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Any Gabrielly

Duas semanas em uma dieta que meu nutricionista passou, duas semanas me cuidando ao máximo, duas semanas com meu namorado sendo um fofo e atencioso. Nesse período, fiquei menstruada, tradução: Fiquei insuportável, terminei e voltei com o pobre coitado do meu namorado três vez, obviamente ele não levou realmente ao pé da letra pois ele me conhece, sabe que sou impulsiva e ainda de TPM tudo piorou.

Estou aqui, sozinha em uma farmácia, comprando testes de fertilidade, vários, quando disse vários é literalmente vários.

Estou tendo que lidar com os olhares, aqueles olhares que você consegui ler, e eles são: Essa garota não é nova demais pra isso? Ou: O que essa garota está fazendo? Será que ela sabe pra que servi isso?

Tento não prestar muita atenção neles pois isso já está me deixando nervosa. Junto com os testes de fertilidade comprei testes de gravidez, pra deixar guardado, vai que eu tenha vontade de fazer um e de positivo.

— Está aqui senhora, deu quarenta e três dólares. – A funcionária me entrega a sacola.

Pago pelas compras e saio do estabelecimento até o carro de Lamar, Heyoon pegou o carro emprestado já que ele e o time estarão treinando hoje o dia inteiro na cidade vizinha e só voltam depois de amanhã.

— Você vai revender os testes Gabrielly? – A coreana questiona ao me ver entrar no carro com uma sacola gigante.

— Nossa que engraçada você Heyoon, já comprei para ter de estoque.

— Any, você não está se cobrando demais com isso?

— Não, não estou. Só quero ter os testes de fertilidade pra saber quando estou ovulando. Só isso.

— Se você diz.

Heyoon segui para o meu apartamento, ela quis me ajudar com a mudança, sim a mudança, não terminei ela ainda, e não pude negar, eu precisava de ajuda.

Josh teve que viajar por dois dias e meu coração ficou apertado, dormi na casa do meu pai e não resolvi nada do que tinha que resolver.

Confesso que a faculdade, mais a mudança, mais o meu trabalho estão me deixando bem cansada. Quase não paro em um lugar, passo quase o dia inteiro na rua e só chego em casa por volta das oito e meia.

Quando Josh não está, tento me virar na cozinha pois por incrível que pareça, ele cozinha melhor que eu.

Só não deixe ele saber disso.

Quando Josh viaja, sinto sua falta, depois do acidente Josh continuou viajando com o time, e isso me deixa com o coração na mão, mas ele me tranquiliza de uma em uma hora sobre seu trajeto.

Como vou ficar em casa o dia inteiro e Heyoon ficará comigo, já que  ganhamos folga da loja, ela irá me ajudar com tudo.

— Duvido que não tenha transado na primeira noite que essa cama chegou. – Heyoon diz ao pegar mais peças e colocar no guarda-roupas.

Sim, com meu primeiro salário comprei o guarda-roupas para nosso quarto, também consegui comprar um sofá legal, que ainda não chegou.

— Você já sabe a resposta.

A coreana ri enquanto pendura meus casacos no cabide.

Aos poucos nosso cantinho está crescendo.

Josh comprou praticamente a cozinha inteira pois trabalhou em dobro e conseguiu comprar tudo que queria, até agora.

Não é pelo fato de sermos filhos de pessoas bem asalariadas que vamos viver nas costas das mesmas.

Já fiquei brava quando meu pai quis comprar mais coisas pro nosso apartamento, ele já havia dado se lugar, me deu uma TV enorme, uma cama maravilhosa mas já chega.

Ursula me fez aceitar um móvel por presente pro apartamento novo, mas foi só isso, não quero que as pessoas comprem todos os móveis, detesto isso.

Olho para Heyoon que parece concentrada em guardar as peças de roupa e corro pro banheiro.

Só um não vai mudar em nada, só pra desencantar mesmo.

Pego o teste de fertilidade e olho as instruções para não fazer nada de errado.

É como um teste de gravidez.

Já fiz um teste desses uma vez, só pra desencanar pois havia bebido e transado com um cara, águas passadas.

Faço o que precisa ser feito e coloco o teste na urina, espero o tempo indicado na embalagem e olho o resultado.

Uma única listra.

Ok, está tudo bem, talvez seja pelo fato de estar quase menstruando, a TPM está vindo e não sei se Josh estará em casa pra fazer o quê sempre faz, me mimar e me dar comida.

Enquanto estou nesses dias, pareço um macaquinho pendurado na mãe, fico quase vinte e quatro horas com Josh e ele parece gostar disso, só não gosto quando ele começa a rir do meu choro, por mais irônico que isso seja.

Olho pra fita sobre a pia vendo somente um risco, esperando os minutos passarem pro segundo aparecer, mas ele não aparece.

Droga.

Respiro fundo e jogo o teste no lixo, me olho nos espelho e tento, mentalmente, me consolar.

Volto ao quarto e ajudo Heyoon com as roupas, assim que terminamos já se passavam das onze então decidimos pedir algo para comer aqui mesmo.

— Não acredito que você me fez pedir esse prato Heyoon.

— Recebi ordens de não deixar você comer besteiras Any, seu namorado quem pediu.

— E eu achando que enquanto ele estivesse longe, poderia comer tranquila.

— Achou errado. Josh me pediu pra tomar conta de você.

— Quero ver ele me negar alguma besteira quando eu estiver grávida.

— Aí é com ele, por agora sou eu quem está cuidando de você a pedido do seu namorado.

— Ok... babá.

— Credo, Deus me livre.

Nos sentamos no chão e comemos enquanto assistíamos TV, pois é, temos TV mas não temos sofá.

— Eu fico feliz que no final, tudo entre vocês dois tenha dado certo. – Heyoon diz ao pegar seu arroz com curry com o hashi.

— Eu não colocava fé nisso... e olha onde chegamos.

— Lamar duvidou de vocês, disse que se matariam na primeira oportunidade, mas depois da festa, que viu vocês quase se beijando na cozinha ele também começou a apostar no relacionamento de vocês.

— Nem a gente sabia onde isso iria dar, só deixamos as coisas fluírem e deu nisso.

— Eu vi um teste de fertilidade no lixo Any.

— Foi só pra descartar uma dúvida, estou quase entrando na TPM ou já estou de TPM, só queria saber se óvulo nesse período.

Invento uma desculpa para que a mesma acredite, e espero ter funcionado.

— Sério Any, sei que está ansiosa mas tudo no seu tempo.

— Eu sei, e nem deveria estar pensando nisso, nem sofá temos ainda, só temos uma cama, uma TV, um guarda-roupas e algumas coisas na geladeira.

— Isso com o tempo vocês vão adquirindo.

— Isso tudo é muito doido?

— Não... não tanto. –  A mesma diz com um sorriso simples.

— Eu sei, é completamente maluco. Pareço uma adolescente querendo me arriscar em algo que surgiu de repente na minha cabeça.

— Any, esqueça isso, você não é mais uma adolecente. Tem a mente aberta, está fazendo sua vida, quer construir uma familia, isso não é uma loucura de adolecente, é um passo maduro que está dando.

— Tem razão. Nada melhor do que uma amiga de vinte e quatro anos pra me ajudar.

— Você falando parece que sou velha.

— E não é? – Heyoon me olha brava. — Estou brincando.

— Idade não quer dizer nada ok?! – Exclama ao levar o alimento a boca, me fazendo rir.

Hurts so goodOnde histórias criam vida. Descubra agora