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Any Gabrielly

Acabei de dar o meu melhor nesse palco, ensaiei as falas por dois dias seguidos, entendi cada sentimento que o personagem sentia e já sentiu. Como se eu tivesse vivenciado o sofrido  personagem e sua vida desprezível.

— Então senhorita Soares... – Gregory, o cara quem julgar as atuações, barra duretor da peça começa a dizer e minhas mãos começam a ficar úmidas. — Você tem um potencial incrível pra atuação, suas falas saíram tão naturais que me vi dentro da peça. – Sorrio simples, com medo da próxima frase. — Mas infelizmente você não se encaixa pro papel. Eu sinto muito... terá mai...

Eu o interrompo.

— Desculpe mas não diga isso, já ouvi demais e essa frase me da dor de cabeça ao ouví-la. – Pego minhas falas que deixei no chão do palco. – Obrigada pela oportunidade Gregory. Boa sorte com sua peça.

Saio do teatro vendo que são mais de onze e meia, fiquei horas esperando para fazer o teste, me dediquei ao máximo e novamente um não. Mais um pra coleção.

Viva!

Seco a lágrima que deixei cair e ergo minha cabeça, deixando o papel com as falas no primeiro lixo público que vejo. Eu realmente não sei o que faço agora, vou pra casa e choro até não ter mais lágrimas, questionando meu potencial pela... quinquagésima vez? Ou ando pela cidade sem rumo até parar em um bar e beber uma dose de Tequila ou vodka pura, rasgando minha garganta.

Não é isso que eu preciso. Eu preciso de um abraço, eu queria tanto que ela tivesse aqui...

— Maldita proposta de emprego inútil! – Digo brava e aí percebo que estou em público falando sozinha.

Vão me achar estranha, ou eu realmente sou uma estranha.

O quê você está pensando Any Gabrielly? Você vai pra casa antes que faça uma besteira.

Peço um taxi já que não tenho celular para chamar um carro por aplicativo e volto pra casa. Como esperava, o carro de meu pai não estava em casa, duvido que tenha saído para se divertir, deve estar em um jantar de negócios com asiáticos que falam rápido demais.

Assim que entro em casa vejo tudo escuro, Pipoca corre até mim e o pego no colo, recebo algumas lambidas na bochecha e o levo até seu pote, sirvo sua ração e troco sua água.

Subo até meu quarto mas quando ia me jogar na cama e chorar lamentando o meu fracasso ouço barulhos vindos da quadra de basquete dos Beauchamp's.

Caminho até minha varanda e vejo Josh arremessar a bola algumas vezes na cesta, sempre acertando cada jogada.

Fecho a janela e desço as escadas, pego a chave de casa pelo simples motivo, ela geralmente se tranca sozinha e quem tá de fora sem chave não entra. Não tô afim de pular a janela do meu quarto pra isso.

Passo entre as duas residências e me recordo do dia em que me joguei na piscina para reviver meu celular, passei por aqui quando voltei pra casa. Afasto esses pensamentos quando avisto Josh concentrado nas cestas que está fazendo sem dificuldade.

Corro até ele e envolvo meus braços em seu corpo, o abraço tão forte que o mesmo se assusta.

— Any está tudo... – Ele não termina a frase pois choro descontroladamente. — Hey, eu tô aqui. O quê foi?

— Eu tô cansada Josh, cansada fisicamente, mentalmente. Eu só queria minha mãe aqui comigo agora. – Digo entre soluços.

Josh deita sua cabeça sobre a minha, acariciando meus cabelos carinhosamente e de certa forma isso me acalma.

Hurts so goodOnde histórias criam vida. Descubra agora