DARYL DIXON | +18
Depois de saber do "acidente" que deixou seu cunhado em coma, Aurora Fisher retorna à sua cidade natal para dar apoio a irmã e ao sobrinho. Sua estadia não dura muito, já que alguns dias depois os mortos passam a assombrar a terra...
ATENÇÃO: Esse capítulo é extremamente sensível! Não leia se não se sentir confortável (Principalmente se for gestante).
Coloque sua playlist triste e pegue um lencinho, você vai precisar.
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Dia 436 depois do fim
AURORA
Eu sabia que teria dificuldade para dormir, mas não imaginei que seria tanta.
Me sinto desconfortável, fadigada. Não consigo parar quieta em uma posição e, quanto mais eu me mexo, pior parece ficar.
Caminho pelo corredor iluminado apenas pelo lampião, mas paro ao sentir um chute forte nas costelas. Love está muito agitada, resultando na minha inquietude. Se Daryl estivesse aqui, eu pediria para ele conversar com ela e acariciar minha barriga, como sempre faz.
— Durma um pouco, querida — digo, cutucando o ponto que ela chutou. — Por favor. A mamãe precisa descansar.
Volto para o quarto e me deito novamente, de lado e com a barriga apoiada nos travesseiros. Não aguento cinco minutos e me sento na cama, suspirando.
— A magia da gravidez — falo, irônica. — Amo muito você, Love, mas não quero repetir esse lance de gravidez nunca mais. Quando você nascer, a fábrica de bebês da mamãe vai fechar.
Se antes, no antigo mundo, eu pensava em ter mais de um filho, agora estou decidida a parar no primeiro. Estar grávida é mais cansativo do que eu pensava, e também tem os riscos. Fico limitada e vulnerável, não quero fazer isso outra vez.
Estou amando gerar minha filha, sentir seus movimentos, ansiar por sua chegada, mas também estou aflita. Tenho medo de como tudo vai se desenrolar em seu nascimento. Não quero passar meses com essa aflição outra vez. Querendo ou não, uma gravidez é um grande risco.
Confesso que se tivesse tido a escolha de engravidar nesse novo mundo, não o teria feito. Aconteceu por descuido, não por planejamento. Eu já estava conformada com a ideia de que nunca seria mãe, e tudo bem. Todos tivemos que reformular nossos sonhos e desejos para cabermos em nossa nova realidade. Mas Love aconteceu, uma gravidez inesperada, mas bem-vinda. E, por graça divina, veio no momento em que encontramos um lugar para ficar, um bom lugar.
Fico feliz por Love e Judith crescerem juntas, mas tenho receio de como esse mundo irá moldá-las. Serão meninas normais, com preocupações infantis, ou crianças assustadas, que estão sempre na defensiva? Carl e Sophia viveram no antigo mundo, sabem como tudo foi, mas as meninas só conhecerão esse mundo, e os mortos serão algo comum, apenas um detalhe do outro lado da cerca. Me sinto mal por elas.
De tanto pensar, acabo adormecendo.
...
"A luz esbranquiçada me atinge em cheio, me fazendo piscar os olhos repetidas vezes. Olho em volta, mas não vejo nada com clareza, parece que tudo está borrado.
