FIM - PARTE 2

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DARYL

Eu desperto ao sentir Aurora se mexendo ao meu lado. O abajur está ligado e ela está sentada na cama, empurrando a coberta para longe.

— O que foi? Você tá bem?

— A bebê está vindo — ela diz, apenas, e eu percebo que está encarando o lençol molhado entre suas pernas. — A bolsa rompeu.

Levo dois segundos para processar o que acabei de ouvir. Meu coração para, esqueço de respirar, e então ele volta a bater acelerado.

Empurro o medo para um lugar escondido na minha cabeça e pulo da cama, correndo até o lado dela e a ajudando a se levantar.

— Temos que ir para o hospital.

Aurora toca meu braço, sua expressão tranquila.

— Liga para o Aaron vir pegar as meninas enquanto eu troco de roupa.

Tento parecer calmo como ela, mas estou me controlando para não pegá-la no colo e correr para o hospital. Eles têm tudo que possamos precisar lá e podem ajudar Aurora a trazer o bebê com segurança.

— Daryl. — Aurora coloca as mãos em meu rosto, seus olhos observando os meus com cuidado. — Está tudo bem, amor.

Eu faço que sim e beijo sua testa antes de deixar o quarto.

Nós conversamos muito durante a gravidez da Rora. Falamos sobre as possibilidades, porque poderia haver complicações, e ela me fez prometer outra vez que eu cuidaria do bebê se algo acontecesse com ela. Essas conversas foram infernais, porque eu não queria sequer imaginar passar por aquilo outra vez.

Eu sei que não posso continuar respirando se perder Aurora ou nossa segunda filha. Toda dor que eu conseguia suportar, já suportei. Um homem pode ser resistente, mas há um limite.

— Por que o papai vem buscar a gente? — Grace pergunta, amarrando seu cabelo com a ajuda de Judith.

Elas estão sonolentas e metidas em seus pijamas e pantufas de bichinho. Aurora adora comprar coisas fofinhas para as meninas e com nossa bebê não seria diferente. O quartinho da bebê está tomado por pelúcias e objetos delicados, e perdi a conta de quantas lojas de artigos infantis visitamos desde que descobrimos a gravidez.

— A mamãe vai ter o bebê — conto e me inclino para subir o zíper da jaqueta de Judith.

As meninas arregalam os olhos e me bombardeiam com perguntas. Eu as acalmo e digo que nesse momento elas precisam ficar com Aaron, para que a mamãe possa se concentrar no bebê.

— Agora vão dar um beijo na mamãe — digo.

Enquanto elas correm para o nosso quarto, desço a escada depressa e abro a porta principal. Aaron está aqui com Paul.

— Aurora está bem? — ele pergunta ao entrar.

— Sim, está se vestindo. — Esfrego as mãos no cabelo, nervoso. Já deveríamos estar a caminho do hospital. — Vou ver se está pronta, volto em um segundo.

Quando chego ao quarto, Aurora está de calcinha e top, penteando o cabelo enquanto ri de algo que as meninas disseram.

— Amor? — Eu coloco as mãos em seus braços. — A gente precisa ir para o hospital.

Ela me dá um sorriso.

— Temos tempo, Daryl. As contrações estão espaçadas e leves, ainda vai demorar um pouco.

Ela sabe do que está falando, devo confiar nela. Ainda assim, continuo nervoso.

— Aaron já está aqui.

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