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Any Gabrielly

Olho pela janela, contando as placas amarelas pela estrada, na placa numero oito meus pais começaram a discutir. Na placa onze minha mãe chamou meu pai de cretino, na placa treze meu pai a chamou de ingrata, na placa quinze levei as mãos aos ouvidos, tentando abafar a discussão, maldito dia que esqueci meus fontes de ouvido.

Belinha parece não entender nada, mas está olhando para nossos pais com curiosidade, ela não entendi que isso é horrível de se ouvir.

Quando meu pai pediu a sexta dose de bebida de cor amadeirada, fechei os olhos fortemente, pedindo que fosse o último, e foi, mas eu não sabia o que vinha depois disso.

— Eu me esforço para ser um pai digno para nossas filhas e só porquê não posso ficar com elas pra você viajar para um desfile de moda idiota, você acha que sou um péssimo pai Priscila? – Meu pai questiona, quando entramos na estrada de mão dupla.

— Sabe que isso é importante pra mim Sílvio, levei meses para conseguir isso, são só quatro dias.

— O aniversário da sua filha é em quatro dias Priscila. – Minha mãe não responde. — Claro que você esqueceu.

— Mamãe, você esqueceu do meu aniversário? – Questiono, com a voz embargada.

— Não meu amor, claro que não. Como poderia esquecer?

— Esquecendo, as outras pessoas parecem mais importantes que a gente. Não somos suas prioridades mamãe. Não precisa se preocupar, eu, o papai e a Belinha vamos ao parque, pode ir pra sua viagem idiota.

— Olha a boca Any Gabrielly! – A mesma me repreendi.

— É idiota sim! Você escolhe elas do que a gente, prefere ficar longe da gente do que comemorar meu aniversário!

— Minha filha, a mamãe já explicou que precisa ir.

— Não, não precisa. Ouvi o papai dizendo que você pode fazer de casa o que vai fazer lá. Você não quer estar com a gente, você não gosta da gente!

— Não diz isso minha filha, claro que eu quero estar com vocês, vocês são minhas filhas.

— Eu falo do papai também.

— Do seu pai também Any, mas é o trabalho da mamãe.

— Tanto faz... você não vai estar na minha apresentação da escola mesmo.

— Droga! A sua apresentação! – Exclama ao jogar a cabeça para trás.

— Eu disse a você, mas você estava ocupada demais pra ouvir. – Meu pai diz logo em seguida.

— Também estava ocupada demais para ver a fadinha colocar a moeda em baixo do meu travesseiro.

— Pra quê eu vou ver seu pai colocando dois dolares em baixo do seu travesseiro? – Questiona e olho surpresa para a mesma.

— Porque você mamãe?

— Parabéns Priscila, você conseguiu. – Meu pai diz com desgosto.

— Meu amor, a fadinha do dente me deixou encarregada de cuidar dos seus destinhos é isso. – A mesma tenta consertar seu erro.

— Então ela é burra, você está sempre viajando, como vai me dar os dois dolares todas as vez que perder um dente?

Meus pais se entreolham, meu pai balança a cabeça decepcionado.

— Espera, a fada do dente não existe? Tudo é uma mentira?

— Não é assim meu amor, deixa a mamãe explicar.

Hurts so goodOnde histórias criam vida. Descubra agora