São Paulo| Brasil
5 de Abril.Entrei na cozinha e vi minha mãe sentada à mesa, mexendo no celular enquanto toma café. A caneca do Palmeiras, como sempre, está em suas mãos.
— Bom dia, mãe.— eu disse, com um sorriso meio tímido. Ela me olha por cima dos óculos, com um sorriso leve nos lábios.
— Bom dia, meu bem.— ela responde. — Vai pra faculdade hoje?
— Sim.— confirmo, balançando a cabeça. — Mas tenho o dia todo livre ainda. Amo estudar à noite.
— Você ama estudar à noite porque é preguiçosa, Clara Maria. — ela diz, revirando os olhos. — Quase reprovou por faltas desde a escola por não conseguir acordar cedo. Acho que te falta um pouco mais de responsabilidade.
Suspirei.
Esse é um assunto recorrente entre nós. Ela acha que eu deveria estudar durante o dia, como a maioria dos alunos, enquanto eu prefiro a tranquilidade da noite e a flexibilidade que ela me oferece.
— Ok, sermão logo agora?— questiono, pegando algumas torradas e suco na mesa. — Se eu posso estudar no período noturno, porque diabos eu ficaria acordando cedo?
Minha mãe me olha por alguns segundos, como se estivesse pensando no que dizer. Então, ela muda de assunto.
— Sua cabeça tá melhor? Aquela bolada do Piquerez foi forte.— ela diz, com uma expressão preocupada no rosto.— Achei que você desmaiaria.
— Está sim, depois que a gente chegou, tomei dipirona, um banho quente e dormi.— falei, tentando conter um bocejo.
— Você viu se o corte não inflamou? — perguntou ela, com a voz preocupada.
— Tá de boa, mãe. Só um arranhão superficial. — Vai ficar em casa hoje? — olhei para ela.
— Não. Só estou esperando a confirmação de uma coisinha e logo já estou saindo. — respondeu ela, sem tirar os olhos da tela.
— Ok. — assenti com a cabeça. — Eu vou dar uma volta com a Bruna e depois vou ver algumas coisas da faculdade e depois irei para lá.
— Passear? Você não vai ter provas no final desse mês? Não deveria estar estudando? — perguntou ela, com um tom de reprovação.
Suspirei, revirando os olhos. Iria começar tudo de novo.
— Mãe, não precisa falar comigo como se eu fosse uma criança. Eu não sou mais uma, ok? Eu sei que vou ter provas, trabalhos, apresentações e tudo mais. — respirei fundo, tentando manter a calma. — Acha que eu não me dedico a isso?
— Não é isso que eu estou dizendo. São as suas notas que estão falando. Você já está no último ano de publicidade, não é possível que você venha mudar de rumo de novo. — disse ela, com um olhar preocupado.
Senti uma pontada de irritação.
— Relaxa. Eu sei bem o que eu estou fazendo. — revirei os olhos novamente. — Não vou mudar de rumo de novo. — garanti, com mais convicção do que realmente sentia.
Em verdade, a faculdade nunca foi minha paixão. Desde o início, me sentia pressionada a seguir esse caminho por causa da minha mãe.
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Amor em Jogo - Piquerez
FanfictionO que fazer quando o seu coração entra em uma partida sem avisar? Clara sempre preferiu viver longe dos holofotes que envolvem a fama de sua mãe, Leila Pereira, presidente do Palmeiras. Enquanto se dedica aos estudos de publicidade e tenta encontra...