CAPÍTULO 101

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Dia 650 depois do fim

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Dia 650 depois do fim

AURORA

Se me perguntassem há dois anos se eu era capaz de tirar a vida de alguém, eu ficaria horrorizada. Hoje, porém, o sangue fresco em minhas mãos não me causa tanto horror. Quando sua sobrevivência está em risco, não há muito que você não seja capaz de fazer.

— Precisamos conter o sangue antes que passe por baixo da porta — a voz controlada de Amy soa baixo.

Nos movemos depressa pelo quarto, pegando os lençóis das camas e criando uma barreira entre a poça de sangue que aumenta a cada segundo e a porta. Ninguém pode se dar conta do que aconteceu aqui, pelo menos não enquanto estivermos presas nesse hospital.

Fazemos uma busca rápida na farda do policial, até que Amy encontra a chave em um dos bolsos. Trocamos um olhar aliviado.

— As coisas saíram de controle, mas ainda pode dar certo — tento ser otimista.

Amy me analisa torcendo o lábio.

— Você precisa lavar as mãos e trocar de roupa. Não pode sair com todo esse sangue exposto.

Eu concordo.

Ainda bem que Noah, uma das pessoas responsáveis pela organização desse andar, sempre deixa roupas a mais nos armários.

Vou até o banheiro e tiro a roupa, entrando no chuveiro. Preciso me livrar de todo esse sangue.

Faz quatro dias que estamos aqui. E nesse pouco tempo, já vimos o bastante para saber que Kiara não estava brincando quando disse que esse lugar era infernal.

Eu vi Dawn mandar surrarem Noah por um erro estúpido. Vi uma mulher ser trazida completamente fora de si depois de pular do prédio, porque não aguentava mais ficar presa aqui e ser obrigada a deixar que os policiais fizessem o que quisessem com seu corpo. Vi Kiara ser assediada por um dos policiais, uma cena que ainda me embrulha o estômago.

Eu estava debruçada no balcão, conversando em voz baixa com Kiara. Ela parecia conhecer bem o hospital e odiar esse lugar com toda sua força, então julguei que seria uma boa aliada em nosso plano de fuga. Ela estava receosa, pois sabia que todas seríamos punidas se desse errado.

— Nós só precisamos de acesso ao arsenal. — Olhei em seus grandes olhos castanhos, implorando.

Ela olhou de um lado ao outro antes de me responder.

— Um dos policiais fica responsável pelo arsenal. Ele é o único que tem acesso à chave. Eu o conheço bem, mas não posso ajudar nessa tarefa. — Ela mordeu o lábio com força. — Ele não me procura mais desde que... desde que a barriga começou a crescer.

Encarei sua barriga, a questão presa na garganta.

— Ele é o genitor, sim — ela respondeu antes que eu fizesse a pergunta. — Acho que ele não consegue lidar com o que fez. Com essa barriga enorme, é difícil ignorar que ele me estuprou. Homens assim não gostam de ser confrontados por seus pecados.

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