CAPÍTULO 62

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Dia 250 depois do fim

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Dia 250 depois do fim

AURORA

Os dias se arrastam. Não daquele jeito tedioso e normal, mas sim de forma torturante e contínua.

Quando você está na sua casa, em um lugar estável, sempre há algo para fazer. Mas quando vive se mudando constantemente, e considerando que não sobraram muitas distrações no mundo, os dias parecem durar um mês inteiro. Nunca arrumamos nada ou tentamos melhorar o local que ficamos porque sabemos que partiremos em breve.

Encho o último galão de água e o levo até o carrinho.

— Acabei. Já podemos ir.

Amy se vira para mim. Segura sua pistola na frente do corpo, cuidando da nossa segurança.

— Seria feio da minha parte dizer que não tenho pressa em voltar? — pergunta com uma careta.

— Não. Seria honestidade.

Ela suspira.

— É tão pouco espaço para tanta gente. Às vezes, acho que vou enlouquecer.

— Eu também. Mas é o melhor lugar que temos em meses.

Empurro o carrinho pela trilha de terra e pedregulhos, me irritando vez ou outra quando a rodinha enrosca.

— Sim. Estou grata por ainda termos um teto, mas ainda assim é desconfortável.

Concordo com um aceno.

Estamos ficando em uma casa pequena na floresta. Fica perto de um bairro de casinhas simples e idênticas. É de lá que tiramos nossos mantimentos. Cada vez temos que ir mais longe, mas por enquanto conseguimos nos manter com isso.

Depois da trilha, andamos por mais alguns metros pela beira da estrada silenciosa. Quase não encontramos mortos no caminho. Amy troca de lugar comigo e empurra o carrinho.

— Deixa comigo — digo, vendo dois mortos vindo em nossa direção.

Se eu puder me livrar deles, é o que sempre faço. Penso que um morto que deixo passar, pode ser o que vai me matar amanhã. E eliminar alguns deles ajuda a aliviar um pouco da raiva que sinto desse mundo idiota.

Chuto o primeiro e ele vai ao chão. Empurro o peito do segundo com o antebraço e levanto a faca, cravando metade dela em seu crânio. Ele cai por cima do primeiro e eu aproveito a imobilidade desse para finalizá-lo também.

— Não é engraçado? — Amy solta uma risada baixa. — Já até nos acostumamos a encontrar mortos por aí, faz parte da nossa rotina.

Ela tem razão. Não é mais uma surpresa ou um espanto quando nos deparamos com um morto ou um bando deles. É quase normal.

Nos acostumamos a andar armados, com facas, a correr sempre que necessário. Eu me sentiria estranha se tivesse que sair sem uma faca enfiada na bota ou uma pistola na cintura da calça. É quase como se fosse um acessório obrigatório.

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