Capítulo 41

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- Sophie... eu pensei que tinha perdido você.
- Dawson... deixe-a respirar.
- Me desculpe!

Anne se senta ao lado da amiga e Sophie com a voz um pouco embargada pergunta:

- Onde ele está?
- O canalha fugiu. (diz Sr. Wilkinson)
- O que aconteceu comigo? (pergunta Sophie)
- Você estava sem respirar e o Sr. Wilkinson fez respiração boca à boca em você.
- ECA... (diz Sophie)
- Não seja ingrata, se não fosse por mim...
- Eu to brincando Sr.! (diz Sophie rindo com dificuldade)
- Nem num momento como esse a Srta. deixa de fazer suas gracinhas, não é?
- Não. (diz Sophie ainda rindo)
- Mas agora falando sério... obrigada Sr.! (agradece Sophie)
- De nada! Como a Srta. está se sentido?

- Estou bem.
- Tem certeza? (pergunta ele meio a contra gosto levantando uma sobrancelha)
- Sim Sr.
- E você Dawson? (pergunta ele pondo a mão no ombro dela)
- Estou bem.
- O Sr. está com um machucado na boca. (diz Sophie)

O Sr. Wilkinson passa a mão na boca e sua mão fica suja de sangue. Então ele vai até um espelho ver o machucado. Anne ajuda Sophie a se sentar e ela pergunta num sussurro:

- Anne... o que aconteceu com ele?
- Levou um soco do Josh. (diz Anne também aos sussurros)

Então como sempre Sophie resolve irritá-lo.

- Então Sr. , como é levar um soco na sua idade?
- Muito engraçado Srta. Não faça eu me arrepender de tê-la ajudado.

Sophie realmente adorava irritá-lo. Apesar dela chamá-lo de crocodilo velho e de brincar com a idade dele, na verdade o Sr. Wilkinson não tem nada de velho. Ele tem 57 anos, cabelos grisalhos e olhos castanhos. Ele se vestia muito bem, andava com elegância e era extremamente charmoso. Mas o seu mal-humor e sua arrogância não permitiam que nenhuma mulher se aproximasse dele e nem ele queria ninguém. Não tinha paciência para romances. Romance pra ele significava mulher tendo ataques de ciúmes e TPM. Ele fugia disso como o diabo foge da cruz.

Já não bastava ter Anne em sua vida? Um mulher lhe tirando a paciência era ruim e duas seria suicídio.

- Dawson, o que o Morrison estava fazendo aqui?
- Eu não sei Sr. Eu tava deitada de olhos fechados mas não tava dormindo. Então ele entrou e veio pra cima de mim. Ele tentou me... me estuprar.
- O que! Miserável! Mas ele não... ?
- Não Sr. Sophie chegou a tempo e bateu na cabeça dele com um jarro. Mas aí ele levantou e foi até ela e começou a sufocá-la. Eu tentei ajudar mas não consegui. Foi aí que eu liguei pro Sr., ele me viu ligando e largou Sophie e veio pra cima de mim e começou a me sufocar também.
- Obrigada! (agradece Anne por ele tê-la ajudado)
- Não fiz mais do que minha obrigação.
- Obrigação? Quer dizer que salvou minha vida apenas por obrigação?
- Não seja melodramática Dawson! Eu não tenho nenhuma obrigação para com a Srta. Marks e mesmo assim eu também salvei a vida dela. “Obrigação” foi só uma maneira de me expressar.
- Agora tome mais cuidado e não deixe mais a porta destrancada. Eu vou dar ordens para que a entrada dele seja proibida aqui no Hotel.
- Sim Sr. (diz Anne)

O Sr. Wilkinson se retira do quarto.

- Sophie, tem certeza de que está bem?
- Tenho amiga.
- Por que você voltou?
- Eu não queria te deixar sozinha. Você tava tão triste!
- Obrigada! Se não fosse por você... ele teria... ai, eu não quero nem pensar.
- Então não pense. Não vale a pena.
- Eu vou trancar a porta e já volto.

Anne vai até a sala, tranca a porta e volta pra suíte. Ela coloca um baby-doll e empresta uma camisola pra Sophie. Elas se deitam e dormem. Já era três da madrugada.

Amanhece um lindo domingo. O primeiro domingo do ano. Anne e Sophie tomam seu café no quarto. Depois do café, Sophie resolve ligar pra sua mãe e contar o que aconteceu. Mesmo Sophie jurando que ela e Anne estavam bem, Susan ficou desesperada e foi ao Hotel. Chegando lá, Anne conta tudo detalhadamente pra ela. Susan resolve passar o dia todo lá com Anne e Sophie.

- Meu anjo, tem certeza que ficará segura aqui?
- Tenho. Meu tutor deu ordens para proibirem a entrada daquele canalha aqui no Hotel.
- Mesmo assim, eu vou ficar tão preocupada com você sozinha aqui.
- Obrigada por se preocupar comigo.
- Não precisa agradecer. Sabe que é como se fosse minha filha, não sabe?
- Sei. E você é a mãe que eu não tive.

O Sr. Wilkinson vai ao quarto de Anne. Ele bate na porta e Anne a destranca.

- Muito bem Srta. A mantenha sempre assim, trancada.

Quando o Sr. Wilkinson entra, Susan vai até ele e estende a mão para cumprimentá-lo dizendo:

- Obrigada Sr.! Sophie me contou que o Sr. salvou a vida dela. Lhe serei grata por toda a minha vida.
- Não precisa agradecer Sra. (ele a cumprimenta)

Susan fica segurando a mão dele apenas o olhando deixando-o desconfortável. Sophie percebe um clima estranho por parte de sua mãe e diz:

- Mãe.
- Oi.
- A mão!
- O que? (Susan a olha)

Sophie aponta com os olhos para a mão deles.

- Ah claro. Perdão Sr.! é que eu fiquei tão agradecida que...
- Não se preocupe Sra. (diz ele bem sério)
- Eu vim pra saber como as Srtas. Estão.
- Eu to bem. (diz Anne)
- E eu também. (diz Sophie dando uma olhada pra ele e pra sua mãe deixando-a sem jeito)
- Ótimo! Se precisarem de alguma coisa é só pedir. Dá licença!

Antes do Sr. Wilkinson sair do quarto, Sophie diz:

- Anne precisa de uma coisa...

O Sr. Wilkinson se vira para olhar pra Sophie.

- Não, eu não preciso de nada. (diz Anne)
- Precisa sim. Na verdade não é de uma coisa e sim de alguém. E esse alguém se chama... Johnny Depp.
- Sophie... (diz Anne)
- Como ousa Marks!
- É verdade. Se o Johnny estivesse aqui com ela, com certeza o Morrison não teria nem tentado chegar perto dela. Anne estava segura com ele aqui. O Sr. só tem destruído a vida dela.
- Sophie para com isso! (diz Susan)
- Que atrevimento! Não vou tolerar suas insolências Marks. Se não aprender a me respeitar, também proibirei a entrada da Srta. neste Hotel.
- O Sr. não pode fazer isso. (diz Sophie indignada)
- É mesmo? Atreva-se a me enfrentar novamente.
- Perdoe a minha filha Sr. Sophie não fala por mal, é só uma menina.
- Falo sim. Não peça perdão por mim mãe.
- Não seja ingrata Sophie. O Sr. Wilkinson salvou sua vida.
- E o que quer que eu faça mãe? Que por causa disso eu morra de amores por ele?
- Eu não preciso que ninguém morra de amores por mim Srta. Só quero que me respeite.
- Ele está certo minha filha.
- Mãe! Agora vai ficar contra mim e vai defendê-lo?
- Eu não estou contra você meu amor.
- Pra mim já chega dessa conversa. Não estou afim de perder tempo com uma adolescente mal-educada.
- Não sou mais adolescente.
- E a Srta. é o que então? Adulta por acaso? (pergunta ele levantando as duas sobrancelhas)
- Não Sr. Mas também não tenho mais 15 anos.
- Ah claro. Seus 15 anos foi a muito tempo atrás, não é mesmo?
- O Sr. está sendo irônico!
- Não vou mais discutir com a Srta. Não vale a pena.

O Sr. Wilkinson lhe dá as costas e sai do quarto.

- Minha filha, pelo amor de Deus! você adora provocá-lo, não é?
- E a Sra. não precisava ter chegado a tanto com ele.
- Do que está falando Sophie?
- Lhe serei grata por toda minha vida... (diz Sophie)
- É claro que serei. Se não fosse por ele, você estaria morta agora. Eu não gosto nem de pensar nisso que me bate um aperto no coração. Meu amor, o que seria da minha vida sem você? Eu só queria que fosse mais agradecida à ele.
- Perdão mãe! (diz Sophie abaixando a cabeça)
- Desculpa amiga! Eu quase lhe causei mais problemas com ele, não foi?
- Não se preocupe Sophie. Eu sei que você falou com a melhor das intenções.

As horas passam e elas vão almoçar no restaurante do Hotel.
Já de noite Susan e Sophie se despedem de Anne.

- Tem certeza que não quer que eu durma aqui? (pergunta Sophie)
- Não precisa. Eu vou ficar bem. Ele não vai se atrever a voltar.
- Tudo bem então. (diz Sophie)
- Mesmo assim não se esqueça de trancar a porta. (diz Susan)
- Vou trancar. Obrigada pela companhia.
- Já disse que não precisa agradecer nada meu anjo. Qualquer coisa liga pra gente, tá bom?
- Pode deixar. (Anne dá um abraço em Susan)
- Tchau amiga! (diz Sophie abraçando Anne)
- Tchau! Se cuida! (diz Anne)
- Você também.

Sophie e Susan saem do Hotel. Anne janta em seu quarto. As horas passam, ela toma um banho e vai dormir.

Se passam dois meses...

Josh não deu mais as caras no Hotel. Anne ficava sempre na companhia de Sophie lá no Hotel e as vezes ela ia pra casa de Sophie. Durante esses dois meses, Anne ficou bastante deprimida com a ausência de Johnny. Ela quase não se alimentava direito, estava abatida e chorava todas as noites. O que a deixou mais deprimida foi o fato de Johnny não ter dado um telefonema se quer nesses dois meses. Ela não tinha nenhuma notícia dele. Ela ficava se perguntando se ele a havia esquecido e se apaixonado por outra. A única coisa que ela soube sobre ele, foi o que leu em uma revista no mês passado sobre as gravações de seu novo filme terem sido adiadas. Na revista não dizia um motivo concreto, mas Anne sabia exatamente qual era o motivo: a briga de Johnny com Orlando e por causa dela. Ela estava se sentindo muito culpada. Orlando havia desistido de gravar com Johnny, mas o produtor não aceitava outro no lugar. O produtor foi até Nova York conversar com Orlando, mas ele estava irredutível e Johnny também não queria mas Orlando no filme. Johnny disse ao produtor que se Orlando resolvesse voltar atrás e gravar o filme, quem iria desistir era ele.


Estava uma briga danada entre os dois. Mas em nenhum momento Johnny e Orlando entraram em contato um com o outro. O produtor servia de intermediário entre os dois.
Era a primeira semana de Março, uma segunda-feira. Anne estava na casa de Sophie, havia dormido lá. Estava na hora do almoço, mas Anne quase não tocara na comida e não havia tomado café.

- Você precisa se esforçar e comer um pouco meu anjo. (diz Susan)
- Não quero. A comida não entra.
- Anne, você tá me deixando preocupada. Você não tem se alimentado direito. Vai acabar ficando doente. (diz Sophie)
- Eu não me importo de ficar doente. Eu quero Johnny! Por que ele não me ligou? Acho que não me ama mais. (diz ela chorando)
- Não fica assim amiga. É claro que ele te ama. Você vai ver... a qualquer momento ele vai ligar. Deve tá sendo difícil pra ele também. Agora come só um pouquinho vai.

Anne leva a comida à boca e depois empurra o prato.

- Não dá. Não consigo, eu to enjoada.
- É por que tá com o estômago vazio. (diz Sophie)
- Bebe pelo menos o suco de limão. (diz Susan)

Anne bebe o suco todo, mas logo em seguida ela se levanta as pressas e sai correndo para o banheiro. Já no banheiro ela começa a vomitar. Sophie e Susan vão atrás dela. Anne estava no quarto de hospedes.

- Anne minha querida, o que você tem? Está vomitando? (pergunta Susan)
- Será que você tá doente? (pergunta Sophie)

Anne estava apoiada na pia mais pálida do que antes.

- Eu não sei o que eu tenho. Só sei que não tenho vontade de comer nada. O cheiro da comida me enjoa. Aliás, o cheiro de qualquer coisa me enjoa.
- Qualquer coisa tipo o que? (pergunta Susan)
- Cheiro de perfume, sabonete... essa não é a primeira vez que vomito por causa da comida.
- Por que você não disse? (pergunta Sophie)
- Por que não queria preocupar vocês.

Anne joga água no rosto e na boca e sai do banheiro. Ela vai até a cama e se deita.

- Eu não to me sentindo bem.
- Tá sentindo o que meu anjo?
- Tá tudo rodando.
- É que você tá fraca Anne. Não comeu quase nada e vomitou muito. (diz Sophie)

Susan se aproxima, senta na cama e diz:

- Meu anjo, posso te fazer uma pergunta bem pessoal? Mas se não quiser responder não precisa.
- Tudo bem. Pode fazer.
- Você e Johnny... vocês dois... se envolveram...?
- Eu sei o que quer perguntar e a resposta é sim. Eu me entreguei pro Johnny. Foi só uma vez, no dia em que ele foi embora. E não me arrependo.
- Vocês usaram preservativo?
- Não. Na hora nem lembramos disso. (diz Anne corando)
- Quando foi a última vez que veio a sua regra?
- Ah, eu acho que foi na segunda semana de dezembro.
- Você não menstrua há dois meses?
- É, mas eu já to acostumada. Sempre atrasa mesmo.
- Tanto tempo assim?
- Eu já fiquei com um mês de atraso.
- Mas agora são dois minha querida.

Anne a olha e pergunta:

- Você não tá querendo dizer que...?
- Acho que sim meu anjo.
- Não pode ser. Foi só uma vez.
- Uma vez é suficiente para engravidar.
- Não. Eu não posso estar grávida Susan. O meu tutor me mata.
- Minha querida, você só vai saber se fizer o teste. Eu posso ir comprar um na farmácia pra você.
- Não precisa. Eu não estou grávida.
- Você precisa ter certeza. Tudo que está sentindo, são sintomas de gravidez. Eu tive os mesmos quando fiquei grávida de Sophie. Acredita que enjoei até da cara do pai dela?
- É mesmo? (pergunta Anne)
- É.
- Coitado do meu pai.

Susan e Anne riram.

- Tá decidido. Vou comprar o teste. (diz Susan)

Susan sai de casa e vai até uma farmácia perto de sua casa.

- Amiga, será que tá mesmo esperando um bebezinho do Johnny?
- Não quero nem pensar. Não pelo bebê é claro, porque eu iria adorar ter um filho do meu grande amor, mas por causa do meu tutor. Se ele descobrir...
- Você não precisa contar.
- Como não vou contar uma coisa dessas Sophie? Não posso esconder isso dele. A barriga vai crescer e será pior que ele descubra depois de meses.
- É tem razão. Já pensou, um filhinho com a cara dele? Não que se puxar a você não seja lindo, é claro, mas pensa bem...
- É, eu sei. Com aquela boquinha linda do Johnny. (diz Anne sorrindo)

Susan chega com o teste. Anne vai ao banheiro e depois de uns minutos ela volta com o resultado.

- Então Anne? (pergunta Sophie ansiosa)
- Não foi dessa vez.
- Que pena! (diz Sophie)

Anne não consegue conter o riso e diz:

- Deu positivo!

Sophie dá um grito eufórico e pula no pescoço de Anne.

- Meus parabéns! (diz Sophie)
- Obrigada!

Susan também a abraça.

- E agora minha querida? O que vai fazer com seu tutor? (pergunta Susan)
- Vou ter que contar a verdade. Não tenho outra saída.
- É isso aí. É o certo a fazer. (diz Susan)
- Agora você tem motivos de sobra pra se alimentar direito, portanto não quero ouvir a frase: não consigo, não to com vontade! Você tem que se esforçar, pelo seu bebê.
- Eu sei. (diz Anne)
- Ah e você tem que ir ao médico. Precisa começar a fazer o pré-natal. Eu conheço um excelente obstetra. É o que eu me consultei quando estava grávida de Sophie. Ele é maravilhoso, muito competente e experiente, pode confiar.
- Credo mãe! Tem certeza que ele ainda existe?
- Que isso Sophie! Que horror! É claro que existe. Ele não é tão velho assim. Acho que agora deve ter uns 60 e poucos anos.
- 60 e todos a Sra. quer dizer. (diz Sophie)
- Ai Sophie, você e suas piadinhas ainda vão lhe causar problemas.

Sophie e Anne estavam rindo. Susan prepara um lanchinho para Anne. Ela se esforça e come algumas frutas. As horas passam, já era 17:00 horas. Anne resolve ir pro Hotel.

- Boa sorte com seu tutor! (diz Sophie)
- Obrigada amiga!
- Anne, você tá se sentindo bem pra voltar pro Hotel? (pergunta Susan)
- Estou.
- Vai com cuidado. (diz Susan)
- Pode deixar.

Anne se despede das duas e volta pro Hotel. Chegando lá, ela não perde tempo e vai direto ao escritório do seu tutor.

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