Capítulo 75

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- Tomara que ela realmente esteja bem. (diz Johnny)

Orlando estava tão perdido em seus pensamentos que não ouviu Johnny falar. Orlando estava com a cabeça recostada no encosto do banco com o olhar perdido pra fora da janela.

- Orlando.

Ouvindo Johnny o chamar, ele vira a cabeça para olhá-lo.

- Hum. (diz Orlando)
- Você está bem? (pergunta Johnny)
- Não. (diz ele tornando a olhar pela janela não conseguindo evitar algumas lágrimas)
- O que você está sentindo?
- Uma angustia no peito. Eu to tão arrependido pelo que aconteceu comigo e com Gisele. Eu recriminei tanto o canalha do Morrison por ter traído Anne na época e eu fiz a mesma coisa com Sophie.
- Não se compare àquele canalha. (diz Johnny)
- Eu devia ter tentado resistir, mas não consegui.
- Não fique se martirizando.
- Como não Johnny? O meu namoro está por um fio e depois disso afundará de vez.
Sophie vai me odiar pelo resto da vida. A menos que...

- A menos que o quê?
- Que ela não saiba, nunca.
- Você tá pensando em não contar pra Sophie?
- Se ela não souber não irá sofrer, não irá me odiar e talvez eu consiga salvar o meu namoro.
- Orlando, isso não seria justo com ela. Você precisa ser sincero. Esconder a verdade só irá piorar as coisas. Vai que um dia ela descobre... mentiras tem pernas curtas. Além de não perdoar a traição ela também não perdoará você não ter dito a verdade. Você me ajudou a desmascarar o Morrison pra Anne não ficar sendo enganada e agora quer que Sophie fique sendo enganada?
- Sophie não ficará sendo enganada! Eu não vou ficar traindo-a. Essa foi a primeira e única vez.
- Me desculpe! Não foi o que eu quis dizer!
- Tudo bem. Mas eu to pensando seriamente em não contar.
- Você que sabe. (diz Johnny)

Depois de uns minutos Johnny para o carro em frente ao hospital. Ele e Orlando entram e se aproximam do balcão da recepção.

- Bom dia! (diz Johnny)
- Bom dia! (diz a recepcionista com ar de surpresa ao ver Johnny Depp e Orlando Bloom)
- Eu gostaria de saber em que quarto está a paciente Gisele Novack. (diz Johnny)
- A Srta. Novack está no segundo quarto à direita naquele corredor ali. (indica a recepcionista)
- Obrigado!
- De nada Sr. Depp!

Johnny e Orlando seguem para o corredor e quando estavam quase próximos da porta do quarto, o médico que está cuidando de Gisele sai do mesmo. Johnny e Orlando se aproximam dele.

- Bom dia Dr. ... (diz Johnny)
- Cruz. Ulisses Cruz! Bom dia Sr. Depp! (o médico o cumprimenta)
- Bom dia! (diz Orlando)
- Bom dia Sr. Bloom!
- Então Dr., como ela está? (pergunta Johnny)
- Está bem. Ainda sente algumas dores no corpo e na cabeça onde recebeu a pancada, mas no geral está bem.
- Nós podemos vê-la? (pergunta Johnny)
- Claro. Ela está acordada, podem entrar. Eu só peço que não demorem, ela precisa descansar, me desculpem!
- Não precisa se desculpar! Obrigado! (diz Johnny)

O médico se retira e quando Johnny estava prestes a abrir a porta do quarto, Orlando o impediu.

- O que foi? (pergunta Johnny)
- É melhor você entrar sozinho.
- Por quê?
- E se ela não quiser me ver?
- Que bobagem Orlando.
- Não é bobagem. Me faz um favor... entra primeiro e pergunta se eu posso entrar.
- Você tá parecendo um adolescente Orlando. (diz Johnny sorrindo)
- Por favor Johnny!
- Ok.

Johnny dá uma batidinha de leve na porta e abre. Apenas com a porta entreaberta ele vê Gisele deitada com soro no braço e um curativo na testa.

- John! Entra.

Johnny entra e fecha a porta. Orlando fica do lado de fora encostado na parede ao lado da porta.

- Que loucura foi essa Gi? (pergunta ele se aproximando de Gisele e dando um beijo na testa dela)
- Eu estou bem John, não se preocupe!
- Como não me preocupar? Como foi que isso aconteceu?
Ah e antes que eu me esqueça, Judith lhe desejou melhoras.
- Obrigada!
- Orlando não veio?
- Veio, está no corredor. Ele me pediu pra entrar primeiro e perguntar pra você se ele pode entrar.
- Como assim me perguntar se ele pode entrar? Por que não poderia?
- Bem... é que depois do que aconteceu entre vocês ele...
- Você já sabe o que aconteceu? (pergunta ela constrangida)
- Sim, ele me contou. Mas eu já sabia. Assim que entrei no quarto pra ver se ele estava bem depois que você foi embora, eu desconfiei por causa de algumas... evidências.
- Que evidências?
- Marcas de unhas nas costas dele. (diz Johnny com um sorrisinho fechado)

Gisele ficou completamente enrubescida.

- Isso não devia ter acontecido. Foi um erro, eu to muito arrependida John, eu juro!
- Você não precisa me dar satisfações Gi. A vida é sua você pode fazer o que quiser. Eu só não achei certo por ter acontecido com Orlando por ele ser comprometido. Mas ele é que deveria ter evitado.
- Não ponha a culpa só nele John. Eu também poderia ter evitado, até mesmo por que eu estava sóbria e ele não.
- Não o estou culpando, apenas não achei justo com Sophie.
- Não sabe como to me sentindo culpada. Ela já não vai com a minha cara e agora então, vai me odiar. E não tiro a razão dela.
- Talvez ela não fique sabendo. (diz Johnny)
- Orlando não vai contar pra ela?
- Acho que não.

De repente ficou um silêncio por alguns segundos, então Johnny diz:

- Obrigado pelo presente! (ele amostra o cordão no pescoço)
- De nada! (diz ela com um sorriso)
- Não vai mais sair daqui, eu prometo! (diz ele com um sorriso)

Gisele deu outro sorriso.

- Pede pro Orlando entrar.
- Ok.

Johnny abre a porta e diz:

- Orlando, ela pediu pra você entrar.

Orlando se desencosta da parede, respira fundo e entra. Depois de fechar a porta, ele se aproxima da cama meio sem jeito. Ele mal conseguia encará-la.

- Oi. (diz ele constrangido)
- Oi. (responde ela igualmente constrangida)
- Você tá bem? (pergunta Orlando)
- Sim apesar de ainda sentir um pouco de dor.
- Como foi que aconteceu? (pergunta Orlando)
- Eu estava dirigindo meio distraída, então acabei entrando na contra mão e me deparei com um caminhão bem na curva. Eu consegui desviar, mas eu perdi a direção e o carro rodou na pista e quando freei já estava em cima da mureta no acostamento. Como eu tava sem o cinto bati a testa no volante e desmaiei. Quando acordei já estava aqui no hospital.
- Meu Deus Gisele! (diz Orlando)
- Eu disse pra você passar a noite lá em casa, que era perigoso dirigir àquela hora sozinha. (diz Johnny)
- Eu não podia aceitar o convite. (diz Gisele fitando as próprias mãos)

Johnny e Orlando se olharam.

- To feliz por você estar bem. Bem... agora vou deixar vocês conversarem a sós. (diz Johnny)

Orlando o olha como se quisesse dizer: não faz isso, fica!

- Amanhã eu volto. (diz Johnny dando um beijo na testa dela)
- Amanhã? Você não vai voltar pra Los Angeles hoje? (pergunta Gisele)
- Não vou deixá-la sozinha. Quando você se recuperar voltaremos todos juntos. A não ser que Orlando queira voltar hoje sozinho. Você volta ou fica? (pergunta ele pra Orlando)
- Eu fico e volto com vocês.
- Acho que Anne e Sophie não vão gostar da idéia. (diz Gisele)
- Deixa que com Anne eu me entendo. (diz Johnny)

Gisele olhou pra Orlando que diz:

- Quanto a Sophie, pouco me importa o que vai achar.
- Que isso Orlando. (diz Johnny)
- Eu acho até que ela vai ficar feliz de se ver livre de mim por mais alguns dias.
- Não diz isso. No fundo você sabe que não é verdade. (diz Johnny)

Gisele voltara a fitar as próprias mãos.

- Agora eu vou deixá-los a sós. Te espero lá no carro.
- Ok. (diz Orlando)

Johnny sai do quarto e quando estava passando pela recepção vê um homem de terno e gravata conversando com o médico que está cuidando de Gisele.

- Sr. Depp. (o médico o chama ao avistá-lo)

Johnny se aproxima dos dois.

- Pois não. (diz Johnny)
- Esse aqui é o delegado Goldman. (diz o médico)
- Muito prazer! (diz Johnny estendendo a mão meio receoso)
- O prazer é meu Sr. Depp! (o delegado o cumprimenta)
- O Sr. Goldman veio pegar o depoimento da Srta. Novack sobre o acidente, já que ela está impossibilitada de ir até a delegacia. O Sr. que acabou de vir do quarto, pode me dizer se ela está em condições de falar sobre o assunto?
- Bem... eu acho que está sim. Orlando está lá com ela, eu gostaria de pedir se não for muito atrevimento de minha parte, para os Srs. esperarem eles conversarem, eles precisam de um tempinho a sós para resolverem um problema pessoal.
- Contanto que não demorem, eu espero. Não tenho muito tempo livre, na verdade não era nem pra eu estar aqui. (diz o delegado)
- Eu entendo, obrigado! Se me derem licença! (diz Johnny)
- A vontade Sr. Depp! (diz o médico)

O delegado apenas assentiu com a cabeça.

Johnny vai para o carro e espera por Orlando. No quarto Orlando e Gisele ficaram em silêncio durante esses minutos que ficaram a sós, então Gisele resolveu tocar no assunto.

- Então... John me disse que você tá pensando em não contar pra Sophie.
- Eu sinceramente não sei o que fazer. Eu quero te pedir desculpas pelo que aconteceu.
- Não se preocupe!
- Não está se sentindo... usada, está? (pergunta ele olhando pro chão)
- Não. Olha Orlando, eu... eu não quero que fique se sentindo culpado por que eu também poderia ter evitado.
- Obrigado, mas... é exatamente assim que estou me sentindo, não só por Sophie, mas por você também.
- Não se preocupe comigo meu bem.

Orlando deu um sorriso constrangido.

- Você já ligou pra Sophie?
- Não.
- Ela te ligou?
- Não.

Os dois deram um sorriso.

- Por que não vai contar pra ela o que aconteceu?
- Por que não quero perdê-la. Ela vai me odiar se ficar sabendo.
- Eu não entendo. (diz Gisele)
- O que você não entende?
- Você não quer perdê-la, mas suas atitudes são tão ríspidas com relação ao seu namoro. Quando você fala nela, você demonstra exatamente o contrário do que acabou de dizer.
- Eu sei. Eu sou louco por ela e realmente não quero perdê-la, mas eu to muito magoado com o modo que ela vem me tratando. Raros são os momentos em que a gente não briga. Quando eu a conheci ela não era assim. Sempre foi super carinhosa e dizia que me amava. Eu acho que em parte tenho culpa por ela não me amar como antes.
- Você acha que ela não o ama como antes?
- Tenho certeza!
- E por que acha que a culpa é sua?
- Por que na época eu gostava dela só como amiga, eu só prestava atenção em Anne e isso a magoava. Acho que me apaixonei por Sophie tarde demais. E ainda tem aquele miserável!
- Que miserável?

Antes que Orlando respondesse bateram na porta.

- Pode entrar. (diz Gisele)

O médico abre a porta e entra acompanhado do delegado.

- Me desculpe interromper! (diz o médico)
- Não se preocupe! (diz Gisele)
- Srta. Novack, este é o delegado Goldman. Ele veio pegar seu depoimento sobre o acidente.
- Tudo bem. (diz Gisele)
- Esse é o Sr. Bloom. (diz o médico apresentando-os)
- Muito prazer Sr. Bloom! (diz o delegado)
- O prazer é meu!
- O Sr. Depp pediu que eu esperasse vocês conversarem, mas eu sinceramente não posso demorar, me desculpe! (diz o delegado se aproximando da cama e estendendo a mão para Gisele que o cumprimenta)
- Não precisa se desculpar. (diz Gisele)
- A Srta. acha que está em condições de falar sobre o assunto?
- Sim Sr.
- Vou deixá-los a sós. Amanhã eu volto com Johnny.
- Ok meu bem. (diz Gisele com um sorriso)

Orlando retribuiu um sorriso meio constrangido e se retira seguido pelo médico.

- Como a Srta. está?
- Bem, na medida do possível. (diz com um sorriso)
- A Srta. teve sorte de estar viva. Um dos meus policiais disse que a batida foi grave e que a Srta. estava sem o cinto de segurança.
- Pois é, foi sorte sim.
- Eu peguei o depoimento do motorista do caminhão ontem mesmo. Ele disse que não teve culpa, que a Srta. invadiu a contra mão, mas que conseguiu desviar no último segundo e acabou batendo na mureta do acostamento. A Srta. confirma a versão dele?
- Sim Sr., foi exatamente isso que aconteceu. Ele realmente não teve culpa.
- De onde a Srta. estava vindo ou pra onde estava indo àquela hora da madrugada?
- Eu estava na festa de aniversário do John, quer dizer, Johnny...
- O Sr. Depp?
- Sim e eu tinha ido levar o Orlando...
- O Sr. Bloom?
- Sim, eu o levei pra casa do Johnny antes da festa acabar por que ele tinha bebido um pouquinho...
- E a Srta., bebeu?
- Sim, mas... foram apenas dois coquetéis e uma taça de champanhe, então...
- Tá explicado! (diz o delegado)
- Perdão, mas... com todo o respeito... o Sr. por acaso está insinuando que eu dirigi bêbada?
- E não foi?
- É claro que não! Posso continuar?
- À vontade!
- Eu deixei Orlando na casa do Johnny e quando eu estava indo pra minha casa aconteceu o acidente.
- Quanto tempo a Srta. ficou na casa do Sr. Depp? 
- Como assim? O que isso tem a ver?
- Se a Srta. demorou, pode ter bebido mais uns drinques na companhia do Sr. Bloom que já estava bêbado como a Srta. mesma disse.
- Eu não disse que ele estava bêbado... peraí... o Sr. veio aqui pra me fazer acusações?
- Não, mas estou no meu papel de fazer as perguntas que eu achar que são necessárias e modere o tom quando falar comigo Srta.!
- Perdão, mas o Sr. também não está sendo muito... gentil.
- Não estou aqui para fazer gentilezas e sim para esclarecer os fatos.
- Então do jeito que a coisa vai, acho que vou precisar chamar o meu advogado.
- Por que? precisa de defesa? Está se declarando culpada?
- Me declarando culpada? Culpada de que meu Deus?
- Por ter dirigido bêbada. Sabe que isso é uma infração gravíssima!
- Eu não dirigi bêbada! Quantas vezes vou ter que repetir? Isso é um absurdo!
- Acalme-se Srta.! Então qual foi o real motivo para a Srta. ter invadido a contra mão?
- Eu... não tem um motivo concreto... eu apenas me distraí.
- Se distraiu? (pergunta ele sarcástico) Com o que posso saber?
- Com meus pensamentos. Eu estava com os pensamentos longe e estava chorando...
- Chorando por causa de quê?
- É assunto pessoal. Eu fui secar as lágrimas que estavam embaçando os meus olhos e não percebi que estava entrando na contra mão.
- Deixa eu ver ser eu entendi... recapitulando do início. A Srta. estava numa festa, bebeu dois coquetéis e uma taça de champanhe, depois pegou o carro e levou o Sr. Bloom, que por sinal estava bêbado...
- Eu não... (Gisele o interrompe e também é interrompida)
- Não me interrompa! (diz o delegado)
- O levou pra casa do Sr. Depp, provavelmente bebeu algo a mais influenciada pelo Sr. Bloom...
- Eu não bebi! Pare de me fazer acusações!
- Eu já disse para moderar o modo ao falar comigo, ou terei que prendê-la por desacato a autoridade!
- O quê!
- E não me interrompa mais! Depois pegou o carro novamente e dirigiu sem o cinto de segurança, que por sinal é outra infração gravíssima...

Gisele fez menção para falar e o delegado fez um sinal com o dedo indicador impedindo-a de falar.

- Daí a Srta. fica perdida em seus pensamentos, começa a chorar e invade a contra mão podendo ter provocado um acidente maior, que teria mortes como conseqüências.
- Mais não aconteceu nenhuma morte. Apenas eu sofri o acidente.
- Quer dizer que não se importa de ter sofrido o acidente?
- Eu não disse isso.
- Ok, vamos acabar logo com isso. Vou pedir um exame de doping para saber se contém álcool em seu sangue, para termos certeza de que realmente não dirigiu bêbada e a Srta. será multada por ter dirigido sem o cinto.
- Não acredito no que estou ouvindo! (diz Gisele aborrecida)
- Bem... é só isso. Dependendo do resultado do exame de doping, talvez ainda nos encontraremos... na delegacia. Melhoras!

Gisele fica boquiaberta e abismada com o que ouvira.

O delegado sai do quarto e diz ao médico que vai mandar uma pessoa especializada da polícia para colher sangue de Gisele para o exame de doping. O médico disse que ele ficasse a vontade para fazer o que quisesse contanto que mantivesse em sigilo a estadia de Gisele lá para não causar tumulto no hospital com a presença de paparazzi. O delegado concordou.

A essa altura Johnny e Orlando já estão em casa.

- Sr. Depp, como está a Srta. Novack? (pergunta Judith)
- Graças a Deus ela está bem.
- Fico feliz! Os Srs. vão almoçar?
- Sim Judith, saímos sem tomar café, eu estou morrendo de fome.
- Eu também. (diz Orlando)
- O Sr. está melhor Sr. Bloom?
- Se refere à ressaca? (pergunta Orlando sorrindo)
- Sim. (diz ela também sorrindo)
- Estou melhor, obrigado!
- Que bom! Se precisarem de alguma coisa, é só pedirem. Dá licença, vou mandar servir o almoço.
- Obrigado Judith! (diz Johnny)

Os dois estão sentados no sofá da sala.

- Então... como foi sua conversa com Gisele?
- Não foi das piores. (diz Orlando com um sorriso) Já esclarecemos tudo, mas o clima entre nós dois está constrangedor. Ela disse pra eu não me sentir culpado, mas eu não consigo evitar a culpa, por ela e por Sophie.
- Você já decidiu se vai contar pra Sophie?
- Já. Não vou contar. Se você também não falar nada, ela nunca saberá.
- É claro que não vou contar.
- Ótimo! (diz Orlando)
- Mas você sabe que não é certo esconder a verdade.
- Não começa Johnny. Não to a fim de brigar com você de novo.
- Ok, não está mais aqui quem falou. Você já é bem grandinho pra saber o que é certo e o que é errado. E quanto a ligar pra ela?
- Também não vou ligar.
- Você é cabeça dura hein! Pois eu vou ligar pra Anne, preciso avisar que vamos ficar mais uns dois ou três dias.
- Ela não vai gostar nada. (diz Orlando)
- E Sophie menos por que pelo visto só vai ficar sabendo por Anne.
- Eu não me importo.
- Duvido! Eu sei que você tá louco pra ligar e se entender com ela.
- Tudo bem, eu admito! E to morrendo de saudades dela também.
- Então acaba logo com isso e liga.
- Ok, você venceu!
- É isso aí! (diz Johnny)

Orlando pega seu celular e liga pro celular de Sophie que só dava caixa postal.

- Só dá caixa postal.
- Pra que telefone você ligou? (pergunta Johnny)
- Pro celular dela.

Johnny começou a rir.

- Qual é a graça?
- Ela nunca vai atender. Esqueceu que o celular dela está comigo? Ele está dentro da gaveta da minha mesinha de cabeceira lá em Los Angeles. (diz Johnny ainda rindo)
- Eu realmente tinha esquecido. Mas você também hein... por que não devolve o celular?
- Ainda não. (diz Johnny rindo)

Orlando balançou a cabeça.

- Vou ligar pra casa dela.

Orlando liga pra casa de Sophie que está na sala vendo TV e atende o telefone.

- Alô! (diz Sophie)
- Oi! (diz Orlando receoso)
- Orlando! (diz ela surpresa)
- Está surpresa com meu telefonema?
- Não imagina o quanto! Por que não me ligou desde que chegou aí?
- Por que estava esperando você me ligar.
- Eu também estava esperando você me ligar. Eu tava muito ansiosa pra falar com você.
- Jura?
- Juro!
- Como você está? (pergunta ele)
- Bem e você?
- Com saudades!
- Eu também. Eu não te liguei por que estava com medo de você ainda estar aborrecido comigo.
- Eu também não te liguei pelo mesmo motivo.

Os dois sorriram.

- Eu quero te pedir desculpas! (diz Sophie)
- Eu também quero pedir desculpas!
- Ok, então vamos nos considerar desculpados. (diz Sophie)

Orlando riu.

- Ok. (diz ele)

Nesse momento Johnny resolveu provocar Sophie.

- Orlando, diz pra Sophie que estou mandando um beijo e que estou com saudades. (diz Johnny sorrindo)

Orlando riu.

- Do que você está rindo? (pergunta Sophie)
- É que Johnny te mandou um beijo e disse que tá com saudades.
- Manda ele se ferrar!
- Ela mandou você se ferrar. (diz Orlando rindo)

Johnny deu uma gargalhada.

- Me passa o celular. (sussurra Johnny)

Orlando lhe dá o celular e Johnny diz pra Sophie.

- Se você continuar sendo uma menina malcriada, não vai ganhar presente de aniversário semana que vem.
- Vai pra...

Johnny a interrompe.

- Olha a boca! Você é uma menina tão bonita e educada, não pode falar essas coisas. (diz ele rindo)
- Vá à merda! Vá se danar! Como se você fosse um poço de virtudes! Passa o telefone pro Orlando, agora!

Johnny tava as gargalhadas.

- Eu te adoro! (diz Johnny)
- Eu te odeio!
- Beijinhos minha linda!
- Vai tomar no...

Johnny afasta o telefone do ouvido e não ouve a frase completa. Ele devolve o telefone pra Orlando e sussurra:

- Ela tá muito puta!

Orlando balança a cabeça sorrindo.

- Você hein! (sussurra Orando pra Johnny)

Orlando volta a falar com Sophie.

- Sophie.
- Orlando, se esse filho da... se ele voltar a falar comigo eu vou descontar em você, tá me ouvindo?
- Calma Sophie! Ele não vai mais falar com você, ok!

Johnny não parava de rir. Orlando cobre o celular com a mão e sussurra sorrindo pra Johnny:

- Para Johnny!

Johnny levanta as duas mãos em rendição ainda rindo.

- Você volta hoje, não volta? (pergunta Sophie)
- Infelizmente não. (diz Orlando)
- Por quê?
- Gisele sofreu um acidente de carro e está no hospital.
- Meu Deus! Como ela está?
- Está bem, mas vai precisar ficar por mais uns dois ou três dias internada até se recuperar.
- Melhoras pra ela. Mas o que isso tem a ver com você não voltar hoje?
- É que Johnny resolveu ficar pra não deixar Gisele sozinha e eu também vou ficar.
- Anne não vai gostar disso.
- Não conta pra ela, Johnny vai ligar pra ela.
- Não vou contar, mas eu acho que você não precisa ficar, deixa Johnny aí, ele é que é o amigo dela.
- Eu também sou amigo dela, preciso prestar minha solidariedade.
- Pro raio que o parta com a solidariedade! Johnny que faça isso, você não.
- Não seja desumana Sophie. Gisele precisa de Johnny e de mim também, ela não pode ficar sozinha.
- Por que essa dedicação exagerada com ela?
- Não é dedicação exagerada, é amizade.
- Eu quero que ela se dane e que você volte hoje. Você tá pensando mais nela do que em mim.
- Não é verdade Sophie! É impressão minha ou você está com ciúmes?
- Por que a pergunta? Por acaso há algum motivo para eu ter ciúmes?

Orlando engoliu em seco.

- É claro que não. (diz ele)
- Acho bom! então... que horas você chega?
- Eu já disse que não vou hoje.
- Então vá à merda! (diz ela batendo o telefone na cara de Orlando)
- Vá à merda você! (diz ele se levantando e jogando o celular com força sobre o sofá)
- O que houve? (pergunta Johnny)
- O que você acha? Não gostou por eu não voltar hoje e bateu o telefone na minha cara. Era exatamente por isso que eu não queria ligar. Brigamos novamente e voltamos à estaca a zero.
- Acho bom você ligar logo pra Anne, antes que Sophie faça isso. Ela disse que não ia contar pra Anne que você não volta hoje, mas do jeito que ela está com raiva de nós dois, não sei não...
- Deus me livre! Vou fazer isso agora mesmo. Espero que Anne não tenha a mesma reação que Sophie.
- Boa sorte! (diz Orlando voltando a se sentar)

Johnny pega seu celular e liga pro de Anne.

- Oi amor! (diz Anne)
- Oi minha vida! Tudo bem por aí?
- Tudo. Como foi a festa?
- Foi maravilhosa! Só faltou você.
- Eu to morrendo de saudades Johnny.
- Eu também meu amor.
- Você vem hoje né?
- Então...
- Então o que Johnny?
- Primeiro você tem que jurar que não vai ficar aborrecida.
- Ai meu Deus, o que é que foi?
- Primeiro jura.
- Ok, eu juro! Agora conta.
- Eu não vou poder voltar hoje.
- Por quê? Quando você vem? Não vai ficar aí por dois meses como da outra vez não né?
- Claro que não amor. Mas só volto daqui a uns dois ou três dias no máximo.
- Tudo isso! (exclama Anne)
- Pelo menos três dias não se compara há dois meses. (diz ele sorrindo)
- Não brinca Johnny. Mas por que você ainda vai ficar por aí?
- Gisele sofreu um acidente de carro essa madrugada.
- Meu Deus Johnny! Ela não...
- Não, não! Ela está bem.
- Graças a Deus! Foi grave?
- Muito! Ela está no hospital. Como os pais dela moram na França, eu resolvi ficar pra não deixá-la sozinha num momento como este.

Ficou um silêncio ao telefone.

- Anne.
- To ouvindo.
- Tá aborrecida?
- Não.
- Não é o que tá parecendo.
- O hospital é cheio de médicos, por que você tem que ficar pra cuidar dela?
- Eu não disse que ia cuidar dela, apenas que iria fazer companhia pra ela. Ela precisa de mim.
- Eu preciso de você! E posso afirmar que preciso muito mais que ela.
- Anne... ela sofreu um acidente, não deveria falar assim.
- Você está defendendo-a demais pro meu gosto. Eu sinto muito mesmo pelo que aconteceu com ela, mas você disse que ela está bem.
- E está, fisicamente, mas emocionalmente eu sei que não.
- E você como um bom samaritano vai oferecer seu ombro!
- Não seja irônica. Não quero brigar.
- Eu quero você aqui, perto de mim. (diz ela já chorando)
- Não chora meu amor. Eu também quero estar com você.
- Eu não quero te perder. (diz ela aos prantos)
- Que história é essa Anne? Você não vai me perder, nunca!
- Jura?
- Juro por tudo que é mais sagrado no mundo! Acredita em mim. Eu não vivo sem você. Eu te amo mais do que qualquer coisa nesse mundo! Mas você também precisa entender que Gisele é minha amiga e precisa de mim, não posso virar as costas pra ela. Você viraria as costas pro Richard, por exemplo, se ele estivesse na mesma situação que Gisele e precisasse de você, da sua amizade?
- Não, claro que não.
- Então. Confia em mim. É só o que eu te peço, confia no amor que eu sinto por você.
- Tudo bem. Não esquece que eu te amo muito! Mais do que ela te ama.

Johnny riu.

- Eu sei meu amor. (diz ele sorrindo)
- E Orlando, também vai ficar aí?
- Vai.
- Quando eu contar pra Sophie...
- Não vai precisar. Orlando já ligou pra ela.
- Finalmente! E?
- E que fizeram as pazes...
- Que ótimo! (diz ela o interrompendo)
- E brigaram novamente. (completa ele)
- Que droga! Por ele não voltar hoje, não foi?
- Foi.
- Poxa, eu queria tanto que eles parassem de brigar. (diz Anne)
- Eu também.
- Orlando tá aí perto de você?
- Tá.
- Manda um beijo pra ele.

Johnny afasta o celular do ouvido e diz:

- Anne tá te mandando um beijo.
- Manda outro pra ela.

Johnny torna a falar com Anne.

- Ele te mandou outro.
- Eu ouvi. (diz ela com um sorriso)
- Então meu amor, você não vai ficar aborrecida por eu não voltar hoje, vai?

Nesse momento o sorriso deixou os lábios de Anne.

- Aborrecida não, mas triste. Eu to com tanta vontade de te abraçar, te beijar...
- Eu também.

Nesse momento Judith aparece e diz:

- Sr. Depp, o almoço já está servido.
- Obrigado Judith! Já estamos indo.

Judith se retira e Johnny torna a falar com Anne.

- Agora eu preciso desligar. Vou almoçar, estou sem comer nada até agora.
- Você não tomou café? (pergunta Anne)
- Não. Quando eu soube do acidente de Gisele, fiquei sem fome e também não queria demorar para ir ao hospital.
- Uau! Quanta dedicação!
- Você está sendo irônica de novo. Desse jeito não vou acreditar que não está aborrecida.
- Ok, então vou ser sincera. Estou aborrecida, com muitos ciúmes e morrendo de saudades. Mas parece que você não tá pensando nisso, no momento só está se importando com ela. É a primeira vez que fico em segundo lugar na sua vida.
- Que absurdo Anne! Nada do que você disse é verdade. Você nunca ficará em segundo lugar na minha vida. Eu pensei que tudo já tinha sido esclarecido e que você já tivesse entendido, mas pelo visto eu me enganei.

Anne começou a chorar novamente.

- Anne... não fica assim. Você não tem motivos pra ficar insegura desse jeito.
- Então volta hoje, por favor!
- Eu já disse que não posso virar as costas pra Gisele. Você já tinha concordado com isso.

Anne seca as lágrimas, respira fundo e diz:

- Ontem eu saí com Richard.
- O quê! Como assim saiu? (pergunta Johnny se levantando)
- Saindo hora. Fomos ao cinema e depois comemos uma pizza. Eu ia deixar pra te contar só quando você voltasse, mas...
- Mais aí você resolveu me provocar, não foi?
- Não estou provocando você, eu apenas resolvi contar agora.
- Você é vingativa Anne. Você tá me dando o troco por eu não voltar hoje por causa de Gisele.
- Não sou vingativa e não estou te dando o troco de nada.
- O que fizeram depois da pizza?
- Como assim o que fizemos?
- Me diga você, por isso eu perguntei. (diz meio sarcástico)
- Ok. Fomos a uma boate, dançamos a noite toda e depois transamos.
- Para de ser debochada! (Johnny altera a voz) Não gostei nada dessa sua brincadeirinha de mau gosto. Por que você falou isso?
- Por que eu estou com raiva! (diz ela chorando)
- OK, então vamos fazer um acordo? (pergunta Johnny)
- Que acordo? (pergunta ela chorosa)
- Eu volto hoje mesmo se você acabar com esse fingimento de estar “namorando” esse tal de Richard e não ter mais nenhum “encontro” com ele.
- E como eu explicaria isso pro meu tutor?
- É muito simples! Faça igual Gisele fez. Diga que terminaram, que não deu certo e que continuam amigos.
- Eu não posso.
- Não pode ou não quer?
- Como ousa me fazer esse tipo de pergunta?
- É que eu também estou com raiva. (diz ele irônico)
- Agora você é que tá sendo irônico.
- Foi você quem começou com as provocações e sem necessidade. Eu não queria brigar com você, ainda mais estando longe. Eu sei o que está sentindo e entendo que esteja com ciúmes, eu também morro de ciúmes de você. Anne eu to tentando a duras penas controlar o meu ciúme pra não brigarmos, mas você não tá fazendo o mesmo. Você prometeu confiar em mim e não é o que está fazendo.
- Você pediu pra eu confiar em você, mas você não confiou em mim quando eu disse que saí com Richard. Precisava ter perguntado o que fizemos depois da pizza? Essa pergunta me ofendeu.
- É claro, o que você queria? De repente você despeja em cima de mim que teve um encontro com ele, com o único intuito de me provocar, me dar o troco. Eu fiquei aborrecido com o modo como você falou. E você também me magoou com a sua brincadeirinha de mau gosto. Você gostaria que pra te provocar eu tivesse dito que tinha transado com Gisele?

Orlando que estava sentado ouvindo tudo de cabeça baixa, levanta o rosto e olha pra Johnny.

- Gostaria? (pergunta Johnny mais uma vez)
- Não. (diz Anne chorando) Me perdoa! Não me odeia por isso, por favor! (diz ela aos soluços)
- É claro que não vou te odiar, como eu poderia, se te amo! Quantas vezes vou ter que repetir que te amo, que te adoro mais do que a mim mesmo.
- Eu sei, me perdoa!
- É claro que eu perdôo, se você também me perdoar.
- Eu perdôo! (diz ela ainda chorando)
- Agora para de chorar meu amor, não quero que fique triste.
- Eu te amo tanto! Você ainda tá magoado comigo?
- Claro que não.
- Jura?
- Juro! (diz ele com um sorriso)
- Tudo bem, você pode ficar, se prometer que quando voltar vai passar a noite toda comigo.

Johnny riu.

- O dia todo, a noite toda, todos os dias, meses, anos... a vida toda! (diz Johnny com um sorriso de canto de boca)

Anne sorriu.

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