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— Eu gosto dele, Clara. — minha mãe disse enquanto eu anotava algo pra ela no celular, sua voz carregada de preocupação. — Posso parecer horrível, eu sei. Mas eu só tenho medo de que ele machuque você ou tudo isso te exponha demais.

— Sinceramente? Eu tenho o mesmo medo, mas isso não me impede de querer estar com ele e viver isso. — respondi, tentando transmitir minha determinação apesar das preocupações maternas dela.

— Seu pai quer conhecer ele. — ela avisou, sua expressão pensativa sugerindo que ela já estava planejando algo. Ou colocando em prática.

Ela me lançou um olhar significativo, esperando minha reação.

— O que acha?

— Acho que tudo bem. — levantei os ombros, tentando parecer indiferente. — Mas não quero que seja em lugar público.

— Por acaso quer esconder ele? — sua pergunta era direta, e eu sabia que ela estava preocupada com a possibilidade de eu estar evitando a exposição pública do meu relacionamento.

— Não. Mas você sabe muito bem o que já aconteceu com boatos e tudo mais. Agora quero preservar isso ao máximo. — expliquei, buscando encontrar um equilíbrio entre minha vontade de viver livremente meu relacionamento e a necessidade de evitar especulações indesejadas.

— Uma hora todos vão saber.

— Sim. Mas essa hora não é agora.

— Ok. Vou pedir pra Vera deixar algo pronto. — minha mãe pegou o celular, determinada a organizar o encontro. — Ele vai lá pra casa, é o jeito.

— Ele poderia ficar por lá, né? — questionei, sugerindo sutilmente a possibilidade de Joaquín dormir em casa, e ela me encarou com uma expressão indecifrável.

— Um passo de cada vez, Clara.

— Mas ele já fez isso antes, mamãe. — ironizei, a lembrando e ela revirou os olhos diante da minha insistência. — Por favor. Faz um esforcinho.

— Eu só vou deixar essa passar, porque depois da conversa com o seu pai, eu tenho me sentido a pior mãe do mundo e isso vai aliviar um pouco da minha culpa. — ela admitiu, sua vulnerabilidade transparecendo em suas palavras.

— Meu pai sempre fazendo o bem de todos.

Eu disse, um sorriso brincando em meus lábios, e minha mãe concordou, reconhecendo minha observação.

— Mas, vocês só conversaram mesmo? — eu o empurrei levemente, querendo saber mais detalhes sobre a conversa que ela teve com meu pai.

— Clara, não começa. — ela disse, seu tom indicando que não queria discutir o assunto naquele momento.

— Você ama falar sobre a minha vida mas não gosta de falar da sua, isso não é justo. — retruquei, me sentindo um pouco frustrada com sua relutância.

— Tem tanta injustiça nesse mundo que se você fosse parar pra ver, não dormiria mais. — ela avisou, sua expressão séria contrastando com a leveza do ambiente. — Eu vou ali resolver uma coisa e já volto.

Enquanto minha mãe se afastava, Richard se aproximou, buscando por minha ajuda.

— Clarinha, pode me ajudar aqui? — ele pediu, estendendo o braço para que eu o puxasse. — Pode puxar o meu braço? Com força, ajuda alongar.

— Isso está tenso, o que andou fazendo com esse braço? — brinquei, notando a rigidez.

— Dormi encima dele e ele ficou dormente e agora parece que não quer funcionar. — sorriu, mas sua expressão denunciava um leve desconforto. — Puxa aí.

Amor em Jogo - PiquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora