Após passar pela portaria do prédio e obter a liberação, subi alguns andares no elevador, cada um deles me aproximando da inevitável conversa com Bruna. Cheguei ao andar do apartamento dela e, com o coração batendo forte no peito, bati três vezes na porta.
Aguardei alguns segundos, mas não obtive resposta. Bati novamente, desta vez com mais insistência, e aguardei pacientemente. Finalmente, a porta se abriu e encontrei Maria, a simpática doméstica da casa, com um sorriso acolhedor no rosto.
— Oi Maria, a Bruna está? — perguntei com um tom firme mas ainda gentil, tentando mascarar a ansiedade que me consumia.
— Oi Clara, ela tá sim. — Maria respondeu com naturalidade, me convidando para entrar. — Vou chamá-la. Pode esperar na sala.
Agradeci e entrei no apartamento. Olhando ao redor, fui tomada por uma onda de nostalgia. A decoração luxuosa e os móveis imponentes me lembravam da casa minha mãe, em um ambiente similarmente opulento.
Deixei minha bolsa no sofá e me sentei, aguardando a chegada de Bruna. A cada minuto que passava, a tensão aumentava dentro de mim. Eu precisava confrontá-la sobre o carro.
Pouco tempo depois, ouvi a voz de Bruna ecoando pelo corredor, carregada de surpresa e desdém.
— A Clara? E você autorizou o acesso dela? — ela questionou Maria, o tom de voz carregado de reprovação. — Maria, você deveria ter me perguntado.
— Vocês são amigas de infância, não vi mal algum. — Maria respondeu com naturalidade, sem perceber a tensão no ar.
As duas surgiram do corredor, lado a lado. Bruna me observava com um olhar penetrante e desconfiado, tentando decifrar o motivo da minha presença ali. Seu semblante era confuso, mas um sorriso irônico se desenhava em seus lábios, como se estivesse debochando da situação.
Maria, por sua vez, parecia alheia ao clima carregado que pairava no ambiente. Sua expressão serena e sorridente era um contraste gritante com a fúria que queimava dentro de mim.
— Posso saber o que está fazendo aqui? — questionou ela, o tom de voz cortante. — Fiquei sabendo que foi embora de casa, muito corajoso da sua parte. E egoísta também, ainda mais depois de tudo o que a minha madrinha fez por você.
Permaneci em silêncio, a observando com desprezo. Como ela podia ser tão sonsa e insensível? Ignorando suas provocações, continuei a observá-la, me perguntando até onde sua farsa chegaria.
— Sabia que ela me levou pro Equador? — Bruna continuou, fingindo indiferença. — Eu achei o máximo aquele país, se bem que é bem pobrezinho. — riu ela, como se estivesse contando uma piada. — Mas eu não fui lá pra fazer caridade, estava lá por outras coisas muito mais importantes.
— Tipo o Richard? — perguntei com ironia, observando a expressão dela mudar.
Ela me encarou com um sorriso forçado, tentando manter a fachada.
— Você não cansa mesmo, né? Acho que deveria entrar pro Wattpad.
— Watt... o quê? — Bruna questionou, parecendo confusa.
— Lá é o lugar onde fãs criam fanfics sobre os caras que elas gostam. — expliquei, observando sua reação.
Ela não esboçou nenhuma expressão, apenas me encarou com um olhar vazio.
— Eu sei que você não ficou com o Richard, isso é vergonhoso até pra mim que acreditei na história, mas pra você... É humilhante. —enfatizei cada palavra, observando-a desmoronar.
Bruna desviou o olhar, como se um segredo tivesse sido revelado. Nesse instante, tive a certeza do que Joaquín havia me dito: ela nunca havia estado com Richard, pelo menos não da maneira que ela contava.
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Amor em Jogo - Piquerez
FanfictionO que fazer quando o seu coração entra em uma partida sem avisar? Clara sempre preferiu viver longe dos holofotes que envolvem a fama de sua mãe, Leila Pereira, presidente do Palmeiras. Enquanto se dedica aos estudos de publicidade e tenta encontra...