Capítulo 29

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Anne que estava chorando muito coloca a mão no rosto e se senta no sofá.

- Eu confiei nele, eu o amava...

Anne ainda estava cabisbaixa com as mãos no rosto quando o Sr. Wilkinson se aproxima e estende uma mão para acariciar o alto da cabeça dela. De repente ela começa a secar as lágrimas e antes mesmo que levantasse a cabeça ele recua a mão desistindo do ato. Ela olha pra ele e pergunta:

- O Sr. realmente acreditou em mim?
- Sim. Eu resolvi lhe dar um último voto de confiança, espero que saiba aproveitar não me escondendo nada.
- Sim Sr. e eu quero começar agora mesmo.
- Do que está falando?
- Eu quero ser honesta com o Sr. eu venho me encontrando com Johnny e Orlando escondido. Mas não quero que interprete mal, é apenas como amiga. Eu sou fã deles e tê-los como amigos significa muito pra mim. Eu queria ser amiga deles sem ter que estar me escondendo, mentindo... isso me faz muito mal. Por favor, eu juro que não te peço mais nada.
- Eles são tão importantes assim pra Srta.?
- Mais do que possa imaginar.
- Se me prometer que essa amizade não se transformará em nada mais sério com nenhum dos dois, quem sabe... porque eu jamais permitirei que namore alguém que seja muito mais velho que você e principalmente se for artista. Nunca daria certo, vocês são de mundos completamente diferentes.
- Mesmo achando que isso é preconceito do Sr. eu prometo que não passará de amizade. Até mesmo porque depois do que me aconteceu, eu não penso em namorar ninguém tão cedo.
- Ótimo! E mesmo que pense em namorar, não escolha nenhum dos dois. E isso não é um pedido, é uma ordem. Mas não vá se empolgando muito não porque eu ficarei de olho na Srta.
- Tudo bem. Obrigada.
- Agora saia que eu tenho muito o que fazer.
- Sim Sr.

Anne se retira do escritório e vai correndo contar a novidade pra Johnny e Orlando.
Primeiro ela vai até o quarto de Johnny. Ela bate na porta e quando ele abre fica surpreso com a presença dela.

- Oi. (diz Anne sorridente)
- Anne. Mas o que você...? eu pensei que fosse ficar na casa da Sophie o dia todo.
- Não vai me convidar pra entrar?
- Claro, me desculpa. Entra. Se o seu tutor souber que está aqui...
- É sobre ele que eu vim falar.
- O que ele fez com você dessa vez?
- Por incrível que pareça fez uma coisa muito boa.
- Jura? Me conta. (diz Johnny indicando o sofá com a mão pra ela sentar)
- Dá licença! (Anne se senta)
- Então... o que eu vim dizer é que nunca mais vou precisar ver você e Orlando às escondidas. O Sr. Wilkinson agora deixa eu falar com vocês, ou melhor, ser amiga de vocês.
- Tem certeza?
- Tenho, pode confiar.
- Isso sim é uma ótima notícia. Fico feliz por você. E por mim também que vou vê-la mais vezes. (isso ele diz dando um sorriso fechado)

Anne fica super envergonhada e apenas dá um sorriso.

- Mas que milagre foi esse? (pergunta Johnny)
- Foi o milagre da verdade.
- Como assim?
- Bom... pra começar o Sr. Wilkinson me ligou enquanto eu ainda estava na casa da Sophie e mandou eu vir pro Hotel. Quando eu cheguei aquele miserável do Josh estava no escritório do Sr. Wilkinson.
- O que ele tava fazendo aqui?
- Você não vai acreditar. Ele contou um monte de mentiras pro meu tutor. Ele disse que eu estava traindo ele com você e que tinha visto nós dois juntos na frente de uma balada ontem à noite. Dá pra acreditar?
- Que canalha! e o que você disse?
- A verdade. Que você descobriu que ele tava me traindo com a July e que eu fui lá levada por Sophie pra descobrir a verdade.
- Em quem o seu tutor acreditou?
- Bem... num primeiro momento ele ficou em dúvidas em quem acreditar, mas depois de umas coisas que eu disse e umas bobagens que o Josh falou. O Sr. Wilkinson acabou acreditando em mim e disse que ia me dar um último voto de confiança. Ele até expulsou o Josh do escritório e disse pra ele nunca mais chegar perto de mim.
- Inacreditável! (diz Johnny)
- E quanto a você e Orlando eu disse que tava me encontrando com vocês escondido, mas que era como amiga e que eu não queria mas agir assim e que tê-los como amigos era muito importante pra mim.
- Você foi muito corajosa em contar. E ele? concordou assim tão fácil?
- Concordou. Só que não foi por eu ter dito isso e sim pelo que ele me fez prometer.
- E o que você prometeu?
- Que eu nunca iria me interessar nem por você e nem pelo Orlando. Que nossa amizade nunca fosse além disso.
- Você prometeu isso?
- Prometi.
- Desculpe a minha sinceridade mas... na minha opinião você só prometeu isso porque não está apaixonada por nenhum de nós dois. Porque se tivesse tenho certeza de que não abriria mão desse amor por causa de uma simples ordem do seu tutor.
- Johnny não começa. (diz Anne se levantando e ele se levanta também)
- Não estou começando nada. Só disse o que penso. Apesar de conhecê-la a pouco tempo, já deu pra perceber que você é o tipo de garota que nunca desiste daquilo que quer e não seria diferente com o amor. Eu sei que enfrentaria quem quer que fosse pelo verdadeiro amor.
- É melhor eu ir embora. Essa conversa está tomando um rumo do qual eu não quero chegar.
- Pode ficar tranquila que eu não vou falar dos meus sentimentos. Você já sabe o que eu sinto.
- Sei mas preferia não saber.
- Você diz isso porque acabou de passar por uma decepção. Mas não será sempre assim, pelo menos não se estiver comigo. (diz ele se aproximando dela)
- Johnny por favor! o meu coração está muito ferido e duvido que cicatrize tão rápido.
- Pode até não cicatrizar rápido, mas um dia cicatrizará e quando isso acontecer eu estarei por perto pra tentar conquistá-lo.
- Se pensa em conquistar o meu coração um dia, acho que deve contar pro Orlando o que sente por mim, porque ele tem o mesmo objetivo que o seu.
- Eu sei que é o certo a fazer, mas acho que ele não vai me perdoar. Você também não quer contar pra Sophie sobre o Orlando.
- Você tem razão, mas no meu caso tem uma diferença. (diz Anne)
- Não tem não. (diz Johnny)
- Tem sim. Eu não sou apaixonada pelo grande amor da minha melhor amiga, ele é que é por mim. Nesse caso eu não tenho culpa nenhuma.
- E você acha que eu tenho culpa por ter me apaixonado por você?
- Não foi o que eu disse. Mas você podia ter tentado evitar que isso acontecesse quando soube que ele tava apaixonado por mim.
- Evitado? eu me apaixonei por você no mesmo momento que ele. Você acha que dá pra controlar... evitar uma coisa dessas? você tá me julgando muito mal Anne.
- Não to não. (diz ela)
- Tá sim. E você é a pessoa menos indicada pra fazer isso, já que se apaixonou por um rapaz comprometido.
- QUE! Eu não acredito que está dizendo isso. Não faça comparações. Primeiro, eu me apaixonei pelo Josh muito antes da July. Segundo, ela não era minha melhor amiga e terceiro, apesar de estar apaixonada por ele, eu não tentei conquistá-lo justamente porque ele ficou comprometido. Ele é que veio atrás de mim, você mesmo viu. Eu tenho princípios.
- Você tá dizendo que eu não tenho princípios por tentar conquistar o amor da mesma pessoa que o meu amigo ama?
- Entenda como quiser. (diz Anne num tom sarcástico)
- Essa conversa não devia ter chegado a esse ponto. (diz Johnny)
- Não devia mesmo, mas foi você que começou. (diz Anne)
- EU? você é que tá insistindo pra eu contar pro Orlando sobre uma coisa que só cabe a mim decidir se conto ou não.
- Só cabe a você coisa nenhuma. Eu estou envolvida no meio disso tudo, portanto eu também tenho o direito de decidir.
- Estamos todos envolvidos Anne. Mas ninguém tem culpa de nada. Por que toda vez que alguém se aproxima de você pra falar do que senti, pra se declarar, sempre acaba em briga?
- Do que está falando? (pergunta Anne)
- Primeiro foi o Orlando, quando você descobriu que ele tava apaixonado por você, vocês brigaram feio. E agora sou eu. O único que não levou umas patadas quando se declarou foi aquele estúpido, mesmo com todo mundo falando que ele não prestava e aí você acabou quebrando a cara.
- Escuta aqui, quem dá patadas é a sua mãe. E se eu quebrei a cara é um problema meu e você não tem nada a ver com isso. Quer saber, eu não vou mais ficar discutindo com você não. Eu vou embora.

Anne lhe dá às costas e vai em direção à porta. De repente Johnny a puxa pelo braço fazendo-a se virar pra ele e segura o rosto dela com as duas mãos lhe dando um beijo daqueles. Durante o beijo Anne fica empurrando Johnny tentando fazê-lo parar e quando ele finalmente a solta, ela dá um tapa na cara dele.

- Nunca mais faça isso de novo. Tá me ouvindo? ou eu não olho mais na sua cara. (diz Anne aos gritos)

Ela abre a porta e sai correndo pelo corredor chorando muito e quando ela vai chegando ao próximo corredor, ela se esbarra com Orlando.

- Anne. O que aconteceu?

Ela o abraça chorando e diz:

- Me tira daqui por favor!

Nesse momento Johnny que havia ido atrás dela, a vê abraçada a Orlando e recua pra não ser visto por eles.

- Anne, fica calma e me diz o que aconteceu.
- Eu só quero sair daqui, por favor!
- E pra onde você quer ir?
- Qualquer lugar.

Johnny ficou com medo que ela contasse pra Orlando que ele a tinha beijado. Seria a pior maneira de Orlando ficar sabendo.
Orlando a leva pra cobertura. Johnny volta pro seu quarto e diz pra si mesmo:

- Tomara que ela não conte nada. Por que será que ela foi se consolar logo com ele?
Mesmo sabendo dos sentimentos dele, ela o abraça, mas em mim ela dá um tapa.

Johnny se deita na cama, coloca o braço sobre a testa e fica lembrando do beijo. Ele fecha os olhos, dá um suspiro e um sorriso de canto de boca.

Lá na cobertura Anne continua chorando e Orlando pergunta:

- Anne, o que você tava fazendo no 3º andar? eu pensei que você ainda estava na casa da Sophie. É impressão minha ou você estava vindo do quarto do Johnny?
- É, eu estava lá sim. Eu fui falar pra ele que o meu tutor deu permissão pra eu ser amiga de vocês dois. Quando eu saisse de lá, eu ia te procurar pra te contar também. Só que... a gente acabou brigando e eu saí de lá correndo sem nem saber pra onde ir.
- Por que vocês brigaram? você não já tinha desculpado ele por ontem?
- Desculpei sim. A briga foi por outra coisa. Eu não quero falar sobre isso, é melhor você perguntar pra ele.
- Foi tão sério assim?
- Orlando...
- Tudo bem. Me desculpe. Depois eu pergunto pra ele.
- Então... é... foi uma ótima notícia a que você me deu. (diz Orlando)
- Que notícia?
- Que o seu tutor deixa sermos amigos.
- Ah claro.
- Parecia que isso nunca ia acontecer. Como você conseguiu?
- Fazendo uma promessa pra ele.
- Que promessa?
- Eu prometi que essa amizade nunca ia se transformar em nada mais sério, nem com você, nem com Johnny. Eu espero que vocês se conformem com isso.
- Como assim nós dois? pelo que eu sei pro Johnny você não precisa pedir uma coisa dessas, já que ele só gosta de você como amigo, não é?
- Claro... é... "vocês dois" foi só uma maneira de dizer. (diz Anne sem jeito)
- Por que você mesma não me conta porque brigaram?
- Você quer mesmo saber?
- Quero.
- Tudo bem. Nós brigamos porque ele... é que o Johnny...
- Johnny o que? o que ele fez?

Johnny resolveu ir procurá-los pelo Hotel e chegando na cobertura ouve essa última conversa e diz:

- Eu me meti na vida dela e acabei a ofendendo. Foi isso. Eu vim justamente me desculpar.
- Bom... então eu vou deixar vocês à sós e por favor façam as pazes. (Orlando se retira)
- Por que não me deixou contar a verdade? (pergunta Anne indignada)
- Por que não. Eu sabia que você ia contar. Ainda bem que eu cheguei a tempo.
- Então quer dizer que você só veio pra impedir que eu contasse a verdade? você disse que tinha vindo se desculpar.
- Mas eu vim me desculpar, só que...
- Você resolveu unir o útil ao agradável, não foi? (diz Anne)
- Anne, eu não quero continuar brigando. O que você quer que eu faça pra me perdoar por tudo que eu disse e o que eu fiz?
- Não quero que faça nada. Você não devia ter me beijado. Você fez isso no pior momento da minha vida.
- Me perdoa, por favor! (diz Johnny)
- Só se você me prometer que nunca mais fará isso de novo.
- Nunca mais é muito tempo. Mas eu prometo que vou saber esperar.
- Espero que cumpra e nunca mais tome atitudes precipitadas.
- Posso te dar um abraço? (pergunta Johnny)
- É melhor não.
- O Orlando você abraçou né?
- Como assim? eu não acredito... Johnny... você tava me seguindo?
- Não. Eu tinha ido atrás de você pra me desculpar. Mas você acabou encontrando Orlando no corredor, então eu não quis atrapalhar.
- Não quis atrapalhar mas ficou me espiando.
- Pelo amor de Deus Anne, eu não estava espiando. Não vamos começar tudo de novo, por favor.
- Tudo bem, deixa pra lá. (diz Anne)
- Você me desculpou mesmo?
- Sim. Será que minha palavra não basta?
- Claro que sua palavra basta, mas um abracinho só não vai arrancar pedaço, né? (diz Johnny dando um sorrisinho)
- Ai caramba. Se eu não der esse abraço você não vai sossegar, não é?
- Não mesmo. (diz ele)
- Tudo bem. (Anne lhe dá um abraço)
- Já tá na hora do almoço. Você quer me acompanhar? (pergunta Johnny)
- Sim.
- Vou ligar pro Orlando pra ele nos acompanhar. (diz Johnny)
- Tá.

Johnny liga pra Orlando e diz que fez as pazes com Anne e pede pra ele ir para o restaurante do Hotel pra acompanhá-los no almoço.

- Vamos. (diz Johnny)
- Eu nem acredito que vou poder sentar à mesa com vocês sem correr o risco de ser punida pelo meu tutor.
- Nem me diga. (diz Johnny e os dois seguem para o restaurante)

Anne, Johnny e Orlando almoçam juntos.
O Sr. Wilkinson passa por eles, apesar de não gostar nada do que estava presenciando, ele não diz nenhuma palavra, apenas dá uma olhada pra Anne como quem quisesse dizer: to de olho em você!

Faltam 2 semanas para o Natal. O Hotel está todo decorado e com uma árvore de Natal enorme no saguão. O ambiente estava realmente lindo e acolhedor.
Durante essas 2 semanas, Anne passou a maior parte de seu tempo na companhia de Johnny, Orlando e Sophie que apareceu algumas vezes.

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