Capítulo 70

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A semana passa rápido. Falta apenas um dia para o aniversário de Johnny.
Anne e Gisele estavam tomando café e o Sr. Wilkinson se aproxima.

- Bom dia Srtas.!
- Bom dia Sr.! (diz Gisele)
- Bom dia! (diz Anne)

Como Gisele prevera o Sr. Wilkinson percebeu a ausência de Johnny durante a semana.

- Srta. Novack, o que houve com o Sr. Depp? Ele não apareceu a semana toda.

Anne e Gisele se olharam.

- Chegou o momento! (pensou Gisele)
- É que não estamos mais namorando. (diz Gisele)

Ele levantou uma sobrancelha e olhou pra Anne que sentiu um frio no estômago e deu um gole no seu suco de manga.

- Perdão a intromissão e o atrevimento Srta., mas... será que não tem volta?
- Não, não tem. Mas continuamos bons amigos.
- Amigos, sei... é uma pena! Não acha Dawson?
- Hum... ah, sim, claro. Uma pena! (diz Anne enfiando um morango na boca)
- E seu namorado Dawson, quando irão se ver?

Anne quase engasgou engolindo o morango. Ela bebeu mais um gole do seu suco pra poder responder a pergunta.

- Amanhã é a folga dele. Acho que vamos ao cinema.
- Sei. Não saia sem falar comigo antes. (diz ele)
- Tudo bem. (diz Anne)
- Dá licença! (diz Sr. Wilkinson)
- À vontade! (diz Gisele)

As duas respiraram aliviadas e Gisele ainda mais por ter terminado com essa farsa que tanto a magoava.

- Foi mais fácil do que eu pensava. (diz Gisele)
- Eu gelei quando ele me olhou daquele jeito com desconfiança. (diz Anne)
- Mas ele acabou acreditando. (diz Gisele)
- Espero que sim. Ele não pode nem sonhar sobre eu e Johnny.

Gisele dá um suspiro e pergunta:

- Sabe do que to precisando?
- Do quê?
- De um namorado de verdade.

Anne que agora estava comendo iogurte para a colher a caminho da boca. Gisele a olha e diz sorrindo:

- Não se preocupe que não é o John.

Anne deu um sorriso constrangido.

- Então, você vai ao aniversário de Johnny? (pergunta Anne fitando o iogurte)
- Não sei, ainda não me entendi com ele.
- E por que não faz isso?
- Não se importa que eu volte a falar com ele?
- Não.
- É, talvez eu apareça de surpresa no aniversário. Não conta pra ele.
- Não vou contar.
- Acha que ele vai se importar se eu aparecer sem avisar?
- Tenho certeza que não. Ele vai ficar muito feliz. Eu queria tanto ir.
- Não fica assim. (diz Gisele)
- Mas tudo bem. Teremos muitos aniversários pela frente para comemorarmos juntos. (diz Anne)
- Então, Sophie decidiu ir ao aniversário?
- Que nada.
- Orlando deve tá chateado né?
- Muito. Ele tinha uma esperança de que ela pudesse mudar de idéia.
- Ele e John viajam hoje ou amanhã?
- Hoje à noite. Eu vou à casa de Sophie e a noite vamos acompanhá-los até o aeroporto. Ainda bem que meu tutor não me proíbe de ir à casa de Sophie, se não eu estaria perdida.
- Pelo menos essa liberdade ele te dá né?
- Pois é. E aí Gisele, quando sai a revista?
- Daqui a duas semanas terá um coquetel de lançamento.
- Aqui ou em Londres?
- Aqui. Você tá convidada, vai com John. Eu também vou convidar Orlando e ele poderá levar Sophie.
- Convite aceito. Vai ter muitos artistas?
- Vai. (diz Gisele sorrindo)
- Aposto que no aniversário do Johnny também. (diz Anne)
- Ah não tenha dúvidas! (diz Gisele)
- Eu queria tanto conhecer Londres.
- Um dia irá conhecer.
- Sabe, eu gosto de te ouvir falar. Adoro o sotaque Britânico.
- Jura! (diz Gisele)
- Sim. Eu gostaria de ter nascido lá.
- Você é daqui mesmo de Los Angeles?
- Sabe que eu não sei. Acho que sim. O meu tutor nunca me disse onde nasci, aliás, ele nunca me contou como conseguiu minha guarda e nem como conheceu minha mãe. Nunca me falou sobre ela. Quando eu toco no assunto ele fica furioso.
- Ele realmente é só o seu tutor ou ele te adotou legalmente?
- Me adotar? Que nada! Outra coisa que eu nunca entendi. Se me pegou pra criar por que não me adotou e me deu o sobrenome dele?
- Bem... não conheço você a muito tempo e seu tutor menos ainda, mas acho que a resposta pra essa pergunta é muito simples.
- E qual é?
- Por que ele não queria se tornar seu pai, não queria que você levasse o sobrenome dele e talvez pra você não se tornar herdeira dele.
- É, tem razão. Ele nunca quis nenhum vínculo comigo. Não quero mais falar sobre ele, me deprime.
- Ok, então vamos esquecer o assunto. Não quero que fique deprimida.

Após o café Gisele foi para a piscina e Anne para a casa de Sophie. Anne estava indo com tanta freqüência à casa de Sophie que o Sr. Wilkinson nem sabia mais quando ela estava ou não no Hotel, já que ela não pedia mais permissão a ele para sair. Ele estava começando a achar que estava dando liberdades demais a ela.

Anoitece... Johnny chega com Orlando à casa de Sophie em um táxi. Orlando toca a campainha e Sophie abre a porta. Eles não estavam muito bem então se cumprimentaram apenas com um selinho.

- Já estão prontas? (pergunta Orlando)
- Sim. Vou chamar minha mãe. Ela vai com a gente pra não termos que voltar sozinhas.

Sophie vai até o quarto de Susan chamá-la.

- Cadê o Johnny? (pergunta Anne)
- Tá no táxi.
- Eu vou indo pra lá. (diz Anne)
- Ok.

Anne se aproxima do táxi, Johnny estava sentado no banco do carona e ela o cumprimenta pela janela.

- Oi amor! (diz ela dando um beijo em Johnny)
- Oi! Fiquei morrendo de saudades de você o dia todo. (diz ele)
- Eu também.

Ela abre a porta de trás e entra no táxi. Logo em seguida Orlando se aproxima do táxi acompanhado por Sophie e Susan e os três entram. Eles foram bem “expremidinhos” atrás já que só tem lugar pra 3.

Susan não estava gostando muito da idéia de ir no mesmo táxi com Johnny e muito menos Sophie, mas não tiveram escolha, já que Orlando não desistiu de ir na companhia do amigo.

Durante o trajeto até o aeroporto ficou um silêncio angustiante pra Johnny, então de repente ele resolveu dirigir a palavra a Susan.

- Susan... como você tem passado?
- Estaria bem melhor se estivesse indo em outro táxi e é Sra. Marks pra você. Mas a preferência é que não me dirija a palavra.

Nesse momento Orlando, Anne e até mesmo Sophie olharam pra Susan.

- Que isso Susan! (diz Anne)
- Deixa amor, tudo bem. (diz Johnny)
- Perdão Sra. Marks! A Sra. pode ficar tranqüila que não irei mais incomodá-la. (Completa ele)
- Que ridículo isso! (diz Anne aborrecida)

Eles chegam ao aeroporto e Johnny fez questão de pagar a corrida do táxi. Ele e Orlando pegam suas malas.

Eles se encaminham para dentro do aeroporto. Até chegarem a área de embarque algumas pessoas pediram autógrafos a Johnny e a Orlando e até tiraram fotos. Um paparazzi apareceu e começou a tirar fotos sem a permissão deles e se aproximou pra fazer umas perguntas pra Johnny.

- Sr. Depp, seu aniversário é amanhã, é verdade que seus amigos estão organizando uma grande festa para o Sr. lá em Londres?

Johnny se limitou a responder apenas um sim.

- O Sr. não pretende sair carregado dessa festa, ou pretende?

Johnny não respondeu e continuou andando. O paparazzi continuou seguindo-os e de vez em quando tirava algumas fotos, o que estava deixando Johnny realmente irritado. Anne como não queria arriscar ser vista em uma dessas fotos ao lado de Johnny, se mantinha afastada junto com Sophie e Susan.

- O Sr. vai ficar de vez na Inglaterra ou volta pra Los Angeles? O que fez o Sr. trocar Londres pela Califórnia? Aposto que foi algum rabo de saia. As garotas da Califórnia são quentes!

Pela segunda vez Johnny o ignorou. Não satisfeito o paparazzi segurou o braço de Johnny fazendo-o parar, o que o deixou furioso.

- Tire suas mãos de cima de mim! (diz Johnny puxando o braço)
- Custa o Sr. responder uma de minhas perguntas?
- Custa e muito! (diz Johnny)
- O Sr. é muito mal educado! (diz o paparazzi)
- E você é um jornalistazinho de merda! (diz Johnny alterando a voz)
- Calma Johnny! (diz Orlando)
- Sr. Bloom, o Sr. não deveria andar com artistas desta qualidade ou acabará igual. (diz o paparazzi)
- Filho da puta! (diz Johnny dando um empurrão no paparazzi)
- Para Johnny! (diz Orlando segurando Johnny pelos braços)
- O Sr. é patético! (diz o paparazzi tirando mais uma foto de Johnny)
- Não tire minha foto! (diz Johnny alterado conseguindo se livrar das mãos de Orlando e partindo pra cima do paparazzi)

Johnny não o agrediu, mas pegou a câmera fotográfica dele e a jogou no chão com força fazendo-a em pedaços.

- Oh meu Deus! (exclama Anne levando a mão à boca)

Ela, Susan e Sophie estavam paradas não tão próximas presenciando toda a discussão.

- Isso não vai ficar assim! Terá que pagar por isso! Vou processá-lo!

Johnny fez menção pra ir pra cima do paparazzi novamente, mas foi impedido por Orlando.

- Vamos Johnny! (diz Orlando o puxando pelo braço)

O paparazzi recolheu os pedaços de sua câmera e se retirou do aeroporto. Anne, Sophie e Susan se aproximaram dele e de Orlando. Susan e Sophie não disseram nada.

- Johnny, fica calmo! (diz Anne segurando a mão dele)
- Me desculpe! Não queria que você presenciasse uma cena como essa. Eu sempre sou super educado, mas esse tipo de gente realmente me tira do sério. Não vou generalizar, há jornalistas de respeito, mas eu odeio a imprensa sensacionalista que só serve para invadir a nossa privacidade com o intuito de denegrir a nossa imagem.
- Ele disse que vai te processar. (diz Anne)
- Não tenho medo de processos. Agora deixa eu ir, senão vou perder o vôo.

Johnny foi beijá-la, mas ela desviou o rosto.

- É melhor não arriscar fazer isso em público. Vai que o paparazzi ainda está por ai escondido.
- Mesmo que esteja, não poderá tirar nenhuma foto.
- Mas pode ter outros feito ele. (diz Anne)
- Tem razão. Seria uma tragédia saímos em uma revista nos beijando. (diz Johnny)
- Deus me livre! O Sr. Wilkinson me mataria!
- Última chamada para o vôo 373 com destino à Londres!
- É o nosso vôo Johnny, vamos.

Johnny abraça Anne e ela diz:

- Eu queria tanto ir.
- Não faz essa carinha! No próximo estaremos juntos. Eu prometo!

Eles se beijam no rosto e Orlando se despede de Susan e Sophie. Quando Orlando foi beijar Sophie ela desviou o rosto feito Anne fez com Johnny, só que por motivos diferentes.

- Que foi Sophie? A gente não namora escondido pra que não possa me beijar em público.
- Não beijei por que não quero. (diz ela emburrada)
- Então depois não reclama. (diz ele aborrecido)
- Isso é uma ameaça? (pergunta ela)
- Pense o que quiser. (diz ele lhe dando as costas e indo em direção ao portão de embarque)

Sophie ficou de braços cruzados olhando ele se afastar. Johnny nem se deu ao trabalho de se despedir de Susan e Sophie, já que elas o iriam ignorar. Ele dá mais um beijo no rosto de Anne e se dirige ao portão de embarque. Apesar de saber que Johnny vai voltar daqui a dois dias, Anne estava com o coração apertado e não conseguiu conter algumas lágrimas. Ela se lembrara de quando ele ficou em Londres por dois meses e temia que acontecesse alguma coisa que o fizesse ficar por lá. Johnny e Orlando entram no avião e Anne, Sophie e Susan saem do aeroporto e pegam um táxi.

- Eu to muito triste com vocês duas. (diz Anne quebrando o silêncio)
- Por causa dele! (diz Sophie olhando pela janela)
- É, por causa do Johnny. (diz Anne)
- Está triste comigo também? (pergunta Susan)
- Principalmente com você Susan. Sophie o trata com desprezo a toda hora, mas você... não esperava que falasse daquele jeito.
- Como você esperava que eu o tratasse? Ele magoou minha filha e isso eu não admito. Podem me xingar, me humilhar e até me bater, mas não façam com minha filha. E não é só por Sophie, é por você também. Eu a quero como uma filha e não o perdôo pelo que ele fez a você, não acreditou na sua palavra, a agrediu, a fez perder o bebê.
- Mas eu já o perdoei! E não quero mais me lembrar disso, é passado.
- Respeito sua decisão, você o ama e até admiro sua atitude de esquecer tudo, mas eu e Sophie ainda não conseguimos perdoá-lo. Quem sabe um dia?
- Quem sabe um dia para a Sra., por que pra mim esse dia não chegará. (diz Sophie)
- Me magoa ouvir você dizer isso Sophie. (diz Anne)
- Me desculpe, mas você tem que respeitar minha decisão, assim como eu respeitei a sua de perdoá-lo.
- Eu respeito, mas não entendo. (diz Anne)
- Não fica magoada comigo meu anjo. Me perdoa! (diz Susan)
- Tudo bem. (diz Anne)
- Vem cá. (diz Susan levantando o braço e passando-o por cima do ombro de Anne que apoiou a cabeça no ombro de Susan)
Susan também fez a mesma coisa com a filha que assim como Anne apoiou a cabeça no outro ombro da mãe. Anne e Sophie se entreolharam.
- Me desculpe! (sussurra Sophie pra Anne)

Anne estendeu a mão e ela e Sophie ficaram com as mãos entrelaçadas sobre as pernas de Susan.

No avião Johnny estava sentado à janela com a cabeça recostada na poltrona com os olhos fechados. Orlando estava ao seu lado com o olhar longe. Johnny abre os olhos e vira a cabeça para o lado sem desencostá-la da poltrona e chama Orlando.

- Orlando.

Orlando estava tão perdido em seus pensamentos que não ouviu Johnny o chamar. Johnny toca o braço do amigo que desperta de seus pensamentos e o olha dando um sorriso triste.

- Você tava pensando em Sophie?
- Sim. (diz dando um suspiro carregado de tristeza)
- Vocês não já estavam se entendendo bem? (pergunta Johnny)
- Estávamos até eu pela milésima vez tentar fazer amor com ela e ela também pela milésima vez me rejeitar.
- Complicado. (diz Johnny olhando pra frente)
- Eu não sei até quando vou conseguir manter esse namoro.
- Você tá pensando em terminar?
- Não, claro que não. Mas tá ficando muito difícil. Não é só o fato dela não querer fazer amor comigo, eu sinto que tem algo há mais e me atrevo a dizer que tem a ver com o tutor de Anne.

Nesse momento Johnny o olhou, Orlando retribuiu o olhar e perguntou:

- Você tá sabendo de alguma coisa?

Johnny tornou a olhar pra frente e deu um suspiro.

- Johnny, você tá sabendo de algo, não tá?
- Nada que você também não saiba. (diz Johnny sem encarar Orlando)
- Como assim? (pergunta Orlando)
- Ah, que eles se beijaram e que ela ficou... mexida com isso.
- Mas faz tempo que aconteceu esse beijo, eu ainda estava em Nova York. Acha que ela ainda pensa nesse beijo?
- Quem tem que saber é você que é namorado dela.
- Eu não sei o que pensar. Às vezes ela é carinhosa e atenciosa, outras vezes age feito hoje. Eu nunca sei como ela vai agir comigo. Aposto que Anne sabe de alguma coisa. Ela não te contou nada?
- Não. Você acha que pode ter acontecido mais coisa entre Sophie e o tutor de Anne?
- Você se refere a eles terem... (Orlando não conclui a frase)

Johnny o olha e balança a cabeça em afirmação.

- Não, quanto a isso eu sei que não aconteceu. Mas eu sinto que tem alguma coisa e Anne sabe. São como irmãs, não escondem nada uma da outra. Você poderia tentar descobrir por mim.
- Mesmo que Anne saiba de algo, eu acredito que ela não me dirá. Ela sabe que eu poderei contar a você, ela não vai correr esse risco de entregar a melhor amiga.
- Ah, então você afirma que Sophie possa mesmo estar me escondendo algo.
- Não foi o que eu disse. (diz Johnny)
- Jura que não está me escondendo nada?
- Orlando...
- Por que não quer jurar? Você é meu melhor amigo, deveria me contar tudo, assim como Anne e Sophie fazem uma com a outra.
- Orlando...
- Johnny, por favor! Se você sabe de algo, por mínimo que seja, me conta!
- Ai meu Deus! ok, Anne me disse uma coisinha sim.
- Eu sabia! O que é?
- Orlando, eu prometi a Anne que não falaria.
- Se você não contar, não vou te perdoar!
- Droga! (resmunga Johnny)
- Anne não vai saber que você me contou, eu juro! (diz Orlando)

Johnny ficou em silêncio olhando pra frente.

- Johnny, por favor!
- Merda! Tudo bem. (diz Johnny) Você sabe por que Sophie parou de ir ao Hotel?
- Sei. Pro Sr. Wilkinson parar de assediá-la. (diz Orlando)

Johnny balança a cabeça negativamente. Orlando fica olhando-o esperando a resposta.

- Ela não tem ido ao Hotel para tentar...
- Tentar o quê?
- Tentar esquecer o tutor de Anne.
- Tentar esquecê-lo?
- E o pior é que durante esses dois meses sem pisar lá, não adiantou muito.
- O que você quer dizer com isso?
- Anne me disse que Sophie não conseguiu esquecê-lo. Eu juro que isso é tudo que sei, se tem mais alguma coisa Anne não me contou. Sinto muito! (diz Johnny tocando o braço do amigo)

Orlando não conseguiu pronunciar nenhuma palavra, sua voz estava embargada, era como se algo o sufocasse. Uma lágrima rolou no rosto dele que tratou imediatamente de secá-la.

- Orlando... não vai dizer nada?

Orlando balançou a cabeça negativamente e ficou com o rosto virado pro lado do corredor.

O táxi deixou Sophie e Susan em casa e Anne seguiu no mesmo para o Hotel. Chegando ao Hotel Anne foi direto ao restaurante para jantar, já passava das nove horas.

Na casa de Sophie, Susan estava passando um sermão na filha.

- Você tá passando dos limites Sophie.
- Do que está falando mãe? (pergunta ela jogada no sofá)
- Não entendo por que trata Orlando tão mal.
- Não o trato mal. (diz ela se sentando)
- Imagina! (diz Susan irônica)
- Olha quem fala, a Sra. não tratou Johnny com muita cordialidade.
- Você também não, mas Johnny é outra história, vamos deixá-lo de lado. Orlando é sempre tão carinhoso... se é pra ficar tratando-o desse jeito é melhor que termine esse namoro.
- Eu não quero terminar. (diz Sophie agora com uma tristeza na voz)
- Eu não te entendo Sophie. (diz Susan se sentando ao lado da filha)
- Eu gosto do Orlando mãe, eu juro!
- Mas não o ama mais como antes, não é?

Sophie balançou a cabeça em afirmação.

- Mas eu vou voltar a amar.
- Você ainda pensa no outro, o que trabalha no Hotel e que você teima em não me contar quem ele é?
- Penso, mas eu vou esquecê-lo! To me esforçando, se eu continuar sem ir lá eu sei que vou conseguir.
- Eu não sei mais como te aconselhar minha filha.
- Não precisa me aconselhar. Eu tomei essa decisão há dois meses e vou mantê-la. Eu sei que ainda posso ser feliz com Orlando.
- Se pensa assim então passe a tratá-lo como ele merece ou irá perdê-lo. Esse é o único conselho que posso te dar.
- Eu sei mãe, eu juro que vou me entender com Orlando. Quando ele voltar de Londres vou pedir perdão pela maneira que venho tratando-o e prometo que vou ser uma namorada amorosa e dedicada.
- Só não se esqueça de que isso também tem que fazer você se sentir bem consigo mesma e acima de tudo feliz! Não faça por remorso ou pena. Orlando não merece que você sinta pena dele, ele tem que se sentir amado. Você não ia gostar que ele estivesse com você só por pena.
- Eu juro que não sinto pena dele! Posso te confessar uma coisa íntima?
- É claro que pode meu amor! A final de contas além de sermos mãe e filha, somos amigas.
- É que eu fico um pouco envergonhada. (diz Sophie de cabeça baixa)
- É sobre sexo, não é?

Sophie balança a cabeça em afirmação.

- Confie em mim, não tenha medo de me contar as coisas, eu juro que não vou brigar! Vou lhe fazer uma pergunta pra facilitar o seu lado. Você se entregou a ele?

Sophie ergueu a cabeça extremamente enrubescida e balançou a cabeça negativamente.

- Esse é o problema de nossas brigas.
- Já entendi. Ele quer, mas você não, não é isso?
- Não é que eu não queira... ai mãe, eu não sei como falar disso com a Sra.

Susan sorriu e pegou na mão da filha.

- Você tá se saindo bem. (diz Susan ainda sorrindo)

Sophie deu um sorriso constrangido e continuou.

- Orlando é tão lindo... e beija bem. (disse essa parte com um riso)

Susan também riu.

- Por várias vezes quase aconteceu. Eu o desejo quando ele me beija... quando me toca, mas...
- Mas o quê?
- No último momento eu acabo desistindo e o faço se sentir frustrado. Eu também fico frustrada comigo mesma por não conseguir ir adiante. Eu não sei o que acontece, é como se algo me dissesse que não é pra ser com ele. A Sra. me entende?
- Sinceramente não Sophie. Ele é seu namorado, você o deseja, mas diz que não é pra acontecer com ele. Eu imagino que isso deve magoá-lo.
- Eu sei. O que a Sra. acha que devo fazer?
- Acho que deve seguir o seu coração.
- Esse é o problema! (diz Sophie)
- Por quê?
- Por que o meu corpo pede para me entregar, mas o meu coração...
- Sexo não está ligado só ao tesão, está ligado ao amor também. Se você diz que não o ama mais como antes... aí fica difícil.
- Mas como eu disse, posso voltar a amá-lo por que eu gosto muito dele e não quero ficar longe dele.
- Eu só quero que você seja feliz independente de quem você namore.
- Se por um acaso eu terminasse o namoro e tentasse um relacionamento com outro, a Sra. iria me apoiar?
- Você acabou de dizer que não quer ficar longe do Orlando.
- Eu não estou dizendo que vou terminar o namoro, eu estou dizendo se eu terminasse, me apoiaria independente de quem eu escolhesse pra namorar?
- Se refere ao funcionário do Hotel?

Sophie balança a cabeça em afirmação.

- Sim se ele também a amasse e a fizesse feliz.
- Mesmo se ele...
- Mesmo se ele o quê?
- Mesmo se ele for um pouquinho, só um pouquinho mais velho do que eu?

Sophie estava sendo um tanto quanto irônica consigo mesma em dizer que o Sr. Wilkinson é um pouquinho mais velho do que ela. Ela quis rir ao se lembrar que o chama de crocodilo velho, mas se conteve.

- Um pouquinho quanto?
- Tá vendo! A Sra. se importa com a idade!
- Não disse que me importo, só que não vejo problema nenhum em você me contar a idade dele e o nome também.
- Pode esquecer por que isso eu não vou dizer.
- Sophie... ele não é casado, é?
- Não. Deus me livre me envolver com homem casado.
- Ainda bem. Pelo menos nisso você tem juízo. (diz Susan)
- Como assim pelo menos nisso? Sou super ajuizada! (diz Sophie rindo)

Susan também riu.

- Você tem o mesmo bom humor do seu pai. Você se parece tanto com ele. (diz Susan acariciando o rosto da filha)
- A Sra. ainda sente a falta dele, não sente?

Susan balança a cabeça em afirmação.

- Eu também. (diz Sophie)
- Você se lembra do seu pai?
- Lembro.
- Ele te amava tanto. (diz Susan com lágrimas nos olhos) Quando você nasceu ele chorava mais do que você. (diz com um sorriso triste)

Sophie que também já estava chorando também sorriu.
Susan havia ficado viúva quando Sophie tinha cinco anos. Desde então nunca se envolveu com homem nenhum. O pai de Sophie foi assassinado num assalto. Ele era médico e havia recebido uma ligação no meio da madrugada para ir ao Hospital para fazer uma cirurgia de emergência. Dois carros o fechara na estrada para roubar o carro dele, mas ele reagiu e um dos bandidos atirou nele. Ele chegara com vida ao Hospital, mas acabou não resistindo. Susan ficara em estado de choque. Ela perderá seu grande amor. Um marido e pai dedicado e amoroso, sem contar que era um excelente profissional, era amado por todos onde trabalhava. Susan não sabia como seria sua vida e principalmente a vida de sua filha, tão pequena e já sem o pai que tanto amava e idolatrava. Como Susan nunca trabalhou, vive da pensão pela morte do marido. Não é muito, mas dá pras duas viverem com certo conforto. Desde que Susan passou a receber a pensão, ela deposita por mês uma quantia para pagar a faculdade de Sophie.

- Sabe, eu me lembro daquele último verão que ele passou com a gente. Fomos à praia e ele fez pra mim aquele castelinho de areia. (diz Sophie)
- Você se lembra que eu queria te levar pra água e você chorou dizendo que só iria se fosse com seu pai?
- Lembro. (diz Sophie sorrindo)
- Você só se sentia segura com ele pra entrar no mar. (diz Susan)
- É eu lembro. Ele me colocou sentada no pescoço dele por que eu tinha medo de deixar meus pés dentro d’água.
- Você dizia que tinha tubarão. (diz Susan sorrindo)

Sophie riu.

- Bons tempos! Boas lembranças! (diz Susan)
- Agora voltando ao assunto desse homem misterioso, se você não quiser me dizer quem ele é, infelizmente terei que aceitar, não vou mais insistir nisso. Até mesmo por que você não vai se envolver com ele, vai?
- Não. (diz Sophie)
- Ok, então assunto encerrado. (diz Susan)
- Vou dormir. Boa noite! (diz Sophie)
- Boa noite meu amor! (diz Susan dando um beijo na testa da filha)
- A Sra. não vai dormir?
- Vou. Daqui a pouco eu subo.

Sophie vai para seu quarto e Susan fica sentada no sofá com suas lembranças. Novamente as lágrimas brotam em seus olhos. Depois de uns minutos Susan foi dormir.

Amores em Conflito!Onde histórias criam vida. Descubra agora