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Estávamos jogados no sofá, nossos corpos entrelaçados em um abraço caloroso, como se fôssemos um só ser. O silêncio do apartamento nos envolvia como um cobertor macio, apenas quebrado ocasionalmente pelo burburinho distante da cidade lá fora. Era um momento de pura paz e quietude, onde a única coisa que importava era a presença um do outro.

Perdida em meus pensamentos, meus olhos se depararam com o rosto de Piquerez, adormecido em meus braços. Sua respiração era calma e serena, como uma melodia suave que acalmava minha alma. Seu peito subia e descia com ritmo constante, em perfeita harmonia com a tranquilidade do ambiente.

Seus olhos, antes abertos e cheios de vida, agora estavam fechados, guardando segredos e sonhos em suas profundezas. Seus lábios, antes tão expressivos, agora estavam entreabertos em um sorriso leve e inocente. Cada detalhe de seu rosto era perfeito para mim, desde a barba feita com cuidado até a orelha pequena e o nariz delicado.

Coloquei meu rosto em seu peito, sentindo o calor de sua pele contra a minha. O som de sua respiração era como um sussurro que me preenchia com uma sensação de paz e gratidão. Ele havia acordado cedo, com amor e dedicação, para preparar um café da manhã especial para mim. E esse gesto provavelmente havia o deixado com sono.

Ou talvez tenha ficado um pouco cansado após o chá da tarde.

Eu me sinto muito grata por ter te encontrado.

Sussurrei, minhas palavras carregadas de sinceridade. Inclinei e beijei levemente o queixo de Joaquín, um gesto simples que expressava a imensidão da minha gratidão por tê-lo em minha vida.

De repente, o toque insistente do meu celular me tirou do momento de carinho. O aparelho vibrava na mesa de centro, como um lembrete cruel da realidade que nos cercava. Estiquei-me para alcançá-lo, mas minha mão não o alcançou. Perdi o equilíbrio e caí do sofá, um gemido de dor escapando dos meus lábios.

Ao pegar o celular, identifiquei o nome de Lucas, meu primo, na tela. Uma onda de alívio me tomou conta, pois sabia que não era a ligação insistente da minha mãe. Ela já havia bombardeado meu celular com chamadas, e eu temia que a próxima fosse mais do que eu poderia suportar.

— Oi, Lucas. Como vai? — perguntei, me afastando da sala com cuidado para não acordar Joaquín.

Tudo bem, e você? — a voz de Lucas soava tranquila e amigável.

— Vou bem, na medida do possível. — respondi, meu tom de voz carregado de um misto de tristeza e determinação.— Aconteceu alguma coisa? — perguntei

Sim, mas não se preocupe, é coisa boa.— tentei tranquilizá-lo, mesmo que meu coração estivesse apertado.

Seu pai disse pra minha mãe que você saiu de casa e que provavelmente está procurando um emprego ou algo pra se virar sozinha. — Lucas explicou, sua voz calma e compreensiva.

— Sim, é verdade. — confirmei, meu aperto no coração aumentando.

Você termina esse ano a faculdade, né? Pelo que eu me lembro, você cursa publicidade, certo? — ele perguntou, buscando confirmar informações.

— Certo.

Eu me formei tem pouco tempo. — a voz de Lucas soava animada do outro lado da linha. — Eu estava estagiando na Universal Music, a gravadora e produtora conhecida mundialmente, você deve conhecer — ele fez uma pausa, esperando por minha reação.

Amor em Jogo - PiquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora