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Any Gabrielly

Olho para a porta enquanto tento ter coragem de descer. Dialogar com a minha mãe é algo impossível, ela sempre terá a razão e quem não gostar, que se foda.

Respiro fundo, me levantando da cama. Assim que me vesti, me joguei na cama novamente, na tentativa de que tudo isso fosse um sonho, quer dizer, um pesadelo.

Não tem outra forma, outro jeito, é alto demais pra pular a varanda e não me matar. A varanda do quarto de Josh é bem longe da minha, fora de cogitação.

Não tem outro jeito, eu tenho que encarar minha mãe de uma vez por todas.

Me levanto, seguindo até a porta, quando abro a mesma, ouço minha mãe dar ordens para Paula, tão rígida e cheia de marra. Essa casa não é mais dela, quando meu pai não está, eu mando nela, não parece pois nunca é preciso. Eu e Paula temos uma boa relação, estabelecemos suas funções, qual executa corretamente.

- Eu detesto meu café dessa forma! - Diz puramente irritada.

- Desculpa, a senhora não especificou como preferi seu café. - Paula diz reclusa.

- O quê está acontecendo aqui?

- Não se intrometa Gabrielly, estou falando com a empregada.

- Governanta, ela é nossa governanta. E ela não tem que saber como você quer seu mísero café. - Digo ao descer as escadas.

- Tanto faz, eu quero meu café agora.

Paula pega sua bolsa para sair e lhe olho. - Onde você vai?

- Pegar o café da sua mãe. - Diz simples.

- Nem pensar, se ela quiser, ela que pegue. Você é nossa governanta para deixar a casa em ordem não para servir de empregada, fazendo as luxúrias da minha mãe.

Priscila revira os olhos, cruzando os braços.

- É só um café Gabrielly. - A mesma diz impaciente.

- Pois bem, vi que está de carro, você conhece onde fica a cafeteria. Ah, e se você se importa mesmo com sua filha, traga um doce pra ela. Belinha gosta de donuts de chocolate, não esqueça.

- Eu tenho cara de quem vai pegar o café Any Gabrielly?

- Se tiver com vontade de tomar sim.

- Sério mãe, é só um café. - Minha irmã diz cansada, indo até a cozinha.

- Não é só um café minha filha, eu impus uma ordem que não foi feita.

- Calma aí, essa casa não é sua, o salário da governanta não é você quem paga, nem o imposto dessa casa. Não tem direito algum de dar ordens aqui dentro.

- Conviver com seu pai deixou você insuportável Gabrielly!

- Você parece se importar tanto com a gente que só ouvi a palavra filha uma vez desde que chegou. Quando sua máscara caiu, a farsa de mãe com saudade da filha caiu do seu rosto. Quer saber, Paula você ganhou folga, eu vou sair e se Belinha quiser ir comigo será um prazer. Minha mãe que se vire pra tomar café da manhã e também o almoço, pois vou dizer que não vou almoçar em casa, e meu pai nem sairá do trabalho para vir almoçar. Meu pai pelo menos tenta ser presente na minha vida, por mais complicado seja.

- Você levanta muito a moral do seu pai Gabrie... minha filha.

- Não precisa se corrigir, o Gabrielly é mais sincero do que o filha. - Olho para Belinha antes de questionar: - Você quer almoçar com sua irmã?

- Óbvio que sim, mas só se for naquele restaurante temático quando íamos há anos atrás. - Diz alegre.

- Meu deus pirralha, você lembra.

Hurts so goodOnde histórias criam vida. Descubra agora