São Paulo | Brasil
10 de Junho.Abri os olhos devagar, me deparando com a escuridão aconchegante do quarto. A madrugada ainda reinava, envolvendo tudo em um silêncio profundo, quebrado apenas pelo leve respirar de Joaquín ao meu lado. Uma sensação estranha tomava conta de mim, como se meu corpo estivesse vibrando em uma frequência diferente, me alertando para algo que eu não conseguia identificar.
Ergui-me um pouco, e observei Joaquín. Seus cabelos escuros caíam sobre seus olhos fechados, e seus lábios rosados se entreabriam de vez em quando em um suspiro suave. Ele se agarrava a mim como um filhote de panda, buscando calor e proteção. Senti um sorriso brotar em meus lábios, um sorriso terno e cheio de afeto por aquele homem que dividia minha cama e minha vida.
Com cuidado, me inclinei e depositei um beijo leve em sua testa. A pele dele estava quente e macia, e pude sentir o ritmo constante de seu batimento cardíaco sob meus dedos.
Assim que fechei meus olhos, tentando voltar a dormir, uma onda de náusea me atingiu em cheio. Meu estômago revirou, a boca se encheu de saliva e a sensação de que algo terrível estava prestes a acontecer me dominou. Num impulso, saltei da cama e corri para o banheiro com a urgência de quem precisa se livrar de um fardo insuportavelmente pesado.
Chegando lá, mal tive tempo de levantar a tampa do vaso sanitário antes que tudo jorrasse para fora. Meu corpo se contorcia em espasmos enquanto vomitava, cada contração da minha barriga me trazendo uma nova onda de enjoo e repulsa. O cheiro ácido e a textura áspera do meu vômito me davam náuseas ainda maiores, e eu só queria que tudo acabasse logo.
O barulho do meu estômago revirando e a força com que eu vomitava eram tão altos que impossibilitaram que Joaquín continuasse dormindo. Ele acordou assustado e, quando me viu ajoelhada ao lado do vaso, expelindo o jantar da noite anterior e emitindo sons guturais que nem eu mesma conseguia explicar, correu em minha direção tomado pela preocupação.
Percebendo sua aproximação e imaginando a expressão de horror que ele teria ao me ver naquele estado, reuni as últimas forças que me restavam e me arrastei até a porta do banheiro. Com um movimento brusco, a fechei na sua cara, impedindo-o de presenciar a cena deplorável que se desenrolava ali dentro.
Sentada no chão frio do banheiro, encostei minha cabeça na parede e fechei os olhos. Meu corpo ainda tremendo pelos espasmos do vômito. A náusea persistia, me deixando tonta e fraca. Respirei fundo, tentando recuperar o controle da minha respiração acelerada.
— O que está acontecendo, Clara? Você está doente? Me diga o que tem de errado! — a voz de Joaquín era abafada pela porta do banheiro, mas a urgência em seu tom era inconfundível.
Ele tentava abrir a maçaneta, mas eu me agarrei à ela com força, impedindo-o de entrar.
— Não quero que você me veja assim, Joaquín.— confessei, minha voz fraca. — Estou me sentindo nojenta, provavelmente cheirando a vômito. Não quero que você me veja nesse estado.
— Mas eu quero cuidar de você! — ele insistiu, sua voz agora carregada de preocupação. — Me deixa entrar, Clara.
— Não, por favor, Joaquín. O cheiro aqui não está nada agradável. Volte para a cama, eu prometo que vou ficar bem.— supliquei, mas meu tom de voz não era convincente, nem para mim mesma.
Ouvi um silêncio do outro lado da porta, e por um breve instante senti uma pontada de culpa. Joaquín sempre quis estar ao meu lado, nos momentos bons e ruins, e agora, eu estava o afastando.

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Amor em Jogo - Piquerez
Fiksi PenggemarO que fazer quando o seu coração entra em uma partida sem avisar? Clara sempre preferiu viver longe dos holofotes que envolvem a fama de sua mãe, Leila Pereira, presidente do Palmeiras. Enquanto se dedica aos estudos de publicidade e tenta encontra...