20

8.2K 607 256
                                    

A conversa com Bruna me deixou bastante em alerta. A maneira como ela falou sobre Piquerez e sua forma de falar como se ela poderia tê-lo me deixaram com uma pulga atrás da orelha.

Será que já surgiu interesse ali?

Passei quase o resto do dia dentro daquele vestiário. Graças a Deus, não estava cheirando a suor; estava tudo muito limpo e organizado, apesar dos meninos não serem exatamente os mais organizados.

A porta se abriu novamente, e olhei naquela direção, encontrando os olhos do uruguaio que parecia ter revirado tudo em mim, procurando por algo, até que nossos olhares se encontraram. No mesmo instante, ele sorriu e se aproximou de mim.

— Não vai assistir o jogo? — ele perguntou, e eu neguei com a cabeça.

— Eu preciso ficar aqui, terei aula. — respondi, levantando o notebook que estava no meu colo como explicação.

— Pode me desejar boa sorte? — ele pediu, e eu não podia recusar.

Antes que eu me levantasse, o meu notebook apitou.

— Só um segundo. — eu falei, abrindo o dispositivo.

Olhei para o aviso que estava na tela. Não haveria aula por problemas técnicos na faculdade, e a aula de hoje seria apresentada amanhã. Revirei os olhos, incomodada com a situação, mas já não havia nada o que fazer.

— Algum problema? — ele perguntou, sua expressão mostrando preocupação enquanto eu mostrava a tela do notebook, revelando a mudança de planos de última hora.

— Então agora você pode ir assistir o jogo. Vem, sua mãe vai ficar feliz. — sugeriu, me incentivando a aproveitar o momento.

— Ok, eu só preciso guardar as minhas coisas. — respondi, enquanto pegava minha ecobag e os materiais.

Prontamente, ele veio e me ajudou, demonstrando gentileza e prestatividade, o que me deixou grata.

— Ei. — me aproximei dele e o beijei suavemente, desejando boa sorte com um gesto carinhoso, enquanto nossos olhares se encontravam com cumplicidade.

Saímos do vestiário com cautela, ele se juntou aos outros jogadores que se preparavam para entrar em campo, enquanto eu seguia em direção contrária, com o coração palpitando de nervosismo, ansiosa para encontrar minha mãe. Mas então lembrei do que ela explicou no carro, que eu ficaria no camarote junto de Bruna, o que me fez refazer a minha rota.

Depois do que ouvi no vestiário, não estava com disposição para falar com ela. Ao chegar no camarote, alguns funcionários vieram oferecer água e comida, mas rejeitei educadamente todas as ofertas e fui direto para a frente da enorme janela de vidro, sentando em uma mesa próxima.

— Vai ficar aí sozinha mesmo? — Bruna perguntou, mas eu a ignorei, focando minha atenção no campo.
— Vai bancar a muda agora? — continuou, se irritando com minha falta de resposta.

— Bruna, me deixa quieta. — respondi, sem olhar para ela, enquanto ela revirava os olhos. — Por que você não vai rodar por aí? Dar um passeio, sei lá. — sugeri, ocupando a cadeira em frente à minha.

— Você é muito insegura, Clara. — continuou provocando.— Ficou com medo do que eu falei? Eu jamais faria isso com você. — assegurou, mas sua insistência só aumentou minha irritação.

— Eu não quero falar sobre como você se comportou feito uma... — procurei por uma palavra menos ofensiva para descrevê-la. — Atirada.

— Atirada? Pelo menos eu não me faço de santa, tá? Só porque você é virgem aos 22 anos, isso não te torna a virgem Maria não, ok? — ela retrucou, atingindo meu limite e fazendo levantar da cadeira abruptamente.

Amor em Jogo - PiquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora