.
- Não diga isso. Eu gosto muito de você. É claro que eu ficaria triste se você me odiasse. O que eu quis dizer é que você e Anne se adoram e são amigas a tanto tempo, ou melhor... são como irmãs e não merecem ficarem brigadas.
- Ela traiu minha confiança. Não estou falando pelo beijo e sim por ela ter me escondido que você a ama.
- Ela não fez isso por mal. Ela ia te contar, só estava esperando o momento certo pra não fazer você sofrer.
- Blá, blá, blá... ela disse as mesmas besteiras que você.
- Sophie, perdoa ela. Anne tá sofrendo muito.
- E eu? Ninguém pensa em mim? Eu também estou sofrendo, se duvidar até mais do que ela. Por que você se apaixonou por ela e não por mim? (pergunta Sophie chorando)
- Sophie... (Orlando não sabia o que dizer)

Sophie se aproxima dele e diz:

- Por que Orlando? Por que você não pode me amar?

Antes mesmo que Orlando respondesse alguma coisa, ela o beija.
Ele se afasta dela e diz:

- Sophie por favor! Não faz mais isso. Você não precisa se humilhar desse jeito.
- Quer dizer que o meu beijo é uma humilhação?
- Não foi o que eu disse. (diz Orlando)
- Olha só... eu vim aqui pra tentar fazer você perdoar Anne, mas já vi que não deu certo, não é?
- Não, não deu. Vai embora, por favor! (diz ela chorando)
- Eu sinto muito Sophie. Só espero que você possa perdoar à nós dois um dia.

Orlando volta pra sala e Sophie desaba na cama aos prantos.

- Então Orlando, como foi?
- Deu tudo errado Susan. Ela não quer perdoar Anne e está com raiva de mim também. Eu sinto muito por tudo isso.
- Não precisa se desculpar. Eu disse muitas vezes pra Sophie que esse amor dela por você não ia dar certo e que você não a amava. Eu só não sabia que você amava Anne.
- Desde o primeiro dia que a vi.
- Do mesmo jeito que eu não amo Sophie, Anne também não me ama. Por isso eu entendo o que Sophie está sentindo. É horrível ser rejeitado. Me desculpe dizer tudo isso, eu sei que ela é sua filha, mas eu estou sendo sincero.
- Já disse que não precisa se desculpar. A gente não escolhe por quem se apaixonar.
- É, eu sei. (e Orlando se lembra do dia em que disse isso à Anne)
- É melhor eu voltar pro Hotel, já é quase meia noite.
- Tudo bem, vai lá. Feliz Natal!
- Feliz Natal! (Orlando vai embora)

Susan vai até o quarto de Sophie pra consolar a filha que não parava de chorar.
Chegando ao Hotel, Orlando vai falar com Anne que ainda estava no salão com Johnny.

- E aí Orlando, como foi? (pergunta Johnny)
- Sophie está irredutível. Ela está muito magoada.
- Por sua culpa! (diz Anne batendo com força em cima da mesa)
- Anne, eu sei que me precipitei. Ela tá magoada comigo por eu ter beijado você, mas de você ela não está com raiva pelo beijo e sim por ter escondido dela o meu sentimento por você.
- Mas mesmo assim a culpa é sua. Ela soube da pior maneira possível.
- Pelo visto você também tá me odiando, né? (pergunta Orlando)
- Eu não odeio você. Mas estou com muita raiva.
- Quem sabe quando você estiver mais calma possa me entender e me desculpar. Não que eu esteja arrependido pelo beijo em si, mas sim por ter sido no momento errado.
- Qualquer momento seria errado Orlando e você sabe por quê.

Toda essa conversa estava sendo feita na frente de Johnny que não dizia uma palavra.
Já era meia noite e eles desejaram feliz Natal um para o outro, só que sem nenhum entusiasmo.
O Sr. Wilkinson vai até o salão e se aproxima da mesa deles.

- Onde está a Srta. Marks e a mãe dela?
- Foram embora. (diz Anne)
- Por quê? A festa não estava a altura delas?
- Não foi isso Sr. É que...
- Sophie estava passando mal e quis ir pra casa. (diz Orlando interrompendo Anne)
- Foi isso mesmo Dawson? A Srta. está com uma cara.
- É, foi isso sim. E quanto a cara... só estou preocupada com ela.
- Foi tão grave assim? (pergunta ele)
- Não. Espero que não. (diz ela olhando pra Orlando e Johnny)
- Sei... não demore muito a ir para o seu quarto. Já passa da meia noite.
- Sim Sr. feliz Natal!
- Feliz Natal! (ele lhe dá às costas e sai)
- Acho que vou fazer o que meu tutor disse e vou pro meu quarto.
- Ah Anne... fica mais um pouco. (diz Johnny)
- Já fiquei tempo demais pro meu gosto. Eu estou com dor de cabeça, com sono, cansada... são motivos demais, não acha?
- Quer que eu acompanhe você? (pergunta Orlando)
- Nem pensar. Prefiro ir sozinha. Boa noite!
- Boa noite! (respondem Johnny e Orlando)
- E agora, como será daqui pra frente? (pergunta Orlando)
- Não sei. Ela tá muito triste. (responde Johnny)
- Sophie tá sofrendo muito também. Ela tá se sentindo traída. Eu até entendo o lado dela. Eu também ficaria muito magoado se alguém me escondesse uma coisa dessas. Eu acho que a fidelidade não deve existir só nos relacionamentos amorosos, mas nas amizades também. Não que eu esteja dizendo que Anne não foi fiel à amizade de Sophie e nem estou jogando a culpa sobre ela, mas se Sophie soubesse desde o início que eu amo Anne, ela não estaria magoada desse jeito. Eu pelo menos sou bem transparente com relação aos meus sentimentos. Eu não sei como Sophie nunca descobriu porque eu nunca fiz questão de esconder o que sinto por Anne. Você não acha que quando há amor, a gente deve ser sincero com as pessoas que estão ao nosso redor?
- Sim... claro. (responde Johnny. Parecia que Orlando estava falando tudo aquilo pra ele. Mesmo assim ele não teve coragem de contar)

Anne que já está em seu quarto toma um banho e tenta dormir.
As horas passam, a festa acaba e todos se retiram do salão, menos Johnny que quis ficar mais um pouco.
Johnny estava pensativo em tudo que Orlando disse. Ele estava tentando achar uma maneira de contar que também ama Anne, mas sem fazer o amigo sofrer.
Já era 4:00 da madrugada, quando Anne que havia dado alguns cochilos, não consegue mais pegar no sono. Ela que estava com um baby-doll bem justo, pega um roupão, o veste e resolve voltar ao salão imaginando que estava vazio devido às altas horas.
Ela vai andando pelos corredores e desce a escadaria chegando ao saguão que estava vazio. Então ela segue para o salão.
Ela entra no salão vazio, exceto por Johnny que ainda estava lá e ela não tinha visto.
As luzes estavam apagadas, só alguns abajures que tinham na parede estavam acesos, deixando apenas uma penumbra no salão.
Ela vai andando e passando a mão nas decorações de uma das mesas que ainda estava com um pouco das sobremesas.
Ela chega perto da mesa de frutas e pega um morango, vai até uma das mesinhas, sobe numa cadeira e se senta em cima da mesinha ficando com os pés sobre a cadeira e começa a comer o morango.
Johnny que havia exagerado no vinho enquanto estava sozinho, acabou pegando no sono. Ele estava com a cabeça sobre uma das mesinhas e o seu braço esquerdo que também estava sobre a mesinha com uma taça de vinho na mão, acaba escorregando e derrubando a taça no chão fazendo Anne se assustar.
Ela olha pra trás e vê um homem com a cabeça sobre uma das mesinhas lá no fundo do salão. Ela não reconheceu que era Johnny devido a baixa luz do ambiente. Então ela resolve ir até ele para verificar se não estava precisando de ajuda.

- Aposto que ta bêbado. Mas não custa nada tentar ajudar. (diz ela pra si mesma)
- Sr. ... Sr. ... (ela o chama enquanto caminhava até ele)

Chegando perto ela vê quem realmente era.

- Meu Deus, é o Johnny!

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