CAPÍTULO 119

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Dia 860 depois do fim

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Dia 860 depois do fim

 AURORA

— Eu já disse que estou bem.

Apesar da minha afirmação, Amy aguarda Siddiq acabar de me examinar. Ele disse que tem alguma experiência médica, e até agora parece saber o que faz.

— Acredito que tenha sido uma confusão passageira — ele dá o diagnóstico ao se afastar.

— Você se lembra de tudo mesmo? — Amy sonda, sentando-se na cama ao meu lado e segurando minhas mãos.

Assim que acordei, tive um instante de confusão. Não reconheci a Amy, nem me lembrei do motivo de sentir o corpo dolorido. Então, quando minha voz saiu, perguntei quem ela era. A confusão durou poucos minutos, até que as memórias voltaram com força e trouxeram uma dor de cabeça. Foi o bastante para Amy se preocupar.

— Até do que eu gostaria de esquecer — digo, forçando um sorriso.

Amy me abraça forte, soltando o ar com alívio.

— Cheguei a pensar que você não acordaria mais.

Franzindo a testa, eu pergunto:

— Por quanto tempo fiquei inconsciente?

Ela se afasta, hesitando.

— Alguns dias...

— Quantos, Amy?

— Vinte e quatro.

Dizer que estou embasbacada é pouco. Porra, quase um mês! Não cheguei a considerar a possibilidade de tanto tempo ter se passado.

— Foi um trauma muito estressante para o seu corpo — Siddiq comenta. Amy contou que Carl o ajudou quando estávamos em Alexandria e ele faz parte do grupo agora.

Tomo mais um gole da água que Amy me trouxe, ainda sentindo a garganta arenosa, e balanço a cabeça em compreensão.

— Como se sente? — Amy pergunta.

— O meu corpo dói, minha garganta queima e estou faminta.

— Siddiq vai te dar um analgésico enquanto preparo alguma coisa pra você comer.

— Um caldo seria melhor — Siddiq diz.

Amy beija minha testa antes de sair, e eu desvio minha atenção para o homem, que agora me entrega um comprimido.

— Então, o meu sobrinho te ajudou — comento.

— Sim. E sou muito grato. — Ele se senta na ponta da cama, parecendo sem jeito. — Eu soube que você é uma médica experiente.

— Enfermeira. — Me remexo no colchão, tentando encontrar uma posição em que não sinta o meu corpo sensível. — E sobre a experiência... Tive bons mentores.

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