CAPÍTULO 29

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Dia 48 depois do fim

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Dia 48 depois do fim

AURORA

Eu sempre gostei das viagens de carro. Gosto do vento batendo em meu rosto, da sensação deliciosa de liberdade, de toda a paisagem que passa depressa pelas janelas, da estrada que parece não ter fim. Em meu sonho eu estava em uma dessas viagens, mas acho que estava mais para lembrança do que sonho.

Eu devia ter uns treze anos na época. Rick decidiu que a gente precisava de um fim de semana em família, em um lugar bonito. Nosso destino seria o Grand Canyon, no Arizona. Estávamos animados em sair da pequena, sufocante e familiar King County. Rick organizou a viagem, Lori parecia não caber dentro de si de tanta animação. Partimos na sexta de manhã.

Cantamos músicas infantis o caminho todo para manter o pequeno Carl quietinho em sua cadeirinha. Quando Carl dormiu, enfim pudemos apreciar a viagem em um completo silêncio. O vento entrava pela janela aberta e bagunçava meu cabelo. E então havia as paisagens incríveis, o céu azul perfeito. Rick e Lori vez ou outra trocavam olhares e sorrisos cúmplices, como sempre faziam. Vez ou outra Lori esticava a mão para mim e fazia um carinho em meu joelho ou Rick dava uma piscadinha brincalhona pelo retrovisor.

Já estávamos no Texas quando Carl acordou passando mal. Nunca vi um bebê vomitar tanto na vida. Tivemos que levá-lo ao hospital da cidade, onde o pediatra disse que ele iria sobreviver. O bebê Carl ficou algumas horas em observação e quando ele foi liberado, Rick e Lori decidiram que não valia mais a pena continuar a viagem, já que a gente perdeu quase meio dia de estrada.

Ao invés de voltar para casa, nos hospedamos em um hotel barato e passamos o fim de semana no Texas. Fizemos um piquenique em um parque, passeamos na cidade noturna e passamos muito tempo jogando banco imobiliário no quarto e comendo sorvete. Foi incrível quando, no meio de uma partida, Carl simplesmente ficou de pé e deu seus primeiros passinhos enquanto gargalhava deliciosamente.

Aquela foi a melhor viagem de toda minha vida.

Um chacoalhão me fez despertar abruptamente. Sento no banco depressa e olho ao redor.

— Desculpe, passamos por um quebra-molas — Jenner fala sem me olhar.

Balanço a cabeça e junto o cabelo no topo da cabeça.

Noto que Amy está dormindo profundamente, toda torta no banco. E então observo os carros sinalizando e parando um a um no acostamento. O pessoal vai saindo e nós fazemos o mesmo, menos a Amy que ainda dorme. Ouso dizer que se caísse um raio aqui, ela não acordaria.

— As crianças precisam esvaziar a bexiga — Rick informa. — Vou levá-las ali atrás. — Ele aponta para as árvores que ladeiam a estrada. — Se alguém precisar fazer algo, esse é o momento. Voltaremos à estrada em vinte minutos, não podemos ficar parados por muito tempo.

Vou até a minha mochila no carro e pego um tampão, assim como um punhado de lencinhos descartáveis. Não quero nem imaginar como será quando os produtos de higiene íntima acabarem. Será muito desconfortável, principalmente para nós mulheres.

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