CAPÍTULO 96

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Dia 637 depois do fim

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Dia 637 depois do fim

[30 dias sem acidentes]

AURORA

Acredito que o pior desse mundo é como nos acostumamos com as coisas ruins. Mas acostumar não significa não sentir. Vemos morte por todo lado, todos os dias. Perdemos pessoas, boas pessoas. E apesar de não ser mais uma novidade, não fica menos doloroso.

Tento não pensar em tudo que aconteceu nos últimos quase dois anos. Nas pessoas que perdemos, na fé que foi diminuindo, na esperança que lutamos para manter viva. Nos lugares que tivemos que deixar. Os mortos que enterramos, assim como os sonhos que tivemos com eles.

Mas é impossível não reviver as lembranças com as pessoas que amei ou criei laços fortes, e consecutivamente pensar em como se foram. Jim, Jacqui, Dale, T-dog, Lori, Andrea, Love... Janine. E esses são só os que mais fizeram parte da minha vida. Houve outros durante todo esse tempo, pessoas que conheci, histórias que foram contas, marcas que deixaram em mim. Esse mundo já nos tirou muito, e infelizmente ainda não acabou.

Continuar lutando significa sobreviver, mas também significa presenciar mais caos, morte e dor.

— Em que está pensando? — a voz rouca de Daryl me traz de volta ao presente.

Sua cabeça está confortavelmente deitada em meus seios e seu braço enlaça minha cintura com firmeza. Ele está cansado e a culpa é minha. Despertei antes das seis da manhã e não consegui dormir mais, então o acordei pra fazer aquilo em que somos tão bons. Preciso fazer isso mais vezes, é uma delícia escutá-lo gemer meio sonolento na minha orelha enquanto me fode lento e gostoso.

— Nada demais, só viajei por um momento.

Ele ergue os olhos azuis para mim, me analisando daquele jeito que apenas ele sabe.

— Lembranças? — Faço que sim. — Quer conversar?

Passo os dedos em seu cabelo, empurrando os fios castanhos para o lado, e sorrio para ele.

— Eu só estava pensando mesmo. Estou bem.

Ele assente e se remexe na cama, ficando de lado e me fazendo fazer o mesmo. Seu queixo repousa em meu ombro e ele me envolve como uma conchinha, enlaçando suas pernas nas minhas. Dou um sorriso agradecido, sabendo que esse é seu jeito de me consolar quando não quero falar.

Adoro a sensação que estar em seus braços me traz. Me sinto protegida, como se houvesse uma muralha entre qualquer mal e eu. Me sinto em paz, como se nada de ruim pudesse me machucar. E me sinto envolvida por amor.

— Ainda podemos dormir um pouco antes de começar o dia — ele diz baixinho e planta um beijo em meu pescoço.

Solto um murmúrio positivo, aprovando a ideia. Agora que gastei toda minha energia, acho que consigo descansar mais um pouco.

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