Amor em Jogo - Piquerez

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São Paulo | Brasil
1 de Junho.

Na manhã seguinte, o dia nem havia raiado completamente quando o som estridente do meu celular me tirou do abraço aconchegante do sono. Era sábado, dia de descanso, e a última coisa que eu queria era me deparar com a agitação do mundo virtual logo cedo. Mas, as insistentes notificações não davam trégua, vibrando sem parar e anunciando a chegada de uma enxurrada de mensagens.

Confusa e um pouco irritada, peguei o aparelho com relutância, me deparando com uma tela tomada por notificações de Lucas. A cada toque, a curiosidade me vencia um pouco mais, me impulsionando a desvendar o mistério que se escondia por trás daquela urgência toda.

As mensagens de Lucas eram uma mistura de desespero e empolgação, como se ele estivesse prestes a explodir em um misto de emoções. As palavras se atropelavam, formando frases desconexas que me deixavam ainda mais intrigado. Era como se ele estivesse vivendo uma montanha-russa de sentimentos, e eu, sem querer, havia sido arrastada para dentro da mesma.

O que será que havia acontecido pra deixar Lucas naquele estado? Um problema sério? Uma notícia bombástica?

O sono de Joaquín era imperturbável, alheio ao caos de notificações que tomava conta do meu celular. Me levantei com cuidado, para não acordá-lo, e me direcionei ao banheiro, buscando refúgio do barulho e um momento de paz para desvendar o mistério que me cercava.

Sentada no vaso, a tela do celular brilhava em minhas mãos, revelando a impaciência de Lucas em suas mensagens repetitivas: "Quando você ver essas mensagens me liga!!!".  E depois de fazer xixi, dei descarga, lavei as mãos e fui escovar os dentes.

Ao ver que eu tinha visto suas mensagens, Lucas sem hesitar me ligou, atendi a sua chamada, pronta para desvendar o que o deixava tão agitado.

A imagem de Lucas surgiu na tela, borrada pelo sono, enquanto ele caminhava pela sua casa, segurando uma caneca fumegante de chá. Uma risada escapou de seus lábios ao me ver com cara de sono.

— Que cara de sono é essa? Você ainda tava dormindo? Clara, já são quase 11 da manhã! — ele exclamou, sem notar a discrepância entre nossos fusos horários.

Uma careta de indignação tomou conta do meu rosto, enquanto eu olhava para a barra de notificações do meu celular: eram quase 7 da manhã, e não 11 como Lucas imaginava.

— Aqui ainda são quase 7 da manhã, Lucas! — respondi, ainda surpresa com a sua falta de noção temporal. — E hoje é sábado, então é claro que eu estava dormindo! — completei, enxaguando a boca com água para me livrar do sabor da pasta de dente.

Um sorriso malicioso se formou no rosto de Lucas, seus olhos brilhavam com uma travessura que eu já conhecia bem.

— Com o lindinho uruguaio? — ele perguntou, referindo-se ao meu namorado.— Perdão, eu realmente esqueci que o mundo tem fuso horários diferentes.

— Tá mas agora me diz o que foi? Porque você tá tão maluco assim? — questionei, ainda com o sono nos olhos e a mente processando as informações.

Lucas, com um sorriso travesso no rosto, resolveu contar o que eu tanto esperava:

— Setembro tem Rock in Rio, aí no Brasil como você deve saber.

Assenti com a cabeça, um leve sinal de reconhecimento. Afinal, era impossível não saber sobre o festival de música mais famoso do mundo.

— A Universal, sendo a gravadora gigante que é, tem que estar no meio né? — ele prosseguiu, gesticulando empolgadamente. — Claro!