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Any Gabrielly

Ando pelos corredores com alguns livros em mãos, não consegui nenhum teste que me encaixasse no papel nesses dias. E olha que tem teste quase toda semana.

Estou sentindo falta de atuar nos teatros, por míseros figurantes meus personagens fossem, eu estava lá, fazendo o que eu gosto.

Assim que chego no meu armário e coloco minhas coisas nele vejo Sabina correr pelos corredores, quase dando pulinhos de alegria.

— Lá vem coisa... pode ir contando. – Peço assim que a mesma para ao meu lado, quase roendo as unhas.

— Eu consegui uma audição! – Diz animada.

— Quê incrível Sabina! Em qual banda?

— A que toca toda Sexta naquele bar muito movimentado.

— Wow, você merece. Parabéns. – Digo contente.

— Any, você está bem? Está pálida, você emagreceu também.

— Sério? – Questiono olhando meu corpo. – Nem percebi.

— Você anda comendo?

— Sim mamãe! – Digo revirando os olhos. Não, eu não ando comendo bem, isso já tem dias, mas não é algo grave. E só preocupação por não conseguir um papel. — Você se preocupa atoa Sabina, eu estou bem. – Afirmo para que assim, a mesma se acalme.

— Tem certeza?

— Quer que eu abra o meu estômago pra você ver meu café da manhã?

— Não sua nojenta, só estou preocupada com os meus cachinhos de chocolate. – Diz carinhosa.

— Eu agradeço do fundo do meu coração por se preocupar comigo, mas eu estou bem. Agora vamos pois temos aula e o sinal já vai tocar. Se nos atrasarmos vamos ver da janela da porta.

Sabina ri, mas concorda.

Não quero que ela se preocupe comigo, eu estou bem, só não estou tendo fome. Isso já está acontecendo desde o começo das aulas, eu estou bem, é só nervosismo por causa dos testes. Sabina é paranoica e está me deixando paranoica junto com ela.

Afasto esses pensamentos quando Sabina abre a porta da sala de biologia e adentramos a mesma. Meu pai diz que se algo não der certo, temos que ter opções, por isso faço mais de um curso. Eu concordo com ele, se não der certo, só partir pra outra.

Agora pensando nisso, me faz questionar se é isso que quero pra minha vida, viver sobre os palcos, isso é, se eu conseguir um papel para que pelos menos suba no palco não só pra ganhar um maldito não.

— Any Gabrielly? – Ouço meu nome ser chamado e me viro, vendo um dos diretores do teatro há poucos passos de mim.

— Pois não?

— Você foi aceita no teste, será a Meridiana, aqui está suas falas e algumas curiosidades da personagem para encorporar. – Diz tudo apressado, sem me dar uma brecha para pelo menos agradecer. — A peça é daqui três semanas, boa sorte.

O mesmo se vira voltando ao teatro sem que me deixe agradecer.

Olho para Sabina que também olha pra mim e corro até a mesma,  começamos a dar pulinhos e soltar alguns gritinhos agudos.

— Eu sabia cachinhos de chocolate, nunca duvidei do seu potencial.

— Aí Sabina, eu tô tão feliz!

— E eu to o dobro, todo mundo sabe que você dá corpo e alma para o teatro. Vai se sair incrível e eu estarei na primeira fileira, aplaudido como uma mãe emocionada.

Hurts so goodOnde histórias criam vida. Descubra agora