Capítulo 52

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- Então Anne, você ligou pra me... perdoar, não foi?
- Sim. Eu perdôo você Orlando. Quero ser sua amiga de novo.
- Eu também quero ser seu amigo, mas que fique bem claro que eu não quero saber do Johnny.
- Será melhor mesmo. (diz Anne)
- Por que diz isso?
- Por nada. Deixa pra lá. (diz ela)
- Vocês não estão brigados por que perdeu o bebê, estão?
- Orlando, eu não quero falar sobre isso.
- Me desculpe! Mas você não desmentiu que estão brigados.
- E se estiver? Mudará alguma coisa sobre ser apenas meu amigo?

Nesse momento Sophie se senta na cama e fica olhando pra Anne.

- Não. Acho que não. (diz ele)
- Espero que não Orlando. Você jurou que só queria ser meu amigo.
- E vou cumprir. (diz ele)
- Vou acreditar. (diz Anne)
- Obrigado por ter me perdoado. Eu prometo que nunca mais vou fazer nada pra magoar você.
- Que bom. Então, você tá mesmo pensando em voltar?
- Você se importa? (pergunta ele)
- Não tem que me pedir permissão Orlando. Faça o que o seu coração tem vontade. Se acha que deve voltar, volte. Você é o único que pode decidir.
- Obrigado!
- Não precisa agradecer.
- Agora sim vou conseguir dormir em paz. (diz ele)
- Por quê?
- Por que você me perdoou.
- Fico feliz! (diz ela)
- Pode ligar quando quiser. (diz ele)
- Você também.
- Ok. Um beijo! (diz ele)
- Outro.

Anne desliga o celular e se senta ao lado de Sophie.

- Que cara é essa Sophie? Você tava tão sorridente ainda agora.
- Ele ainda te ama, não é?
- Sophie... eu não sei. Ele jurou que só quer ser meu amigo.
- Mas isso não quer dizer que não a ame.
- Não quero ver você triste. Você tava tão feliz falando com ele sobre o tal beijo. Você foi corajosa de falar daquele jeito. Me conta, o que ele disse?

Anne tentava animar Sophie novamente. Sophie coloca um belo sorriso nos lábios e diz:

- Ele disse que como poderia ter me esquecido depois do beijo. Quando eu falei que queria repetir a dose, ele falou, quem sabe!
- Jura! (diz Anne)
- E o que ele disse quando você falou que ia dar um beijo simples mas ele te agarrou?
- Ele disse que não é homem de beijos simples. (diz Sophie sorridente)
- Uau! (exclama Anne)
- Eu torço tanto pra ele se apaixonar por você. Quem sabe não já se apaixonou depois desse beijo?
- Ai Anne, é o que eu mais desejo.
- Se ele voltar eu juro que vou fazer de tudo pra vocês ficarem juntos.
- Eu já disse que te adoro? (pergunta Sophie)
- Umas mil vezes. Mas não custa nada ouvir mil e uma, não é?
- Eu te adoro Anne! (Diz Sophie sorrindo)
- Eu também te adoro!

Anoitece...

Anne e Sophie descem para jantar.

- Boa noite! (diz Max se aproximando)
- Oi Max! Quanto tempo! (diz Sophie)
- Tudo bem Sophie?
- Tudo.
- E a Srta. como está? (pergunta ele pra Anne)
- Me chamando de Srta. de novo Max. Eu não disse que podia me chamar de Anne quando o meu tutor não estivesse por perto?
- É verdade. É a força do hábito... Anne.
- Ah, bem melhor. (diz Anne)
- Eu fiquei preocupado com você. Ficou três dias no Hospital. O que houve?

Anne e Sophie se olharam.

- Perdão! Eu to sendo indelicado, não é?
- Não, de maneira nenhuma. (diz Anne)
- É que eu estava grávida.
- Grávida! (diz ele surpreso)
- É. Mas eu perdi o bebê.
- Sinto muito Anne!
- Obrigada!
- O Sr. Depp deve estar inconsolável, não é?
- Não toque no nome desse... canalha. (diz Anne)
- Canalha? (pergunta ele franzindo a testa)
- É uma longa história. Depois eu te conto. (diz Anne)
- Max, você chegou a ver o Morrison aqui há uns três dias atrás? Mas precisamente à noite. (pergunta Sophie)
- Não. Bem... se ele esteve aqui eu não o vi. Quem deve saber responder é o Sr. Evans.
- É verdade. Ele sempre vê quem entra e sai do Hotel. (diz Sophie)
- Anne, depois temos que perguntar pra ele.
- Tem razão. Depois do jantar a gente vai falar com ele.
- Por que perguntou se o Morrison esteve aqui?
- Como Anne disse, é uma longa história.
- Nossa, quanto mistério. Parece ser um assunto muito sério. Essa história envolve o Sr. Depp, o Morrison e a perda do seu bebê?
- Sim Max. (diz Anne)
- Aposto que o Morrison aprontou alguma pra você e pro Sr. Depp, não foi?
- Foi. Só que por mim ele e o Johnny podem dar as mãos porque são dois canalhas. Não vejo diferença entre um e outro.
- Concordo. (diz Sophie)
- Você também acha isso do Sr. Depp? Mas vocês eram tão amigos.
- Disse bem... éramos. (diz Sophie)
- Essa história parece ser bem complicada mesmo. (diz ele)
- Mas complicada do que lhe parece. (diz Anne)
- Nossa. É melhor eu trazer o jantar de vocês.

Elas já haviam feito o pedido. Ele se retira e não demora muito pra trazer o jantar. Max se retira novamente.

- Sophie, você viu como o Max olhava pra você?
- Vi.
- Tá na cara que ele ainda gosta de você.
- Mas eu só gosto dele como amigo.
- Você não sente nenhuma atração por ele?
- Ah Anne, ele é lindo, tem uma boca vermelhinha e chamativa, uma pele que parece estar bronzeado e aqueles lindos olhos verdes, mas...
- Nossa Sophie! Não sabia que você tinha reparado tanto assim nele. (diz Anne rindo)
- Não ri não, que você também já reparou. Você também acha ele bonito.
- Acho mesmo. Que mal há em achar outras pessoas bonitas?
- Pois é. Ele realmente é lindo, mas só beleza não conta.
- Eu sei. O amor vem em primeiro lugar e você ama o Orlando.
- É.
- Sabe, teve um dia que eu disse pro Max que ele devia tentar conquistar você já que o Orlando não está mais por perto.
- Anne... por que você disse isso?
- Ah Sophie, você tinha que ter visto como ele falava sobre você. Ele disse que queria um dia poder ser feliz com você como eu e Johnny som... éramos. Só que agora ele terá que procurar outro casal pra se espelhar. (diz Anne olhando pro próprio prato, mas mesmo assim não o enxergando por que seu olhar estava perdido em pensamentos e momentos que já foram felizes)

Anne passa a mão em uma lágrima que rolara em seu rosto.

- Não fica assim Anne. Não gosto de te ver desse jeito.
- E que jeito você quer que eu fique? Por que a felicidade foge de mim Sophie?
- Que absurdo Anne! A felicidade não foge de você.
- Então sou eu que fujo dela.
- Nem uma coisa nem outra Anne. Não fala mais isso.
- Acho que se não fosse por você, eu... eu já teria feito uma besteira.
- O quê! Do que você está falando?
- Isso mesmo que ouviu. Eu só tenho forças pra viver por você, por que você me dá essa força pra continuar. Eu só tenho você e Susan. Pensa bem... minha vida é um desastre desde que nasci. Minha mãe morreu por minha causa...

Sophie a interrompe brava.

- Nunca mais diga uma besteira dessas, tá me ouvindo?
- Não é besteira. Minha mãe morreu quando nasci, meu pai eu não conheço e nem sei se tá vivo, fui criada por um monstro, meu grande amor me odeia e até o meu filho não quis ficar dentro de mim.
- Para com isso Anne! Que absurdo acabou de dizer! Se continuar falando essas coisas eu vou me aborrecer de verdade com você.

Anne começou a chorar.

- Eu sei que tudo que tá acontecendo com você é horrível, mas precisa tentar esquecer.
- Como esquecer Sophie? Eu tava tão feliz que ia ser mãe... e apesar da mágoa e do ressentimento eu ainda amo aquele imbecil. (diz ela chorando)
- Quer saber, eu vou falar com o Sr. Evans agora mesmo. Você espera aqui. Não está em condições de fazer nenhuma pergunta. Agora tenta se acalmar, eu já volto.

Sophie vai até a recepção.

- Boa noite Sr. Evans!
- Boa noite Srta. Marks! Posso ajudar em alguma coisa?
- Sim Sr. O Sr. conhece Joshua Morrison o ex namorado de Anne?
- Sim. Me lembro dele muito bem.
- Ótimo! Então com certeza o Sr. o deve ter visto aqui há uns três dias atrás à noite, não viu?
- Não. Ele não teve aqui no Hotel.
- Teve sim.
- Tem certeza Srta.?
- Absoluta.
- Bem... se ele entrou no Hotel, não foi por aqui que ele passou, se não eu o teria visto.
- Talvez o Sr. tenha se distraído.
- Não Srta. eu tenho certeza que ele não passou por aqui.
- Então por onde será que ele entrou? (pergunta Sophie)
- Eu não sei.
- O Sr. sabe que a entrada dele tá proibida aqui?
- O Sr. Wilkinson me disse que se eu o visse era pra chamar os seguranças. É por isso que eu tenho certeza que ele não passou por aqui. E se ele tá proibido de entrar aqui, como poderia ter passado pelos seguranças?
- Isso é o que eu vou descobrir. (diz Sophie)
- Se eu puder ajudar em alguma coisa é só pedir.
- Obrigada!

Sophie volta pro restaurante.

- E aí Sophie, o que descobriu?
- Continuamos na mesma Anne. O Sr. Evans tem certeza que o Morrison não passou pelo saguão.
- Que droga! Não é possível que ninguém o tenha visto. (diz Anne)
- Meu Deus! como eu não pensei nisso antes? (diz Sophie)
- No que Sophie?
- Nas câmeras!
- O que?
- As câmeras de segurança do Hotel. Com certeza o Morrison aparece em alguma. (diz Sophie)
- Tem razão. Mas como faríamos para ver as imagens?
- Esse é o problema. (diz Sophie)
- E se pedirmos pro meu tutor?
- Não. De jeito nenhum. Eu não sei por que, mas tenho a sensação de que ele tem alguma coisa a ver com a entrada do Morrison aqui.
- Não Sophie. Ele mesmo proibiu a entrada do Josh aqui. Por que de repente o deixaria entrar? Ele não faria isso, ou faria?
- Você duvida? Anne, o seu tutor não presta. Eu pelo menos não espero nada de bom da parte dele. Agora se você espera...
- Não, eu não. Mas ele me defendeu do Josh na véspera de Ano Novo e salvou sua vida.
- É, aquele dia foi uma exceção. Até hoje eu não entendo aquele ato de bondade. (diz Sophie)

Elas que haviam terminado de jantar, se levantam e passam pelo saguão. Quando estavam subindo as escadas, o Sr. Wilkinson vinha descendo. Ele para num degrau acima do que elas estavam e pergunta:

- A Srta. está bem?
- Sim. (diz Anne)

Ele olha pra Sophie com cara de desgosto e pergunta:

- Vai dormir aqui Srta. Marks?
- Vou. Por quê? Não posso?
- Sempre com uma resposta ou pergunta desaforada na ponta da língua, não é mesmo?

Sophie o encara e diz:

- Só que minhas respostas ou perguntas desaforadas não passam de palavras, portanto não prejudicam ninguém. Já o Sr. ...
- O que está insinuando sua atrevida?
- Não estou insinuando, estou afirmando.
- Sophie. (diz Anne)

Sophie continua o encarando.

- É muita petulância da Srta. Não sabe do que sou capaz.

Sophie sobe no mesmo degrau em que ele estava e fica cara a cara com ele e diz desafiadora:

- Está enganado Sr. Sei muito bem do que é capaz e quando eu descobrir a verdade, se dará mal, muito mal.
- Que atrevimento! Do que está falando? (pergunta ele segurando com força nos braços dela)
- Parem com isso, por favor! (diz Anne)
- Está me machucando. (diz Sophie por entre os dentes)

Ele aperta ainda mais os braços dela e aproxima seu rosto ficando há poucos centímetros do dela. Ele apenas a encarava com o olhar firme.

- Me solte ou eu grito.

O rosto dele estava quase colado ao dela. Quando ela falou, ele desceu os olhos para os lábios rosados dela e depois tornou a encarar os olhos castanhos claros de Sophie. Nesse momento ele não pode deixar de reparar que os castanhos dos olhos dela tinham uma leve mistura quase imperceptível de verde.

- O que tanto olha? (sussurra ela encarando os olhos também castanhos dele)
- Eu a desprezo! (diz ele por entre os dentes)
- Então por que salvou minha vida?

Nesse momento ele a solta e se afasta ainda a encarando.

- Não sabe como me arrependo de ter feito isso. Devia tê-la deixado morrer. Estaria fazendo um favor para a humanidade.
- Sr. (diz Anne)

Sophie não pode conter as lágrimas.

- A Srta. chora? Não sabe como estou surpreso. (diz ele levantando as duas sobrancelhas)

Sophie não responde nada. Ele desce as escadas esbarrando no ombro de Anne quase a derrubando.

- Sophie, me desculpe pelas grosserias dele.

Sophie seca as lágrimas e diz:

- Não precisa se desculpar. Eu nunca vou me perdoar por ter chorado na frente dele. Foi humilhante.
- Eu sei como se sente. Eu odeio esse poder que ele tem pra humilhar as pessoas. Mas não fica assim. Não quero vê-la triste.
- Não estou triste, estou com ódio. Eu o odeio! Não sei como o tem suportado por tantos anos.
- Ignore-o! finja que ele não existe.
- É o que vou fazer. (diz Sophie)

Elas sobem as escadas e seguem para o quarto.

O Sr. Wilkinson entra em seu escritório batendo a porta com força. Ele vai até a mesa, apóia as mãos sobre ela e depois dá um tapa em um porta retrato que estava sobre a mesa derrubando-o.

- Insolente! Arrogante! Atrevida!

Ele tenta se acalmar respirando fundo e se abaixa pra pegar o porta retrato e o coloca de volta sobre a mesa.

- Por que o simples fato de sua presença me deixa fora de controle? Não sabe como a odeio!

Anne e Sophie já estavam deitadas pra dormir.

Já de madrugada em seu quarto, o Sr. Wilkinson acorda assustado e ofegante. Ele se senta e coloca o travesseiro as suas costas se encostando nele.

- Mas que droga de sonho foi esse? (resmunga ele passando a mão pelo rosto e depois nos cabelos)

No sonho ele estava em seu escritório e de repente Sophie entra lhe dizendo uns desaforos. Ele que estava sentado em sua cadeira atrás da mesa se levanta e vai até ela. Como havia feito na escada, ele pega com força nos braços dela. Ela dizia pra ele a soltar, mas ele apertava ainda mais. De repente ele a encosta na parede e aproxima seu rosto ao dela e diz:

- Seus olhos tem uma leve mistura de verde.

Sophie dá um sorriso e segura o rosto dele com as duas mãos e o beija. Depois do beijo ele acordou.

- Fedelha insolente! Como se atreve a fazer parte do meu sonho? Sonho não, pesadelo. Preferia ter sonhado com o beijo de um lobisomem. O que não vem a ser tão diferente assim de sua espécie. (diz ele fazendo uma careta franzindo a testa)
- Já vi que vai ser difícil pegar no sono novamente.

Ele pega o travesseiro, bate um pouco nele ajeitando-o e se deita.

Já de manhã Anne e Sophie resolvem tomar café no quarto. Sophie põe a mão na boca pra falar já que estava mastigando um pedaço de torrada.

- Eu não sei como fazer pra vermos as imagens das câmeras. (ela engole a torrada e bebe um pouco de suco de maracujá)
- Temos que ver essas imagens o quanto antes Anne.
- Eu sei. Mas não vão deixar a gente olhar. Tem certeza que não quer que eu peça ajuda ao meu tutor?
- Nem pensar. Ainda mais depois de ontem. Acha mesmo que ele nos ajudaria?
- Não. Então como vamos fazer?
- Preciso pensar em algo que dê certo. Chega de confusões e problemas pra você com O Sr. Wilkinson. (diz Sophie)

Anne a olha franzindo a testa.

- O que foi? (pergunta Sophie)
- Você o chamou de Sr. Wilkinson.
- Chamei?
- Hum hum. O que aconteceu com crocodilo velho?
- Saiu sem querer. Sabe que eu nem percebi. Mas não seja por isso, não quero causar problemas pra você com o crocodilo velho.
- Bem melhor assim. (diz Anne rindo)
- Também acho. (diz Sophie também rindo)

De repente Anne tira o sorriso dos lábios e abaixa a cabeça.

- Você tá triste por causa dele, não é?
- Sim. (diz Anne dando um suspiro carregado de tristeza e mágoa)
- Se você conseguir provar pro Johnny que não teve nada com o Morrison e ele te pedir perdão, você vai perdoar?
- Eu não sei. (diz Anne)
- Se seu coração mandar perdoá-lo, perdoe. Independente de mim.
- Por que independente de você? Se ele lhe pedir perdão, não o perdoará? (pergunta Anne)
- Não consigo Anne. Eu tinha tanto respeito e carinho por ele... mas depois do que me disse... me desculpe, mas eu realmente não conseguiria.
- Eu entendo. To sentindo tanta raiva dele também. Ele me fez perder o nosso filho.
- Quando ele tiver a certeza de que o filho realmente era dele, não se perdoará, pode acreditar. (diz Sophie)

Elas estavam tomando café com a bandeja sobre a cama. Terminado o café, Anne pega a bandeja e a leva para a sala colocando-a sobre a mesa. Anne volta pra suíte e entra no banheiro pra escovar os dentes. Sophie já havia escovado os seus e estava sentada no sofá da sala. Anne sai do banheiro e se senta ao lado de Sophie.

- Anne, você conhece o pessoal que fica na sala de vídeos?
- Não. Nunca entrei lá.
- Mas você sabe onde fica?
- Sei. Fica no penúltimo andar.
- Temos que ir até lá. (diz Sophie)
- Você não tá pensando em chegar lá, bater na porta e simplesmente perguntar: será que dá pra eu dar uma olhadinha em umas imagens gravadas há uns quarto dias atrás? (diz Anne)
- É claro que não Anne. (diz Sophie rindo)
- Eu não sei como, mas vou tentar distrair o homem que está lá, bem... suponho que seja homem. Aliás, espero que seja homem, há, há, há...

Anne balança a cabeça rindo.

- Eu o distraio enquanto você entra e verifica os vídeos.
- Ficou louca? Não vai dar certo Sophie. E se tiver mais de uma pessoa lá? Como distrairia todos?
- Tem razão. E o que me sugere?
- Sinto muito, mas não me passa nada pela cabeça. (diz Anne)
- Então vamos pelo menos descobrir quantas pessoas tem lá. (diz Sophie)
- Como?
- Indo até lá.
- Não to gostando dessa idéia Sophie.
- Pois eu to adorando essa adrenalina por estar investigando algo.
- Sophie, você não precisa investigar nada pra ter adrenalina. Você é a própria adrenalina.

Sophie deu uma bela gargalhada. Ela se levanta e puxa Anne pela mão fazendo-a se levantar bem desanimada.

- Vamos Anne. Até que vai ser divertido.
- Divertido? Já to ficando com dor de barriga.
- Deixa de ser medrosa Anne.
- Tudo bem. Seja o que Deus quiser! (diz Anne)

Elas saem do quarto e vão até o penúltimo andar. Elas andam alguns corredores e param na frente da porta da sala de vídeos. A porta tem um pequeno vidro fumê ao qual Sophie tentava olhar por ele pra dentro da sala, mas não enxergava nada. Havia apenas um rapaz lá. Moreno, alto, olhos verdes e de 23 anos. Ele observava todo o Hotel pelas câmeras. De repente ele olha para o monitor que mostrava o corredor da sala em que estava e vê Anne e Sophie parada em frente a porta. Ele que estava sentado de costas para a porta, olha pra trás e vê o rosto de Sophie tentando olhar pelo vidro pra dentro da sala. Ele dá um sorriso e balança a cabeça. O rapaz se levanta e vai até a porta. Como Sophie estava com as mãos apoiadas na porta colocando todo o peso de seu corpo nela e sua testa estava encostada no vidro, quando ele abriu a porta, ela despencou pra dentro da sala e ele a segurou. Ele a solta e pergunta:

- O que estão fazendo aqui?
- Bem... é... eu... quer dizer, nós... (tenta explicar Sophie)
- Já estávamos de saída. (diz Anne puxando Sophie pelo pulso)
- Esperem!

O rapaz sai de dentro da sala e para na frente delas impedindo-as de passar. Anne o olha assustada. Ele sorri e diz:

- Não precisa me olhar assim. Eu não sou nenhum Serial Killer.

Anne e Sophie se olharam e sorriram.

- Eu já vi muito a cara das Srtas. pelo Hotel. Como se chamam?
- Sophie Marks. (Sophie estende a mão para cumprimentá-lo)
- Richard Carter. (ele cumprimenta Sophie)
- E a Srta.? (ele estende a mão pra Anne)
- Anne Dawson. (Anne o cumprimenta)
- Então... o que fazem aqui?
- Só estávamos curiosas pra saber como é a sala de vídeos. (diz Sophie)
- Mas não é permitida a entrada de hospedes nesta sala.
- Não somos hospedes. Eu venho sempre aqui pra visitar Anne que mora aqui.
- É, a Srta. eu vejo mais do que ela. (diz ele pra Anne)
- Anda me espiando pelas câmeras por acaso? (pergunta Anne com os braços cruzados)

Ele ri e diz:

- Não, claro que não. Mas como eu disse, não é permitida a entrada de quem não é funcionário.
- Que pena! (diz Sophie)
- É melhor a gente ir Sophie. (diz Anne puxando Sophie novamente)
- Foi um prazer Sr. Carter! (diz Anne se afastando com Sophie)
- Pode me chamar de Richard.

Anne apenas dá um sorriso e balança a cabeça em afirmação.

- Acho que ele gostou de você. (sussurra Sophie)
- Fala sério Sophie!
- Tive uma idéia! Se prepara pra entrar na sala e procurar o vídeo. (sussurra Sophie)
- O quê! (diz Anne)

Richard ainda estava parado no corredor olhando-as se afastar cada vez mais, então de repente Sophie vai ao chão num falso desmaio, mas Anne não sabia que era de mentira e ficou assustada. Richard que havia visto corre até elas. Ele se ajoelha e toca no rosto de Sophie.

- Srta. acorda!
- Sophie... (Anne a chama preocupada)

Anne estava de pé, Richard a olha e diz:

- É melhor ir buscar álcool pra fazê-la acordar.

Sophie sabia que ele não a estava olhando já que estava falando com Anne, então aproveitou e abriu os olhos e deu uma piscadinha pra Anne e voltou a fechar os olhos. Anne fez uma cara de surpresa abrindo a boca quando Sophie a olhou e Richard perguntou virando o rosto para olhar pra Sophie:

- O que houve?
- Hã... é... nada não. (diz Anne tentando disfarçar)
- Então, vai ou não buscar o álcool? (pergunta ele)
- Bem... é que... não é melhor levá-la ao meu quarto?
- Eu não posso sair daqui.
- Eu fico tomando conta da sala pra você. Meu quarto está destrancado, é só você entrar e colocá-la na cama, aí quando você voltar eu vou pra lá.
- De jeito nenhum. Eu já disse que só funcionários podem entrar. Se o abominável homem das neves descobrir, serei demitido.
- A quem se refere?
- Ao gerente do Hotel. (diz ele)

Anne riu com gosto.

Sophie não aguentou e acabou estragando a farsa com uma gargalhada. Richard olhou surpreso pra Sophie.

- Você não estava desmaiada?
- Não. Me desculpe! (diz ela ainda rindo)

Richard ajuda Sophie a se levantar.

- Podem me explicar o que está acontecendo? Que brincadeira de mal gosto foi essa?
- Eu realmente fingi que desmaiei, mas depois eu explico o porquê. O problema é que eu não consegui segurar o riso quando você chamou o tutor de Anne de abominável homem das neves. (Sophie tava as gargalhadas)
- O seu o quê? (pergunta Richard pra Anne)
- Tutor.
- Droga! Me desculpe! Eu não sabia. Eu não quis...
- Não se preocupe. (diz Anne rindo)

Sophie ria ainda mais pela cara que Richard fez ao saber que o Sr. Wilkinson é tutor de Anne.

- Não precisa ficar desse jeito. (diz Anne)
- Como não Srta.? eu faltei com respeito ao seu tutor.
- Então pra que você se sinta melhor, vou lhe dizer uma coisa. Sabe como Sophie chama o meu tutor?
- Como? (pergunta ele olhando pra Sophie)
- Croc... crocod... (Sophie ria tanto que não conseguia dizer)
- Croc o quê?
- Crocodilo velho. (diz Anne)

Richard começou a rir.

- Eu não disse que você ia se sentir melhor?
- Não fica aborrecida que o chamem assim?
- Se ele fosse seu tutor, você também não ficaria aborrecido. Pode ter certeza. (diz Anne)
- Imagino que ele também seja estúpido com a Srta., não é?
- Se fosse só estupidez que ele fizesse era bom. (diz Sophie)
- Como assim?
- Deixa pra lá. A gente acabou de se conhecer, mas já deu pra perceber que você também não o suporta, não é? (pergunta Sophie)
- Bem... (diz ele olhando pra Anne meio constrangido)
- Richard, quer dizer... Sr. Carter. (diz Anne)
- Eu já disse que pode me chamar de Richard.
- Então em chame de Anne.
- Ok.

Sophie olhava pros dois com um sorriso contido.

- Se eu te pedir um enorme favor, você faria? (pergunta Anne)
- Se estiver ao meu alcance. (diz ele)
- É que eu preciso muito, muito mesmo... (Anne olha pra Sophie e depois torna a olhá-lo)
- Precisa de quê?
- Preciso ver umas imagens gravadas pelas câmeras há quatro dias. É muito importante pra mim. Se não fosse eu juro que não pediria.
- Eu não posso fazer isso. Me desculpe! Como eu já disse, se o Sr. Wilkinson descobrir serei demitido.
- Richard, por favor! Eu sei que acabamos de nos conhecer e nem somos amigos pra que me faça um favor desses, mas... eu juro que é muito importante e muito sério. (diz Anne pegando nas mãos dele fazendo o coração dele saltar)

Ele olha pras mãos e depois pra Anne, então ela solta as mãos dele.

- Por favor! (diz ela já com lágrimas)

Ele se aproxima dela e seca-lhe as lágrimas com o polegar. Ela se afasta dele e abaixa a cabeça. Sophie continuava apenas observando os dois.

- Pra você estar chorando é porque deve ser muito sério mesmo.
- Põe sério nisso. (diz Sophie)
- Tudo bem. Só espero que eu não me arrependa.
- Obrigada! (diz Anne)
- Ah e quanto a não sermos amigos, é o de menos porque podemos ser. A não ser que você não queira.
- Já me sinto sua amiga. (diz Anne)
- Que bom. (diz ele)
- Por que tão sempre me excluindo das coisas hein? Eu também quero ser sua amiga. (diz Sophie fazendo Richard e Anne rirem)
- Acha que eu não ia querer ser seu amigo depois de descobrir que temos algo em comum? (pergunta Richard)
- Como assim? (pergunta Sophie)
- Ué. A nossa criatividade para dar apelidos ao tutor de Anne. Você tem o mesmo senso de humor que eu.
- É verdade. (diz Sophie rindo)

Richard deixa Anne e Sophie entrarem na sala e entra logo em seguida fechando a porta.

- Nossa, aqui é mais frio do que qualquer outra parte do Hotel. (diz Sophie abraçando o próprio corpo)
- Então, o que exatamente querem ver e de que parte do Hotel?
- Bom... é que um rapaz que está proibido de entrar aqui no Hotel, conseguiu entrar há uns quatro dias à noite e acabou completamente com a minha vida. Eu preciso saber por onde ele entrou por que ninguém o viu. Imagino que ele deve aparecer em algum momento no vídeo.

Richard a olha e pergunta:

- O que ele lhe fez?
- Eu não quero falar sobre isso agora, me desculpe! Mas eu prometo que te conto depois.
- Tudo bem. Eu é que peço desculpas. Por qual imagem gostaria de começar a ver?
- Acho que é melhor pelas imagens do saguão. (diz Anne)
- Ok.

Richard coloca o vídeo com as imagens já da parte da noite. Anne e Sophie olham atentas as imagens de cada rapaz que passava pelo saguão, mas não viram Josh. Bem... pelo menos elas não o reconheceram. Passaram e repassaram as imagens e nada.

- Que tal se a gente olhar as imagens do corredor do quarto de Anne? As câmeras devem ter filmado o momento em que ele entrou no quarto de Anne. (diz Sophie)
- Ok. (diz Richard)

Ele coloca o vídeo e elas vêem o momento em que o Sr. Wilkinson saiu do quarto. Depois finalmente vêem um rapaz entrando no quarto com uma garrafa e um copo na mão.

- Ei, mas esse não é o Richard. Pelo menos não se parece com ele. (diz Sophie)
- Volta a imagem Richard. (diz Anne)

Ele volta a imagem e paralisa.

- É claro que é ele Sophie. Nenhum estranho entrou no meu quarto. Não reparou? Ele tá disfarçado, isso é uma peruca. Sem contar que ele tá com a garrafa de uísque.
- Esse rapaz aparece nas imagens do saguão que a gente acabou de ver. (diz Richard)
- Coloca as imagens do saguão de novo. (diz Sophie)

Quando Josh entra no Hotel Richard paralisa a imagem.

- É ele sim. Como eu não percebi? Deixa a imagem rolar Richard. (diz Anne)
- Foi por isso que os seguranças não o reconheceram. (diz Sophie)

Eles ficam olhando a imagem de Josh e Anne franzi a testa quando vê ele tomando outro rumo antes de ir ao seu quarto.

- Espera! Paralisa. (diz Anne)
- O que foi? (pergunta Richard)
- Ele não foi direto pro meu quarto.
- Ué e pra onde será que ele foi? (pergunta Sophie)
- Pega outro vídeo Richard. (diz Anne)
- E de que parte do Hotel seria? (pergunta ele)
- Eu tenho uma suspeita pela direção que ele tomou. (diz Anne)
- Anne, você não tá pensando o mesmo que eu, está? (pergunta Sophie)
- Estou sim Sophie. Tomara que eu esteja errada.
- Richard pega o vídeo que tem as imagens do corredor onde fica o escritório do meu tutor.

Ele coloca o vídeo e antes de amostrar as imagens Anne diz:
- Espera! Eu não sei se to preparada pra ver isso.
- Anne, já chegamos até aqui, agora não pode desistir. (diz Sophie)
- Tudo bem. Pode ligar Richard.

Elas vêem Josh parado à porta do escritório do Sr. Wilkinson e o próprio abrindo a porta para que Josh entrasse.
- Oh meu Deus! (diz Anne chorando)
- Calma Anne! (diz Sophie)
- O que Josh queria com ele?
- A pergunta não é o que o Morrison queria com seu tutor e sim o que seu tutor queria com o Morrison. (diz Sophie)
- Quer continuar vendo? (pergunta Richard)
- Sim. (diz Anne)
- Não to entendendo nada, mas não parece ser coisa boa, não é mesmo? (pergunta Richard)
- E não é mesmo Richard. Não era pro Morrison estar no escritório do crocodilo velho. Ele mesmo proibiu a entrada do Morrison aqui no Hotel e de repente o recebe em seu escritório. (diz Sophie)

A pedido de Anne Richard acelera as imagens e elas vêem um garçom bater à porta do escritório com um copo de suco em uma bandeja. O Sr. Wilkinson abre a porta e recebe o suco fechando a porta em seguida.
- É o suco que ele levou pra mim. Por que recebeu o suco enquanto Josh ainda estava lá?
- Tenho medo até de pensar Anne. (diz Sophie)

Richard acelera um pouco mais as imagens e elas vêem o momento em que o Sr. Wilkinson sai do escritório com o suco.

- Ele tá indo levar o suco pra mim. Mas por que o Josh continuou no escritório?
- Acelera mais um pouco Richard. (diz Anne)

Depois que ele faz isso aparece a imagem do Sr. Wilkinson voltando e entrando no escritório.

- Você disse que não lembra de nada depois que bebeu o suco, não é mesmo? (pergunta Sophie)
- Sim.
- Tá explicado Anne! Ele colocou alguma coisa em seu suco pra você dormir. Ele dopou você.
- Não Sophie. Ele não faria isso comigo. (diz Anne chorando)

Depois de uns minutos Josh sai do escritório com a garrafa de uísque e um copo.

- Anne, a garrafa que ele levou pro seu quarto saiu do escritório do seu tutor. Eles armaram tudo pra você. Eles armaram pra separar você do Johnny.

Anne estava aos prantos e saiu correndo da sala de vídeos.

- Anne, espera! (diz Sophie)
- Obrigada por tudo Richard. Depois a gente se fala. Eu preciso ir atrás dela.
- Tudo bem. (diz ele)

Sophie se retira da sala e vai atrás de Anne.

- O que será que aconteceu de tão ruim? (pergunta Richard pra si mesmo)

Richard observava Anne pelas câmeras e a vê chegando ao escritório do Sr. Wilkinson. Anne bate na porta com força e quando ele abre, ela entra empurrando-o para que saísse de sua frente. O Sr. Wilkinson fecha a porta e pergunta:

- Que modos são esses Dawson?

O rosto de Anne estava em brasas pelo ódio que estava sentindo e não conseguia parar de chorar.

- O que houve? O gato comeu sua língua?

Ela vai até ele e lhe dá um tapa na cara. Dessa vez ele não foi rápido o suficiente para detê-la.

- MISERÁVEL! (grita ela)

Ele a segura com força nos braços e a empurra contra a parede com muita força e pergunta furioso:

- Como se atreveu a me bater? Quem lhe deu o direito encostar a MÃO EM MIMMM...? (ele grita na cara dela)

Sophie imaginando pra onde Anne teria ido abre a porta do escritório e entra batendo-a atrás de si e grita:

- SOLTE-A SEU MONSTRO!

O Sr. Wilkinson olha pra Sophie ainda prendendo Anne contra a parede e diz:

- Não se meta!
- SOLTE-A! (grita ela mais uma vez e puxando o braço dele)

Numa atitude brusca o Sr. Wilkinson solta o braço de Anne e dá um tapa na cara de Sophie com as costas da mão fazendo-a cair.

- Meu Deus! sophie!

Sophie estava caída ao chão chorando. Ele solta Anne por completo e vai até Sophie. Ele a levanta puxando-a com força pelos braços. Depois sacode o corpo dela dizendo:

- Eu já disse pra não se meter no que não é da sua conta!
- Seu monstro! (diz Sophie aos prantos)

Ele estava tão próximo dela que não pode evitar de se lembrar do sonho. A cena parecia igual exceto pelo beijo. Ele a segurando pelos braços com força, ela o insultando... ele aproxima seu rosto ainda mais do dela observando as lágrimas que rolavam e a marca vermelha de sua mão no lado esquerdo do lindo e delicado rosto de Sophie. Ele olha dentro dos olhos dela e vê raiva e medo. Ele fecha os olhos apertando-os com força franzindo a testa e a solta. Anne vai pra junto de Sophie e as duas ficam segurando as mãos uma da outra. Ele dá as costas pra elas e diz pausadamente:

- Saiam daqui.
- Não. O Sr. tem muito o que me explicar. (diz Anne)

Ele se vira para encará-la e dá um passo na direção dela. Sophie fica na frente de Anne e diz:

- Não vou deixar que chegue perto dela!

Ele fica a poucos centímetros do corpo de Sophie e a observa com um leve sorriso debochado nos lábios.

- Do que está rindo? (pergunta Sophie)

Ele cola seu rosto ao rosto de Sophie e sussurra no ouvido dela:

- Não tem mesmo medo do perigo, não é?

Seus lábios roçaram no ouvido dela ao falar. Sophie não pode evitar que seu coração acelerasse ao sentir a respiração dele no seu ouvido. Ele se afasta dela e continua a observando. Sophie abaixa a cabeça não conseguindo mais encará-lo. Anne o olha e diz:

- Eu descobri tudo.

Amores em Conflito!Onde histórias criam vida. Descubra agora