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São Paulo | Brasil
10 de Abril

— Onde você vai tão cedo? — minha mãe perguntou assim que me viu acordada, caminhando apressada pela casa. Seus olhos castanhos, normalmente calmos e serenos, carregavam uma pitada de preocupação.

— Eu vou pro Guarujá, mãe. — respondi, sorrindo enquanto tentava em vão disfarçar a empolgação na minha voz. — Preciso dar um mergulho no mar e renovar as energias. E bom dia pra você também.

— Sozinha? — ela questionou, arqueando uma sobrancelha cética.

Fiz um sinal negativo com a cabeça, balançando os cabelos castanhos que caíam em ondas pelas minhas costas.

— Vou com o papai. — acrescentei, tentando soar casual.

Minha mãe me encarou por um instante, seus olhos se estreitando em uma mistura de desconfiança e desaprovação. A relação dela com o meu pai nunca foi das melhores. As brigas eram constantes, resultado do choque entre suas personalidades fortes e independentes. A separação, apesar de dolorosa no início, havia se mostrado a melhor solução para ambos.

— Mas você acha mesmo que eu iria sozinha para a praia? — perguntei, fingindo indignação.

Na verdade, a ideia de ir sozinha para o Guarujá me causava arrepios. A praia, com suas lembranças de infância e momentos felizes em família, era um lugar que eu preferia compartilhar com alguém especial, como o meu pai.

Ela deu de ombros, resignada. Era evidente que sua mente já estava ocupada com outros pensamentos, provavelmente algo que envolve o Palmeiras.

Vesti um vestido branco soltinho e fresco, perfeito para o calor do dia. Por baixo, o biquíni já estava pronto para a ação. Nos pés, minhas havaianas favoritas, prontas para pisar na areia quente. Na ecobag, coloquei protetor solar e óculos de sol, os itens essenciais para um dia na praia. Não queria levar muita coisa, apenas o necessário para aproveitar ao máximo o sol, o mar e a companhia do meu pai.

— E por que ir tão cedo assim? — ela insistiu, a voz carregada de um tom inquisitivo. — Tem certeza que não está tramando nada com o seu pai?

Forcei uma risada, tentando desviar a atenção do seu olhar penetrante.

— Mãe, qual é! — exclamei, fingindo indignação. — Só quero um dia relaxante na praia com o meu pai. Nada mais.

Mas no fundo, eu sabia que ela não acreditava em mim.

— Não está mesmo?

— Não, mãe. Mas o sol da tarde não agrada nem a mim nem ao meu pai. É muito forte e quente, enquanto o sol da manhã é mais suave e benéfico para a saúde. — revirei os olhos, com um tom de leve impaciência na voz. — Por que você sempre implica com o meu pai?

— Porque ele é o seu pai, querida. — ela respondeu com um sorriso divertido, me fazendo soltar uma risada.

— Vou voltar no final da tarde, prometo. Vou almoçar com ele, tudo bem? — avisei, e ela assentiu com a cabeça, satisfeita com a minha resposta. — Tchau, mãe!

Saí do apartamento apressada, com o coração batendo forte de ansiedade. Sabia que meu pai já estava me esperando na entrada do condomínio, pronto para o nosso passeio.

Amor em Jogo - PiquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora