O suor escorria pelas têmporas dos jogadores enquanto se deslocavam apressados em direção aos vestiários, após Abel anunciar um intervalo. O campo, antes um palco de jogadas vibrantes e gritos de incentivo, agora se encontrava em um silêncio quase palpável, interrompido apenas pelo chilrear dos pássaros e pelo farfalhar das folhas das árvores ao vento.
Sentada no banco de reservas, imersa no mundo virtual do meu notebook, não percebi a aproximação de Piquerez, cujo sorriso contagiante e presença magnética me tiraram do transe. Seus olhos castanhos, carregados de um brilho travesso, brilhavam sob a luz do sol escaldante.
— Quer me mostrar o que sabe?
Em um primeiro momento, neguei com a cabeça, me mantendo focada na tela do meu notebook. Afinal, o tempo era precioso e o trabalho me aguardava. Mas a insistência de Piquerez, somada ao seu sorriso gentil e desafiador, despertou em mim uma mistura de adrenalina e curiosidade.
— Qual é? Tá com medo? — ele provocou, lançando um desafio que eu não podia recusar.
— Eu não tenho medo de nada, Piquerez. — retruquei, erguendo a cabeça e encarando ele com um sorriso provocativo.
A energia entre nós era palpável, eletrificando o ar e tornando o silêncio ainda mais intenso.
— Eu tô ocupada, se não está vendo. — expliquei, balançando o notebook em sinal de desculpas.
O foco naqueles conteúdos da faculdade me consumia, mas a tentação de ir passar alguns minutos com Piquerez era grande.
Percebendo minha hesitação, Piquerez suavizou o tom de voz, adotando um tom mais suave e persuasivo.
— Depois você vê isso. — ele pediu, seus olhos me encarando.
Era impossível resistir. O olhar manhoso de Piquerez, carregado de uma doçura irresistível, derreteu minha resistência instantaneamente. "Por favor, Clarinha.", ele insistiu, sua voz rouca soando como um sussurro em meus ouvidos.
Revirei os olhos com uma mistura de irritação e diversão, deixando o notebook de lado com um suspiro resignado. Enquanto me aproximava do campo, o elenco já havia saído, acompanhados pela minha mãe e Abel, que se afastaram para uma conversa particular.
— Eu não sei jogar, tipo, literalmente nada. — avisei, antecipando qualquer expectativa que ele pudesse ter.
Piquerez concordou com um aceno compreensivo, seus olhos brilhando com uma determinação gentil.
— Eu posso te ensinar. — ofereceu, seu olhar fixo em mim com uma intensidade tranquilizadora. — O que quer aprender?
— Não sei. Me mostra o que você faz de melhor. — desafiei, colocando as mãos na cintura com uma expressão de determinação.
— Quer ir pro banheiro? — ele brincou, fazendo malabarismos com a bola, e só então entendi a referência.
Meu rosto queimou de vergonha, e em resposta, dei um leve tapa em seu ombro, uma mistura de riso nervoso e constrangimento colorindo minha expressão.
— Tá de zoeira com a minha cara?
— Eu só brinquei. — riu, com um brilho travesso nos olhos castanhos.
— Tá. Agora faz alguma coisa que preste e me ensina algo aí. — falei para a bola com um gesto.
Piquerez sorriu, se aproximando com bola com passos leves e precisos. Ele a posicionou no chão, com cuidado e atenção, como se estivesse preparando uma obra de arte. Deu alguns passos para trás, respirou fundo e, com um movimento fluido e elegante, chutou a bola. Ela subiu em um arco perfeito, cruzando o céu azul do fim de tarde, e pousou suavemente dentro do gol, como se estivesse sendo guiada por uma força mágica.

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Amor em Jogo - Piquerez
Hayran KurguO que fazer quando o seu coração entra em uma partida sem avisar? Clara sempre preferiu viver longe dos holofotes que envolvem a fama de sua mãe, Leila Pereira, presidente do Palmeiras. Enquanto se dedica aos estudos de publicidade e tenta encontra...