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Minha mãe mal pôs os olhos em mim, e logo disparou:

— Achei que não chegaria a tempo! — sua voz era carregada de preocupação e expectativa.

Ainda faltava uns 40 minutos pro início do jogo.

— E como foi lá? Te comeram viva?

— A única pessoa que me come viva é o Joaquín. — respondi enquanto procurava meu celular pelos bolsos.

Falei brincando ao pensar alto demais e quando me dei conta do que havia dito, já era tarde. Olhei para minha mãe, que estava branca como um fantasma, pasma com a minha frase sugestiva.

— Pensei alto demais. — tentei me justificar, fechando um olho em sinal de desespero. — Por favor, não me dá bronca aqui.

— Eu ainda estou digerindo isso. — ela disse, erguendo o dedo com um olhar sério. — Acho que vou ter uma indigestão. — sua voz era carregada de constrangimento.

E sem dizer mais nada, ela se afastou em direção ao local que vendia produtos alimentícios no estádio, buscando algo para acalmar seus nervos.

Joaquín, que vinha na mesma direção que minha mãe, sorriu para ela. Mas ela o ignorou completamente, ainda abalada pela minha fala inapropriada.

— Sua mãe tá brava? — ele perguntou, confuso com a situação. — Aconteceu alguma coisa com os meninos ou com ela?

— Nada não, deixa quieto. — tentei despistar, me sentindo cada vez mais nervosa. — O que você tá tomando? — mudei de assunto.

— Suco de laranja. — ele disse, balançando o copo. — Vitamina C.

— Você foi ver como os meninos estão? — perguntei, roubando o copo de sua mão e tomando um gole do suco.

— Eles estão bem animados e com uma determinação enorme. — ele respondeu, com o olhar fixo no campo de futebol. — Eu queria estar lá mas... — ele fez uma careta e ergueu o pé.

— Eles dão conta. — tentei tranquilizá-lo, abraçando ele. — Vem cá.

Ele me abraçou de volta com força, e eu suspirei profundamente, sentindo seu perfume familiar e reconfortante invadir minhas narinas. O calor do seu corpo contra o meu me transmitia uma sensação de segurança e proteção que eu tanto gostava.

Ao nosso redor, algumas pessoas nos observavam com sorrisos e cochichos, mas eu não me importava com a atenção que recebíamos. Naquele momento, o único que importava era Joaquín.

Ergui meu rosto e o beijei na bochecha, meus olhos se perdendo na imensidão dos seus olhos castanhos. Eles eram como poços profundos, me convidando a mergulhar em seus segredos e sonhos.

— Eu amo seus olhos. — confessei.

Joaquín sorriu, seus olhos brilhando com um afeto sincero. Ele inclinou o rosto para mais perto, e eu pude sentir a sua respiração quente em minha pele.

Por alguns instantes, me perdi em pensamentos. Imaginei como seria ter um filho com ele, um serzinho com seus olhinhos lindos e sorriso contagiante. A ideia era tão doce e tentadora que quase me permiti sonhar com essa possibilidade.

Mas logo em seguida, respirei fundo, afastando esses pensamentos do meu mind. Eu sabia que ser mãe naquele momento seria um grande erro. Minha vida ainda não estava pronta para essa responsabilidade, e eu precisava me concentrar em meus próprios sonhos e objetivos.

Amor em Jogo - PiquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora