CAPÍTULO 64

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Dia 271 depois do fim

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Dia 271 depois do fim

DARYL

Ela não aguentou ler por muito tempo. Demorou menos de uma hora para que adormecesse em meus braços.

Seu corpo se aninha ao meu, o livro caído no colo, uma de suas mãos agarradas ao meu braço e a outra descansando nas páginas.

Tão serena, tão bonita, tão inacreditavelmente boa e real.

Aurora me traz uma sensação boa. Acho que é esperança.

Não consigo simplesmente não me sentir esperançoso quando olho para ela, porque não é possível que o mundo seja apenas isso, vazio e cruel, quando existe alguém tão incrível vivendo nele. Seria muita insanidade.

Por ela, espero que o mundo seja mais que isso. E por mim, porque se ela estiver bem, eu também estarei.

Quando ela me disse que não estava dando certo entre nós, eu senti algo se quebrar dentro de mim. Por mais que eu soubesse que ela estava certa, ainda assim doeu pra caramba. Eu estava acostumado com ela. Seus beijos, seus abraços, sua risada fácil, seu calor. Tudo que vem dela é bem-vindo. A possibilidade de não ter tudo isso, de não ter Aurora, foi um golpe e tanto.

Durante todos esses meses, todos sofremos na estrada. É verdade. Mas Aurora... Ela parecia querer aliviar a carga de todo mundo.

Estava sempre ouvindo quem precisava, se certificando de que todos estavam bem e saudáveis, cuidando das crianças, da irmã, do cunhado, de mim... De todos. Ela não parava um minuto, não se dava tempo para descansar a cabeça, para se preocupar com ela. E eu, bom, eu estava agindo da mesma forma. Sentia como se toda a responsabilidade estivesse em meus ombros. Eu precisava manter o grupo seguro, alimentado e o mais importante: vivo.

Rick confia em mim. E eu quero honrar essa confiança. Não só por ele, mas por Aurora também. Então me dedico a isso.

Em nenhum momento deixei Aurora de lado ou negligenciei nossa relação, mas eu precisava mantê-la segura, e não me importava de lidar com a raiva dela se fosse necessário. Demorou um pouco até que eu entendesse que nada do que eu fizesse a convenceria a não participar das buscas ou das rondas. Isso gerou brigas. E ao invés de resolver tudo como um adulto, eu me enfiava na mata para fazer o que sabia de melhor, caçar. Quando eu voltava, as coisas estavam piores.

E quando você se dá conta, tudo virou uma bola de neve.

Eu estava incomodado com a situação. Aurora estava sofrendo. Mais de uma vez eu a vi a um passo de chorar durante alguma discussão, e ela sempre me dava as costas e não voltava a falar comigo até que conseguisse se controlar. Eu me senti impotente, como se estivesse cometendo um erro atrás do outro. O problema é que eu não consegui encontrar uma solução.

Então ela encontrou.

Aurora sugeriu que a gente desse um tempo. Que esperássemos todo esse estresse passar. Eu teria insistido mais, teria tentado convencê-la do contrário, mas não seria justo. Ela não estava se sentindo bem com a situação, então coube a mim acatar seu pedido.

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