CAPÍTULO 88

7.3K 598 152
                                    

Dia 521 depois do fim

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Dia 521 depois do fim

DARYL

Às vezes, tudo que preciso é sair da prisão e andar pela floresta. Está tão barulhento lá, tão cheio de pessoas andando de um lado ou outro, que me sinto sufocado. Então pego minha besta, junto minhas flechas e atravesso as cercas. Fico aqui por um tempo, caço e volto quando me sinto melhor.

Quando sinto que é suportável.

Carrego um animal nas costas. O bicho é pesado, tanto que não paro de ofegar. Será uma boa refeição para nós, talvez dure alguns dias se conseguirmos preservar a carne.

— Daryl! — Glenn me cumprimenta ao abrir o portão. — Posso ajudar com isso? Parece pesado.

— Numa boa — murmuro, dispensando sua ajuda.

Atravesso o campo, adentrando o pátio.

— Boa caçada, irmão! — Merle vem ao meu encontro. — Deixa que Janine e eu preparamos.

Limpo o suor da testa.

— Viu a Aurora?

— Não, mas acho que deve estar lá dentro.

Aceno com a cabeça e entro no bloco, indo direto para o nosso quarto. Ou cela, se preferir. Aurora está em nossa cama, dormindo abraçada com Judith.

— Oi, bravinha — falo em voz baixa. Seus olhinhos me encaram e ela sorri.

Livro a bebê dos braços protetores da Aurora e vou em direção à saída.

— Daryl? — sua voz sonolenta me faz parar. Merda. — Aonde vai levar ela?

— Para dar uma volta. Pode voltar a dormir — digo, me virando para olhá-la.

— Ei — ela desliza para fora da cama e vem até mim, pegando Judith. — Você acabou de chegar, nem se lavou ainda.

— Não tem nada demais, Aurora. Só estou sujo de terra, não me envolvi com nenhum morto.

Ela força um sorriso.

— Acho melhor você tomar banho antes, depois pode passear com a Judi.

Seguro um suspiro e aceno, saindo da cela.

Ao invés de seguir para o banheiro, vou até o pátio interno da prisão. Ainda não preenchemos esse bloco, então não há barulho ou gente andando por aqui. Pego um cigarro no bolso da camisa e acendo, dando o primeiro trago.

Os últimos meses foram... É difícil descrever. Não deve existir uma palavra específica, um termo que resuma bem. Não sei como me sinto, não sei o que devo fazer. Só continuo aqui, existindo, sobrevivendo, fazendo a minha parte.

Pensei estar blindado, que não havia nada que pudesse me destruir depois do passado de merda que tive. A queda do mundo não me balançou, não me afetou. Apenas me fortaleceu. Mas o que aconteceu depois... Isso me destruiu.

Save MeOnde histórias criam vida. Descubra agora