Epílogo

733 124 177
                                    

Trinta e três anos após o fim

LEXY DIXON

É incrível a capacidade que as pessoas têm de capturar detalhes. Eu cresci ouvindo histórias, sobre o fim e o começo, sobre a queda e a ascensão. O ponto, é que não importa quantas vezes as histórias sejam contadas, sempre haverá algo a acrescentar, porque cada pessoa congelou o momento em um milissegundo diferente.

As histórias falam sobre um mundo que não conhecemos, e também como ele acabou. Elas contam tudo que nossos pais suportam para estarmos aqui hoje, trinta e dois anos após a queda, vivendo com a tranquilidade e segurança que eles conquistaram.

É difícil imaginar meus pais lutando para sobreviver. Quando olho para minha mãe, em suas roupas bonitas, andar elegante e sorriso suave, não consigo visualizá-la andando por aí suja de sangue podre e carregando uma arma. E o meu pai, bom, ele é o cara que me ensinou a andar de bicicleta na rua de casa, fazia trancinhas no meu cabelo e beijava meus machucados. Papai caçando esquilos fofos? Deus do céu, que ultraje!

— Para de me cutucar! — Dou um peteleco na cabeça de Theo, que está afundando o dedo nas laterais da minha barriga sem parar.

— Faz ela mexer.

— Não é assim que funciona, seu idiota.

Como resposta, ele cutuca outra vez.

— Vou te dar um soco, Theo!

— Mexe, gatinha! — Ele faz um carinho em minha pele, pois sabe que vou mesmo socá-lo se continuar me irritando.

Às vezes penso que Theo está se aproveitando do meu estado para fazer suas experiências. E essa deve se chamar "por quanto tempo posso irritar minha melhor amiga grávida até ela me sufocar".

— Para de tocar na minha mulher! — Hunter fala com uma cara feia ao se aproximar, todo molhado. Ele acabou de mergulhar daquela merda de penhasco, mesmo eu dizendo que não ia ajudar se ele acabasse com a cabeça rachada. — Parece um tarado.

Theo o encara com desgosto.

— Por que você tinha que engravidar bem desse cara, Lexy?

Empurro meus óculos escuros para o topo da cabeça e me apoio nos cotovelos, apreciando meu namorado.

Hunter Rhee é a visão mais deliciosa e abençoada que tenho o prazer de ter todos os dias. É absurdo o quanto esse homem é bonito.

— Se você der uma boa olhada, vai entender o motivo.

Theo revira os olhos e se levanta, afastando-se em seguida. Aposto que vai procurar o Adam para encher o saco dele. E depois vão acabar se pegando em algum canto dessa pedreira, óbvio.

— Você tá todo molhado, amor! — solto em um gemido quando Hunter se enfia entre minhas pernas, como se eu fosse seu colchão, e apoia a cabeça em minha coxa, com as mãos acariciando minha barriga.

— E você tá muito chata.

— Ah, tá! — Agarro seu cabelo, fazendo-o soltar um grunhido. — Experimenta estar grávida de cinco meses, com seus hormônios fervilhando, seu cretino!

Ele resmunga e esfrega o couro cabeludo.

— Mas você tá forçando a barra, meu amor. Ficou de cara feia só porque eu fui saltar com os meninos.

— Eu tenho medo de que você se machuque!

— Eu não ia me machucar, sei o que estou fazendo.

Por que os homens têm essa mania chata de achar que são invencíveis?

Save MeOnde histórias criam vida. Descubra agora