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O placar final de 2 a 0 se acendeu no telão do Allianz Parque, confirmando o tricampeonato paulista do Palmeiras. Minha mãe, tomada por uma onda de euforia contagiante, vibrava.

No camarote, minha mãe era um furacão de felicidade. Seus olhos brilhavam com lágrimas de alegria, e sua voz vibrava a cada grito de "É campeão!". Eu, por outro lado, me sentia como um peixe fora d'água. A tristeza me consumia por dentro, um contraste cruel com a euforia que me cercava.

Apesar de não querer sair do camarote e me juntar à festa no gramado, a insistência dela me fez ceder.

Ao pisar no gramado verdejante do estádio, me deparei com um cenário de êxtase absoluto. Os jogadores do Palmeiras, em meio a uma explosão de cores e sons, pulavam, dançavam e cantavam, passando a taça de campeão uns para os outros como um símbolo de glória.

As medalhas de ouro pendiam em seus pescoços, reluzindo sob a luz dos holofotes, enquanto seus rostos transbordavam de alegria e satisfação. A festa era contagiante, mas eu me sentia incapaz de me conectar com a euforia que me cercava.

Em meio à multidão festiva, encontrei Abel, e o abracei em sinal de parabenização. Sua felicidade era contagiante, e por um breve momento, me permiti esquecer da minha tristeza e sorrir junto com ele.

— Parabéns, Abel. — disse com sinceridade, sentindo um aperto no coração. Ele retribuiu o abraço com um sorriso radiante.

De repente, um grito de entusiasmo ecoou perto do meu ouvido: "É CAMPEÃO! TRÊS FILHO, É TRÊS!". Era Gabriel, outro jogador do time, comemorando com Abel.

— Três! — gritou de volta e eu não pude deixar de dar uma risada, contagiada pela energia contagiante do momento.

— Essa é a Clara. — Abel me apresentou a Gabriel, que se aproximou com um sorriso amistoso.

— Filha da Leila, né? Tô sabendo. Eu sou o Gabriel.

— Prazer. — respondi, ainda um pouco encabulada com a situação. — Parabéns pela vitória.

Gabriel me abraçou com entusiasmo, e por um instante, me senti parte daquela festa, daquela conquista.

Enquanto me afastava de Gabriel e Abel, que haviam iniciado uma conversa animada, meus olhos pousaram em Piquerez, envolto em uma nuvem de atenção e carinho por parte da minha mãe. Ela sorria e ria com contagiante entusiasmo.

A cena me surpreendeu, e não pude deixar de observar com curiosidade a interação inesperada. Era como se ela estivesse transbordando orgulho por sua conquista e por estar ao lado dele.

A atenção da minha mãe foi desviada por um grupo de torcedoras que se aproximava, ansiosas por registrar o momento em fotos ao lado do jogador. Ela se afastou com um sorriso cordial, abrindo espaço para a euforia das fãs.

Foi nesse instante que notei um movimento incomum no gramado. Alguns torcedores, agraciados com autorização especial, desciam para celebrar a vitória com os jogadores. A cena me despertou ainda mais interesse.

Um mar de mulheres, com algumas poucas figuras masculinas, se dirigia em nossa direção. Observando com atenção, percebi a astúcia presente em seus olhares e sorrisos. Elas exibiam uma estratégia clara: conquistar a atenção dos jogadores mais atraentes do time.

Com passos estratégicos, as torcedoras se aproximavam dos jogadores mais bonitos do time. Abraços calorosos, palavras de admiração e carinhos sutis faziam parte do arsenal de sedução. Eram como borboletas em torno de flores, buscando captar a atenção e a admiração dos seus ídolos.

Um grupo de meninas, provavelmente com idade entre 18 e 20 anos, se aproximou de Piquerez. Suas risadas e gestos flertantes eram ainda mais explícitos do que os das mulheres mais velhas. Observei com desilusão como elas se agarravam ao jogador, buscando chamar a atenção e garantir um lugar na festa.

Amor em Jogo - PiquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora