CAPÍTULO 02

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1 dia antes do fim

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1 dia antes do fim

AURORA

— Viu a merda que está acontecendo, Aurora? — Shane adentra o quarto logo após Lori e Carl, o rosto carregado de preocupação.

— Olha a boca! — Minha irmã olha feio para ele.

O policial faz uma careta pela repreensão. Carl vai para a cama do pai, começando uma conversa baixa que fingimos não ouvir. A tristeza no olhar do meu sobrinho me despedaça.

— Está em todos os canais — aponto para a televisão.

Sentamos no sofá do quarto para ver a reportagem. A repórter fala sobre uma série de ataques violentos que vêm acontecendo em vários estados do país. É como um surto, a pessoa assume uma personalidade irracional e ataca outras, principalmente com mordidas. Um ataque ao vivo está sendo transmitido, é uma mulher coberta de sangue que anda de um jeito esquisito, ela se aproxima de um rapaz e se lança sobre ele, mordendo o ombro e arrancando um pedaço de pele. Uma cena horrível.

Percebo que Carl prestava atenção na tela e rapidamente desligo.

— Você vai à escola? — pergunto. Ele assente, mas continua encarando a tela escura. Me viro para Lori com a testa franzida. — Não é melhor ele ficar com a gente?

— Eu também acho que seria melhor — Shane diz. — Está tudo muito esquisito depois desse surto.

Lori decide que Carl não vai à escola, ela também está preocupada.

— Carl. — Me aproximo da cama. — Tive uma ideia legal e acho que você vai gostar.

Ele me olha interessado.

— O que é?

— Que tal se você fizer um desenho todos os dias e escrever alguma coisa para o seu pai? Aposto que quando ele acordar, vai adorar.

Me odeio por alimentar sua esperança, mas não quero ver meu sobrinho tão triste o tempo todo.

— Tipo um diário?

— Sim, querido.

Carl fica animado e abre a mochila para pegar os materiais. Peço que Shane o ajude a desenhar algo legal e sinalizo para que Lori me siga para fora do quarto.

— O que aconteceu? — pergunta, preocupada. — Rick piorou?

— Não, Lori, Rick está na mesma ainda. — Esfrego meus braços, decidindo o melhor jeito de falar com ela. — Eu queria conversar sobre o Carl. O que você acha de marcar uma consulta com um psicólogo infantil?

Minha irmã me olha, parecendo perdida.

— Por que está perguntando isso? Carl está bem!

— Ele parece bem, mas está sofrendo. E ele é muito pequeno pra reprimir o que sente.

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