CAPÍTULO 85

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Dia 415 depois do fim

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Dia 415 depois do fim

DARYL

Meus braços começam a doer, os músculos queimam de tanto esforço que estou fazendo. Seguro o errante pelo ombro, mantendo seu tronco e sua boca faminta longe de mim. Minhas flechas acabaram, então o que me resta é usar a faca. Empunho o cabo de madeira com força e enfio no crânio nojento.

— ... tô curtindo, sabe? É bom ter alguém nesse fim de mundo, a pessoa precisa de um pouco de contato pra se manter sã — a voz de Merle soa alta, acima dos grunhidos dos mortos que nos cercam.

— Uhum.

— Não vou me apagar, isso não faz meu estilo — continua. Dou uma olhada rápida, vendo ele acertar um chute no peito de um morto e decepar outro com seu facão amolado. — E ela também não parece estar querendo nada sério, então estamos numa boa.

Solto outro murmuro, indicando que estou ouvindo, mas ocupado demais para dar uma resposta decente.

Enquanto lido com um morto grande e pesado, outro se aproxima pela minha esquerda. É tão rápido, que nem tenho tempo de me esquivar. A boca faminta abocanha meu antebraço, que mantenho estendido segurando o outro morto.

— Puta merda! — Merle grita, enfiando o falcão na cabeça do que me atacou. O morto cai no chão, sobrando apenas a expressão espantada do meu irmão.

Consigo me livrar do outro errante e passo a mão no rosto, limpando o suor.

— Porra, porra. — Merle puxa meu braço para si, aflito.

Graças a bandana amarrada em meu pulso, os dentes do infectado não chegaram a encostar na minha pele, mas ficou a leve marcas da mordida.

— Não deu em nada — digo.

— Presta atenção, porra! — Merle me olha feio e dá um tapa na minha nuca.

Me irrito.

— Se você fechasse a maldita boca, talvez eu prestasse mais atenção.

Ele levanta o dedo do meio e se afasta de cara amarrada. Bufo e começo a arrastar os corpos dos mortos para fora da estrada.

— Você não disse que essa região estava limpa, que não teríamos problemas? — pergunto.

A estrada estava bloqueada por um bando de caminhantes. Ontem mesmo Merle passou por aqui e disse que estava tranquilo.

— Ah, pronto! — Ele solta um riso sarcástico. — Agora tenho que adivinhar quando e onde os bichos vão estar. Sou vidente nessa porra!

Não respondo, ele está certo. Não dá para saber essas coisas.

Só estou irritado, quase levei uma mordida. Se eu fosse mordido, Aurora surtaria. E ela me daria um esporro tão longo, que eu ia preferir morrer logo de uma vez.

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