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Any Gabrielly

Rodo o copo, brincando com o gelo que está derretendo no mesmo pensativa.

Você já chegou a pensar se está fazendo o que realmente quer? Talvez recebemos sinais de que aquilo não dará certo e que dá tempo de desistir, e eu acho que é meu caso.

— Se pensar demais sairá fumaça da sua cabeça. – Josh diz ao se sentar ao meu lado, com uma garrafa de cerveja em mãos.

— Sabe quando uma interrogação surge na sua cabeça e você repensa se está fazendo o certo? Não exatamente o certo, mas seguindo o verdadeiro caminho?

— Você se referi ao teatro? – Assinto. — Se você se sente bem atuando, em cima dos palcos, você se sente em casa acho que está indo pelo caminho certo. Nada é fácil Any, sempre haverá obstáculos, mas nenhum deles é impossível de ultrapassar.

— Poético.

— Agora eu estou falando sério e você debocha.

— Eu só bebi um copo da bebida. – Levanto o copo, mostrando o pouco que resta no copo. — E nem terminei. Estou tentando ser menos careta.

— Você não é careta.

— Duvido, eu sou a única que não vai a muitas festas, não me envolvo regularmente com ninguém. Me dedico horas e dias para o teatro, não posso dizer que sou santa, pois ninguém é, mas também não sou depravada. Eu sou careta.

— Não é careta, só tem medo de viver.

— Eu não tenho medo de viver! – Me defendo, e o mesmo me olha, arqueando uma das sobrancelhas. —  Ok, talvez um pouco.

— Não deveria ter medo, você veria que a vida é bem diferente do lado de cá.

— Conversei com a diretora, pedi pra ela não suspender você.

— Não precisava, não seria a primeira vez. Já fui suspenso diversas vezes. Dona Ursula queria me matar por isso.

— Achei que devia a você.

— Mas não deve, quem deve sou eu, por ter jogado seu celular na piscina. Eu tinha sido desafiado a beber alguns shots de vodka pura, já não estava mais respondendo por mim mesmo.

— A bebida já colocou você em situações ruins, uma delas foi você quase ser advertido do time por uso de drogas, e você parece não entender.

— Tradução das suas palavras, sou um cabeça dura.

— Não, é burro mesmo.

— Ok, essa eu mereci. Quer fazer algo?

— Como o quê?

— Não sei, não quero voltar pra casa. Ainda não contei pros meus pais do ocorrido, não quero decepcionar meu pai... – Diz cabisbaixo.

— Você diz que eu me esforço bastante, me vê dando duro pelo que sonho mas seria hipocrisia minha se não admitisse que você também se esforça. Eles vão entender, eles confiam em você, depositam confiança no seu sonho.

— Aí tá o problema, eu sempre quero elevar as expectativas dos meus pais, quero que se orgulhem de mim como se orgulham do meu irmão. Jonah está na Espanha, correndo para uma marca renomada do pais.

— Eu via ele com várias peças de carro na antiga garagem, sempre queria deixar os motores do velho carro do seu pai funcionando como uma máquina destrutiva, como ele mesmo dizia.

— Jaden quer ser jogador de Hóquei, essa semana levou um golpe na canela, agora está melhorando mas está na casa de um amigo por uns dias.

— Ele é um Beauchamp, adora levar porradas e ficar todo roxo pelo esporte. – Aponto para seu ombro onde uma pequena cor roxa está presente, consequência de uma pancada.

Hurts so goodOnde histórias criam vida. Descubra agora