Capítulo 79

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- Vou contratar um segurança para acompanhá-la toda vez que a Srta. sair.
- O QUÊ! De jeito nenhum!
- Por que não?
- Por que... por que desse jeito não terei privacidade.
- E pra que precisa de privacidade quando sai? A não ser que faça coisas ilícitas.
- É claro que não, que idéia! A única coisa que faço é ir na casa de Sophie.

Só que Anne mentira. Ela vai sim à casa de Sophie, mais a maioria das vezes vai à casa de Johnny, ou vai com ele até o iate. Como continuará fazendo isso com um armário de 2 metros ou mais de altura na sua cola?

- Se a Srta. só vai à casa da insuportável, então não vejo problemas para ser acompanhada por um segurança. Ah e ele também ficará parado à porta do seu quarto, do lado de fora é claro.
- O QUÊ!
- É isso mesmo. E se o Morrison se atrever a entrar escondido?
- Idéia essa que o Sr. deu a ele há alguns meses.
- Não comece com esse assunto de novo. Já está decidido, contratarei um segurança para protegê-la.
- E quem me protegerá do Sr.? (pergunta ela irônica)

Ele a olha com uma sobrancelha levantada e diz:

- Sinto muito... de mim não tem quem a proteja.

Anne fecha a cara pra ele e pensa:

- Isso é o que o Sr. pensa! Eu tenho Johnny!

- Bem... agora vou voltar para o escritório. Se precisar de alguma coisa, estarei por lá.
- Se eu precisar de alguma coisa, pode ter certeza que o Sr. será o último a quem eu recorrerei.
- Petulante!

Anne dá de ombros.

Ele gira nos calcanhares e se retira. Anne se senta no sofá dizendo:

- To ferrada! E agora... como vou me encontrar com Johnny? Ôh língua que não cabe na boca! Pra que eu fui contar sobre o Josh?

O celular de Anne toca e ela vai até a suíte e o pega sobre a mesinha de cabeceira. Ela vê o número de Richard e atende.

- Oi Richard.
- Oi Anne. Você está bem?
- Estou.
- Eu vi quando você saiu do Hotel correndo. Vi também quando seu tutor entrou aí em seu quarto antes de você chegar... aconteceu alguma coisa?
- Sim.
- Ele machucou você?
- Não. Mas eu me desentendi com ele pela milésima vez. Ele me proibiu de falar com o Max.
- Quem é Max?
- É o melhor garçom daqui do Hotel e meu grande amigo.
- E por que seu tutor proibiu você de falar com o Max?
- É uma longa história, depois eu te conto pessoalmente.
- Ok, quem sabe em um próximo encontro como “namorados”?

Anne sorriu.

- Ainda estamos namorando de mentira não é? (pergunta ele sorrindo)
- Sim. (diz Anne também sorrindo e balançando a cabeça)
- Quando o Sr. Depp volta?
- Acho que amanhã. É o que eu espero.
- Ele já sabe que você finge que está me namorando?
- Sim. Eu ia deixar pra contar só quando ele voltasse, mas... deixa pra lá, não vem ao caso.
- Aposto que ele não gostou da idéia, não foi?
- É, não gostou não. Ficou morrendo de ciúmes.
- Se você quiser pode acabar com a farsa. (diz Richard)
- Por enquanto não. A não ser que você não queira mais ser meu “namorado”. (esse final ela diz divertida)

Ele sorri e diz:

- É claro que eu quero. Quer dizer... não quero que você pense que...
- Eu sei Richard. Não precisa se explicar, eu entendi. (diz ela rindo)

Ele também ri.

- Bem... eu só liguei mesmo pra saber se você estava bem.
- Obrigada pela preocupação. Pode ficar tranqüilo que eu estou bem sim.
- Fico feliz. Outra hora a gente se fala.
- Ok, tchau!
- Tchau! E se cuida.
- Pode deixar.

Ambos desligam.

No outro dia bem cedo, Johnny foi com Orlando buscar Gisele no hospital para levá-la para a casa dela. Já em casa Gisele manda Johnny e Orlando ficarem a vontade. Eles se sentam no sofá enquanto Gisele foi tomar um banho. Não demora muito e Gisele volta à sala com um vestido preto justo um pouco acima dos joelhos, sandálias rasteirinhas e seus cabelos estavam soltos e molhados. Orlando mal conseguia encará-la.

- Agora sim estou me sentindo ótima. Chega de hospital. (diz ela sorrindo)

Johnny e Orlando também sorriram.

- Então... almoçam comigo?
- Será um prazer!
- É melhor não. (diz Orlando ao mesmo tempo que Johnny)

Gisele e Johnny o olharam.

- Por que não Orlando? (pergunta Johnny)
- Perdão... não me levem a mal. Se você quiser ficar, não tem problema Johnny, mas acho melhor eu voltar pra sua casa. E não se preocupe que eu pego um táxi.
- Por que você está sempre com pressa Orlando? (pergunta Johnny)
- Não está se sentindo bem em minha casa Orlando?
- Que isso Gisele! Imagina, não é nada disso.
- Eu estou brincando meu bem. (diz ela sorrindo)

Orlando dá um sorriso envergonhado.

- Então não vejo motivos pra que saia as pressas. Se continuar recusando meu convite ficarei ofendida.
- Está bem, eu fico.

Gisele sorriu. Johnny apenas olhava de um pro outro. A secretária do lar de Gisele aparece na sala com um envelope na mão.

- Dá licença! Srta. Novack.
- Pois não Silvia.
- Chegou isso para a Srta. ontem de manhã.
- Obrigada!
- Estou feliz que a Srta. já esteja bem.
- Obrigada querida!
- Daqui à meia hora o almoço será servido. (diz Silvia)
- Ok.

Silvia pede licença e se retira. Gisele abre o envelope e faz cara de desgosto.

- Algum problema Gi? (pergunta Johnny)
- É a multa por eu ter dirigido sem o cinto.
- Hum. (diz Johnny)

O celular de Gisele toca e ela o pega de dentro da bolsa que ela havia jogado sobre o sofá quando chegara do hospital.

- Alô!
- Srta. Novack.
- Sim.
- Aqui é o delegado Oldman.
- Pois não Sr.
- Eu liguei para o hospital pra falar com a Srta. e o médico me disse que teve alta, por isso resolvi ligar para o seu celular, perdão!
- Tudo bem, não precisa de desculpar.
- Saiu o resultado do exame de doping. (diz o Delegado)
- E qual foi o resultado? (pergunta ela apreensiva)
- Negativo.
- Eu disse ao Sr. que eu não havia dirigido bêbada.
- Eu só estava fazendo o meu trabalho Srta.
- Eu sei, perdão!
- Bem... era só isso. Espero que a Srta. tenha aprendido a lição com esse acidente e não se “distraia” mais ao volante e muito menos dirija sem o cinto, por que da próxima vez talvez a Srta. não tenha tanta sorte.
- Deus me livre! Isso não acontecerá mais.
- Tomara que não. Tenha um bom dia!
- Igualmente!

Ambos desligam.

- O resultado do exame de doping deu negativo. (diz Gisele para Johnny e Orlando)
- Que bom Gi. (diz Johnny)
- E você não tinha bebido tanto assim para acusar no exame. (diz Orlando)
- O contrário de você né... que tinha álcool até nos cabelos. (diz Johnny rindo)

Gisele e Orlando riram.

- Nem me lembre desse dia, foi a pior ressaca da minha vida.

Gisele ficou meio sem graça. Orlando percebeu e olhou pra Johnny que deu uma coçada na cabeça com um sorriso contido.

- Então Gi, quando você quer voltar pra Los Angeles? (pergunta Johnny quebrando o constrangimento)
- Quando você quiser meu bem.
- Pode ser hoje à noite ou você prefere amanhã de manhã? (pergunta Johnny)
- Se conseguirmos um vôo pra hoje, nós iremos. (diz Gisele)
- Ótimo! Vou ligar pra companhia aérea para saber se tem algum vôo para Los Angeles. (diz Johnny)

Johnny pega seu celular e liga para a companhia aérea. Pra felicidade dele havia dois vôos, um para às 19:30 e o outro para às 23:00 horas.

- Só um minuto. (diz Johnny para a atendente)

Ele cobre o celular com a mão para falar com Gisele.

- Gi, tem dois vôos. Um às 19:30 e o outro às 23:00 horas, qual você prefere?
- Você decide meu bem, por mim tanto faz.
- E você Orlando, tem alguma preferência? (pergunta Johnny)
- Também.
- Ok, vou escolher o vôo das 19:30.

Johnny volta a falar com a atendente. Ele reserva as três passagens.

- Pronto, já reservei. Eu nem acredito que vamos voltar para Los Angeles. (diz ele com um sorriso contido)
- Você está morrendo de saudades de Anne, não é? (pergunta Gisele com um sorriso triste)
- Você nem imagina o quanto. (diz Johnny)
- E você Orlando... também deve estar com saudades de Sophie, né? (pergunta Gisele)
- Sim. (diz ele meio sem jeito)
- Esse sim não foi muito convincente não. (diz Johnny divertido)
- Johnny... (diz Orlando sem graça)

Gisele ficou envergonhada. O clima entre eles estava completamente constrangedor. Os minutos passam e Silvia volta à sala para avisar que o almoço já está servido. Depois do almoço Johnny ligou pra Anne para avisar que voltará ainda hoje à noite. Orlando também avisou a Sophie. Anne disse que dará um jeito de ir buscá-lo no aeroporto, Johnny disse que não precisava por que ele chegará tarde, mas ele não conseguiu convencer Anne. Ela ligou pra Sophie que disse que também irá ao aeroporto.

Já é 18:00 horas e Anne vai ao escritório do Sr. Wilkinson para pedir permissão para dormir na casa de Sophie, assim ela poderá ir buscar Johnny no aeroporto. Anne bate na porta, se identifica e o Sr. Wilkinson a manda entrar. Ao entrar Anne dá de cara com um homem alto, loiro, olhos azuis e muito elegante. Ele estava vestido com calça, paletó e gravata preta e camisa branca. Ele tem 45 anos. Ele estava em pé com as mãos entrelaçadas atrás de si.

- Dawson, eu ia mandar chamá-la agora mesmo. (diz Sr. Wilkinson também em pé ao lado do homem)
- E pra que? (pergunta Anne)
- Para apresentá-la ao Sr. Jack Freeman. Agente do FBI.
- Agente do FBI? (pergunta Anne assustada)
- Sim. Ele que fará sua segurança.
- O quê! O Sr. disse que iria contratar um segurança e não um agente do FBI.
- Eu pensei melhor, um agente do FBI é mais qualificado para protegê-la do Morrison.
- Que absurdo! (exclama Anne) O Sr. está louco!
- Não me desrespeite na frente de estranhos. (diz ele por entre os dentes)

Anne dá de ombros.

- Como pode ver Sr. Freeman, acho que terá muito trabalho com essa jovem mal educada. Faça o que for necessário para colocá-la na linha.
- Me colocar na linha? Como assim?
- O Sr. Freeman não só protegerá a Srta., mas também ensinará a Srta. a respeitar os outros.
- Que absurdo! (diz Anne revoltada)
- Prazer Srta. Dawson! (diz Jack Freeman estendendo a mão)

Anne cruza os braços com a cara emburrada.

- Não seja mal educada Dawson. Cumprimente-o.

Anne estende a mão de má vontade e cumprimenta Jack.

- O Sr. Freeman começará o trabalho dele a partir de agora. Como eu já havia lhe dito, ele ficará parado à porta de seu quarto e acompanhará a Srta. aonde for.

Anne ouvia tudo calada fuzilando o Sr. Wilkinson com o olhar.

- Não me olhe desse jeito sua ingrata. É para o seu bem.
- Hipócrita. (diz ela)
- Então... o que a Srta. queria falar comigo? (pergunta ele ignorando o que ela acabara de dizer)
- Eu vim pedir permissão para dormir na casa de Sophie hoje.

Ao ouvir o nome de Sophie ele faz cara de desgosto.

- Ora, ora, ora... a Srta. me pedindo permissão. Isso é motivo para comemorações. (diz ele com sorriso irônico)
- Como o Sr. é simpático. (diz Anne também com sorriso irônico) Então... posso ou não dormir na casa de Sophie?
- Não.
- Por que não? (pergunta ela indignada)
- Por que eu não quero deixar e ponto final.
- Que droga! Eu estou pedindo permissão justamente para evitar problemas com o Sr., mas pelo que estou vendo o Sr. prefere que eu faça as coisas escondido.
- Não seja dramática Dawson.
- Não estou sendo dramática. Custa fazer a minha vontade uma vez na vida?

O Sr. Wilkinson dá uma gargalhada.

- Fazer a sua vontade uma vez na vida? Eu já fiz a sua vontade inúmeras vezes Dawson. A Srta. é que nunca faz a minha.
- Como nunca faço a sua vontade? Eu parei de falar com o Max, não parei? Estou lhe pedindo permissão ao invés de sair escondida, não estou? Eu tenho uma lista enorme das vezes que também já fiz a sua vontade.

Ele levanta uma sobrancelha.

- Está bem, a Srta. pode ir.

Anne dá um sorriso.

- Mas o Sr. Freeman irá acompanhá-la.
- O quê! Não vou bater na porta de Sophie com um agente do FBI colado em mim feito um carrapato.

Jack quis sorrir, mas se manteve na maior seriedade.

- Mas respeito com o Sr. Freeman Dawson.
- Eu quero ir sozinha.
- Que parte do “eu contratei um agente para acompanhá-la aonde for” a Srta. não entendeu? É pegar ou largar. Se não quer ser acompanhada por ele, fique trancada neste Hotel o resto de sua vida.
- Miserável! (diz Anne revoltada)

O Sr. Wilkinson se aproxima dela e a pega com força pelo braço e diz:

- Eu já disse para não me desrespeitar na frente de estranhos.
- Quer dizer que na frente de conhecidos eu posso? (pergunta Anne debochada)

O Sr. Wilkinson aperta ainda mais o braço dela e diz por entre os dentes:

- Insolente!
- O Sr. está me machucando, se é que não percebeu.

Anne olha pra Jack e diz:

- O Sr. não vai fazer nada? Não vê que ele está me machucando? O Sr. está sendo pago para me proteger.

Jack não responde nada e continua parado. O Sr. Wilkinson dá um sorriso sarcástico e diz:

- Ele só obedece as minhas ordens Dawson. E como eu já havia lhe dito uma vez... de mim ninguém a protegerá.

O Sr. Wilkinson finalmente solta o braço de Anne e se afasta dela.

- Agora saia daqui antes que eu mude de idéia e não a deixe dormir na casa daquela insuportável.

Anne tentava controlar ao máximo sua vontade de chorar. Ela dá as costas à ele, abre a porta e sai.

- Dá licença Sr.! (diz Jack indo até a porta para seguir Anne)
- Sr. Freeman.
- Pois não. (diz Jack tornando a olhar para o Sr. Wilkinson)
- Não tire os olhos dela. Quando ela se junta com a Srta. encrenca não sai coisa boa.
- Pode deixar Sr.

O Sr. Wilkinson já havia informado a Jack qual é o quarto de Anne, então ele se encaminhou até lá. Anne havia voltado para o quarto para pegar uma roupa de dormir e para ligar para Sophie avisando que vai dormir lá. Jack se aproxima do quarto de Anne e para ao lado da porta, sempre com sua postura elegante digna de um agente do FBI. Com tudo pronto para ir à casa de Sophie, Anne abre a porta e vê Jack parado ao lado da porta feito uma estátua. Ela tranca a porta e segue para as escadas que dá para o saguão. Jack caminhava atrás dela. De vez em quando ela olhava para trás e olhava pra ele com cara emburrada.

- Isso é ridículo. (resmunga ela)

Anne passa pelo saguão com algumas pessoas a observando ser seguida por um homem de 1,80 de altura. Já do lado de fora do Hotel, ela faz sinal para um táxi. Quando o táxi para, Jack abre a porta pra Anne entrar. Ela olha pra ele e diz:

- Eu tenho mãos para abrir a porta. Não pense que vou agradecer.

Jack não diz nenhuma palavra. Depois que Anne entra, ele fecha a porta. Ela o olha surpresa e pergunta pela janela:

- O Sr. não vai comigo?

Ele não responde, abre a porta do carona e entra.
Anne revira os olhos e resmunga:

- Seria bom demais pra ser verdade.

Se passa alguns minutos e Anne resolve quebrar o silêncio dentro do táxi.

- Por que o Sr. não me respondeu?

O taxista a olha pelo espelho retrovisor e responde:

- Responder o que? A Srta. não me perguntou nada.
- Você não seu idiota, estou falando com ele.
- Não precisa me ofender. (diz o taxista)
- Perdão. (diz Anne)

Anne se inclina pra frente e fica com sua cabeça entre o banco do motorista e do carona.

- Então... o gato comeu a sua língua ou o traste lhe proibiu de falar comigo?

Jack continuou em silêncio. Anne volta ao seu lugar e revira os olhos. O táxi finalmente para na frente da casa de Sophie. Anne paga o taxista e Jack faz o mesmo. Anne caminha até a porta de Sophie com Jack seguindo-a. Ela para e se vira para olhá-lo.

- Sabia que sua presença está começando a me irritar? E olha que não tem nem uma hora que estou em sua companhia.

Como sempre Jack não diz nada. Anne lhe dá as costas e aperta a campainha. Já era 19:00 horas. Susan abre a porta e fica receosa com a presença daquele desconhecido acompanhando Anne.

- Meu anjo! (diz ela abraçando Anne)
- Oi Susan. Tudo bem?
- Tudo e você?
- To bem... na medida do possível.

Susan olha pra Jack e torna a olhar pra Anne.

- Susan, esse é o Sr. Jack Freeman. Agente do FBI.
- Agente do FBI? (pergunta Susan espantada)

Anne ri e diz:
- Não precisa ficar com medo... ele não veio prender você e nem Sophie.

Susan riu.

- O traste contratou o Sr. Freeman pra me proteger.
- Proteger você? De quê? Ou de quem?
- Do Josh. Mas é uma longa história, depois te conto.
- Ok. (diz Susan)
- Sr. Freeman, essa é Susan Marks, mãe da minha melhor amiga Sophie.
- Prazer Sra. Marks! (diz Jack estendendo a mão)
- O prazer é meu Sr. Freeman. (Susan o cumprimenta)
- Nossa, você fala! (exclama Anne pra Jack)

Susan deu um sorriso, mas Jack continuou sério e não disse nada.

- Vejo que você é igual ao meu tutor, não tem senso de humor. (diz Anne com cara de desgosto)
- Entrem! (diz Susan dando passagem pra eles)

Anne entra, mas Jack continua parado do lado de fora.

- Pode entrar Sr. Freeman. (diz Susan)
- Não, obrigado Sra. Marks. Ficarei aqui fora.

Anne que estava parada ao lado de Susan, pergunta:

- O Sr. vai ficar a noite toda aí fora em pé e sem dormir?
- Esse é o meu trabalho Srta. Dawson, protegê-la.
- Pelo amor de Deus! Que absurdo! Ninguém vai me atacar. Mas já que esse é o seu trabalho... o Sr. não pode me proteger aqui dentro? Pelo menos estará confortável.
- Não. Ficarei aqui fora. (diz Jack bem sério)

Anne revira os olhos e diz;

- Você que sabe. Depois não diga que eu não tentei e que não fui educada.

Anne se afasta e se senta no sofá.

- Tem certeza Sr. Freeman? (pergunta Susan)
- Sim Sra. Marks. Obrigado!
- De nada. Bem... se me der licença!
- À vontade! (diz Jack)

Susan meio sem jeito fecha a porta e vai até Anne. Jack fica parado ao lado da porta com a mesma postura e elegância que parara à porta do quarto de Anne.

- Cadê Sophie?
- Está no banho.
- Posso ir lá no quarto?
- Que novidade é essa de me pedir permissão para ir a qualquer dependência da casa? Meu anjo, essa casa também é sua.
- Obrigada Susan. Acho que o traste está conseguindo me deixar educada. (diz Anne rindo)

Susan também ri e diz:
- Você sempre foi educada meu anjo.
- Ele não acha.
- Mas você tem que admitir que o provoca.
- É verdade. (diz Anne rindo)

Susan dá um sorriso.

- Vou lá falar com Sophie.
- Ok. Qualquer coisa estarei na cozinha terminando o jantar.
- Você quer ajuda?
- Obrigada minha querida, mas não precisa, já estou terminando. Quando estiver pronto eu aviso a você e a Sophie.
- Ok.

Susan vai para a cozinha e Anne para o quarto de Sophie. Anne para à porta e bate.

- Entra.
- Olá amiga. (diz Anne abrindo a porta)
- Anne! Não sabia que já tinha chegado. (diz ela que acabara de sair do banho e está de roupão)

Anne entra, fecha a porta e vai dar um abraço em Sophie.

- Que sorte o crocodilo velho ter deixado você dormir aqui. Eu não vejo a hora de ir ao aeroporto.
- Sophie, vou precisar de sua ajuda.
- Que tipo de ajuda?
- Não sei como vou fazer para ir buscar Johnny.
- Por quê?
- Eu como tenho uma língua que não cabe na boca, acabei contando pro traste que Josh me beijou a força no meio da rua e me ameaçou. Daí o traste resolveu contratar um agente do FBI pra me proteger.
- O quê! Peraí amiga, me conta isso direito. Como assim um agente do FBI?
- É isso mesmo que você ouviu. Na verdade ele ia contratar um segurança, mas desistiu e optou por um agente do FBI.
- Ele é louco ou o quê? (pergunta Sophie se referindo ao Sr. Wilkinson)
- As duas coisas. (diz Anne sorrindo)

Sophie ri.

- O Sr. Jack Freeman... esse é o nome do agente... ele vai ficar me acompanhado para qualquer lugar que eu for e também ficará parado à porta do meu quarto, do lado de fora é claro.
- Que absurdo Anne.
- Também acho. O Sr. Freeman está lá fora. É por isso que não sei como farei para ir ao aeroporto.
- O quê! O agente do FBI está aqui? (pergunta Sophie eufórica)
- Sim. (diz Anne sorrindo)
- Ele está lá na sala?
- Não. Está na varanda.
- Oh meu Deus! (diz Sophie indo até a porta do quarto)

Sophie abre a porta e desce as escadas as pressas com Anne correndo atrás de si.

- Sophie... espera!

Sophie abre a porta da sala e sai dando de cara com Jack parado ao lado da porta.

- Oh meu Deus! É mesmo um agente do FBI. (diz Sophie eufórica caindo na gargalhada)

Jack permaneceu sério olhando pra ela. Anne fica sem jeito e se aproxima de Sophie.

- Sophie, pelo amor de Deus! (diz Anne com um sorriso sem graça segurando o braço de Sophie)
- Como é mesmo o nome dele? (pergunta Sophie pra Anne mas sem tirar os olhos de Jack)
- Jack Freeman.
- Sr. Freeman, o Sr. tem aquele negócio... como é mesmo o nome? Ah, distintivo.

Jack continuou calado bem sério.

- Ele não fala Anne? (pergunta Sophie rindo)
- Para Sophie.
- Ué... não to fazendo nada. Só estou curiosa. Sr. Freeman, o Sr. está armado?

Como sempre Jack permanece calado.

- O Sr. não fala?
- Sim para todas as suas perguntas Srta. Marks. (diz ele sério)
- Como sabe meu sobrenome?

Jack não fala mais nada e fica olhando pra frente.

- Ele já foi apresentado a Susan, por isso sabe seu sobrenome.
- Ah tá.

Sophie torna a olhar pra ele e pergunta:

- Posso ver sua arma? Com todo o respeito. (diz as gargalhadas)
- Sophie! (exclamou Anne)
- Que foi? Eu to falando da arma que atira. Sua mente tá muito poluída Anne. (diz ainda rindo)
- Oh meu Deus! Já chega, vamos entrar. (diz Anne envergonhada)
- Ah não Anne.
- Ah sim. Vamos.

Anne aproxima sua boca do ouvido de Sophie e sussurra;

- Se você não percebeu, devo lhe avisar que ainda está de roupão.
- Minha nossa, é verdade. (diz Sophie olhando pra si mesma)

As duas voltam pra dentro de casa e quando Sophie fecha a porta, Jack esboça um sorriso e sussurra:

- Adolescentes.
- Meu Deus Sophie, você me matou de vergonha.
- Eu não fiz nada demais. (diz rindo e se jogando no sofá)

Anne revira os olhos sorrindo e também se senta.

- Você tem sorte. (diz Sophie)
- Como assim?
- Pelo menos ele é bem bonitão. Quem dera eu ter um Deus grego desse me seguindo. (diz Sophie rindo e se abanando)

Anne riu e balançou a cabeça.

- Eu não to nem aí pra isso. O único Deus grego que me interessa é o Johnny.
- Eu sei, eu to brincando. E pra mim só Orlando me interessa.

Anne olha pra ela meio de lado.

- Que foi? (pergunta Sophie com um sorriso contido)
- Só Orlando te interessa? Sei... sei...

Sophie deu uma gargalhada.

- Você não tem jeito mesmo. (diz Anne sorrindo)

Susan vai até a sala para avisar que o jantar já está pronto.

- Sophie, você ainda está assim? Vai se trocar que o jantar já está pronto.
- To indo. Eu já volto Anne.
- Ok.

Sophie vai para o quarto trocar de roupa.

- Do que vocês estavam rindo? O que Sophie aprontou dessa vez?
- Nem me lembre, eu fiquei morrendo de vergonha. Ela acabou de conhecer o Sr. Freeman. (diz ela sorrindo)
- Ai meu Deus! O que ela fez?
- As mesmas gracinhas de sempre. (diz Anne ainda rindo)
- Sophie ainda vai se dar mal com as piadinhas dela e eu não quero nem estar por perto. E se estiver, vou fingir que não conheço. (diz Susan balançando a cabeça)

Anne riu. Sophie volta a sala e as três vão jantar. Depois do jantar Anne e Sophie foram para o quarto. Susan foi falar com Jack.

- Sr. Freeman.
- Pois não Sra. Marks.
- Venha jantar. Eu só não o chamei antes por que preferi deixar as meninas jantarem primeiro. Eu conheço a minha filha, com certeza ela não iria se conter em fazer mais uma piadinha. (diz ela com um sorriso sem jeito)

Jack dá um leve sorriso fechado e diz:
- Obrigado pelo convite Sra. Marks, mas devo recusar.
- Faz parte de sua profissão ficar com fome? (pergunta ela com um sorriso)

Ele dá um sorriso mais evidente e responde:
- Não, não faz. Mas mesmo assim devo recusar.
- Sinto muito, mas não vou aceitar um não como resposta. Não me sentirei bem com o Sr. aqui fora com fome a noite toda.
- Agradeço sua preocupação Sra. Marks, mas minha resposta continua sendo a mesma.
- Desse jeito vou me sentir ofendida.
- Perdão! Não foi a minha intenção.
- Então aceite o jantar.
- Não quero incomodar a Sra.
- Não será nenhum incomodo. Venha, vamos entrar. (diz ela com um sorriso)
- Está bem.

Susan deu um sorriso mais aberto. Ela sai da frente da porta deixando-o entrar primeiro.

- Dá licença! (diz ele ao entrar)
- Fique à vontade!

Susan entra, fecha a porta e acompanha Jack até a cozinha.

- Sente-se! (diz Susan indicando uma cadeira)

Jack desabotoa o terno, pega sua arma, põe sobre a mesa e se senta. Quando Susan se vira para colocar o prato sobre a mesa, toma um susto ao ver a arma.

- Perdão! A arma a assustou, não foi?
- Sim. Está carregada?

Jack sorri e diz:

- Está. Mas não se preocupe, está travada.
- Eu nunca havia visto uma antes. (diz ela colocando o prato sobre a mesa na frente dele)
- Obrigado! (diz ele se referindo a comida) Pra quem não está acostumado, armas sempre assustam um pouco.
- O Sr. já... precisou usá-la?
- Quer dizer se eu já atirei em alguém? (pergunta sorrindo)

Susan balança a cabeça em afirmação.

- Já.
- O Sr. já matou? (perguntou espantada)

Jack sorri e diz:

- Essa foi a profissão que escolhi. Infelizmente isso é inevitável nessa profissão.
- O Sr. já levou algum tiro?
- Sim. Dois.
- Meu Deus! (exclama Susan)

Mais uma vez Jack sorri e diz:

- Isso também é inevitável.
- Mas o Sr. não usa colete?
- Não. Eu deixo isso para a Polícia de Los Angeles. (diz ele sorrindo)

Susan também sorri e diz:

- A Polícia de Los Angeles e o FBI são rivais, não são?
- Eu não diria rivais, mas também não se toleram.
- Eu acho o pessoal do FBI muito arrogantes, se acham os donos dos Estados Unidos. (diz Susan)

Jack sorri e diz:

- Muito obrigado.
- Aí meu Deus! Perdão Sr. Freeman! Que vergonha, eu não quis...
- Tudo bem, não se preocupe. A Sra. Está certa. Muitos deles são arrogantes sim. Não apenas se acham os donos dos Estados Unidos e sim do mundo.
- Isso não se aplica ao Sr., tenho certeza.
- Obrigado! (agradece ele meio sem jeito)
- Perdão! Eu estou atrapalhando o seu jantar. É que eu falo pelos cotovelos. (diz ela com um sorriso meio sem graça)
- Imagina. Não se preocupe.

Susan sorri e se vira para a pia para lavar a louça enquanto Jack continua jantando.

Já passa das 19:30 e em Londres Johnny, Orlando e Gisele já estão no avião de volta para Los Angeles.

Jack estava terminando de jantar quando Sophie e Anne que não sabiam que ele estava na cozinha aparecem. Anne e Sophie fazem cara de surpresa ao vê-lo .

- Uau! (exclama Sophie ao ver a arma sobre a mesa)

As duas se aproximam da mesa e Sophie numa atitude inesperada para todos pega a arma e faz gestos como se estivesse atirando.

- Sophie! (exclama Susan)

Jack se levanta e diz:

- Me dê a arma Srta. Marks.

Sophie se afasta dele e continua brincando.

- Pra que serve isso aqui? (pergunta Sophie destravando a arma)
- NÃO! (grita Jack indo até ela e toma a arma da mão dela) A Srta. ficou louca? Acabou de destravar a arma. Poderia ter machucado alguém.
- Me desculpe! Eu só estava brincando.
- Armas não são para brincar, são para matar. Se é que a Srta. não sabe disso. (diz ele ríspido)
- É claro que eu sei. Foi uma dessas que matou meu pai. (diz ela alterando a voz)
Ficou um silêncio na cozinha. Susan a olhou com lágrimas nos olhos.

- Sophie! (diz Susan)
- Me desculpe mãe... eu não quis...
- Vá para o seu quarto.
- Mãe... eu...
- AGORA! (grita Susan as lágrimas rolando em seus olhos)

Susan sempre ficava assim quando se lembrava do que acontecera a seu marido.

- Me desculpe! (diz Sophie com a voz embargada)

Sophie se retira da cozinha e vai para seu quarto. Anne meio sem jeito pede licença e também se retira. Susan dá as costas a Jack e apóia as mãos na pia e continua chorando. Jack se aproxima dela meio sem jeito e diz:

- Perdão por ter falado com sua filha daquele jeito.

Susan seca as lágrimas e se vira para olhá-lo.

- Eu é que peço perdão pelas atitudes da minha filha.
- Não se preocupe.

Susan vai até a mesa, puxa uma cadeira e se senta. Jack volta ao seu lugar e também se senta.

- É verdade o que sua filha disse? (pergunta ele sem jeito)

Susan que fitava as próprias mãos que estavam sobre a mesa levanta o olhar para encará-lo.

- Perdão! Eu não quis ser indiscreto.
- É verdade. (diz Susan)
- Ele era policial?
- Não. Era médico. Uma noite ele recebeu uma ligação para ir ao hospital com urgência. No caminho uns bandidos tentaram roubar o carro dele, mas ele reagiu e um dos bandidos atirou nele.
- Eu sinto muito. (diz Jack)
- Sophie tinha apenas cinco anos, mas eu ainda não consegui superar.

Jack não soube o que dizer.

- Me desculpe está lhe aborrecendo com esse assunto. (diz Susan)
- Imagina! A Sra. não está me aborrecendo.

Fica um silêncio por uns segundos, depois Jack se levanta e Susan faz o mesmo.

- Obrigado pelo jantar Sra. Marks. Estava ótimo! (diz ele com um meio sorriso)
- De nada e obrigada! (diz Susan com um leve sorriso)
- Bem... agora vou voltar lá para fora.
- Ok.

Susan acompanha Jack até a porta.

- Mas uma vez me desculpe pela infantilidade da minha filha.
- Não se preocupe!

Susan sorri e pede licença. Depois de fechar a porta ela vai ao quarto da filha. Sophie estava deitada chorando e Anne estava sentada ao seu lado acariciando os cabelos da amiga. Susan bate na porta e Anne a manda entrar. Susan abre a porta e entra. Sophie se senta com lágrimas nos olhos.

- Vou deixar vocês conversarem a sós. (diz Anne)
- Não meu anjo. Pode ficar.

Susan olha pra Sophie e diz:

- Você passou dos limites com sua infantilidade. Eu quero que pare de agir como criança. Você não tem mais cinco anos Sophie. Já está na hora de amadurecer. Semana que vem você completará a maior idade, precisa aprender a se comportar.

Sophie apenas ouvia tudo calada e de cabeça baixa.

- E quanto ao seu comentário sobre o seu pai... você sabe o quanto me magoa lembrar de tudo.

Sophie a olha com lágrimas nos olhos.

- Me perdoa! (diz Sophie com a voz embargada) Eu não falei por mal, eu também sofro ao lembrar.

Susan vai até a filha e se senta ao lado dela.

- Eu sei meu amor. Vem cá. (diz Susan chamando a filha pra um abraço)

Sophie abraça a mãe já chorando.

Amores em Conflito!Onde histórias criam vida. Descubra agora