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Depois de devorarmos a lasanha (ainda que congelada), nos dirigimos ao meu quarto, guiados pela ideia de assistirmos algo. A luz suave da lua entrava pela janela, criando uma atmosfera aconchegante e convidativa. Nos aconchegamos no na minha cama, lado a lado, prontos para mergulhar no mundo de Peaky Blinders, a série que Piquerez tanto falava ao ponto de me convencer a assistir.

Eu nunca havia assistido Peaky Blinders antes, mas a empolgação de Piquerez era contagiante. Seus olhos brilhavam com entusiasmo enquanto ele me explicava a trama, os personagens e os detalhes históricos da série. Eu me deixei levar por suas palavras, ansiosa para desvendar os segredos daquela história tão envolvente.

A tela se iluminava com as imagens da Inglaterra dos anos 1920. A trilha sonora animada nos transportou para outro tempo e lugar, enquanto os personagens de Peaky Blinders tomavam vida diante dos nossos olhos. Piquerez comentava cada cena com entusiasmo, compartilhando suas teorias e interpretações. Eu o observava com admiração, fascinada por sua paixão pela série e por sua capacidade de análise.

Em meio aos capítulos da série, meus olhos começaram a pesar. As taças de vinho que eu tomei durante as últimas horas e a lasanha, haviam me deixado sonolenta. Sem perceber, meu corpo se agarrou no de Piquerez, buscando conforto e aconchego. Minha cabeça se apoiou em seu peito nu, sentindo o calor de sua pele e o ritmo suave de sua respiração.

Não posso dizer que a série estivesse ruim, mas o sono me dominou completamente. A trama de Peaky Blinders se misturava com meus sonhos, criando uma realidade própria e surreal. Tenho certeza de que Piquerez também adormeceu, pois sua respiração se tornou mais profunda e uniforme.

Um sussurro suave penetrou em meu sono, como um vento frio tocando meu rosto. Abri os olhos devagar, ainda grogue pelo sono, e ouvi a voz da minha mãe ecoando pelo corredor.

— Clara? Cê tá acordada? Preciso falar com você.

O sono ainda me dominava, mas não o suficiente para não reconhecer a voz familiar. Meus olhos se arregalaram enquanto eu me sentava na cama, observando Piquerez adormecido ao meu lado. Seu sono parecia mais pesado que o meu, me dando alguns minutos preciosos para lidar com a situação.

Com movimentos cautelosos, me levantei da cama, tomando cuidado para não acordá-lo. Meus pés descalços tocaram o chão frio enquanto eu caminhava em direção à porta, o coração batendo descompassado no peito. A última coisa que eu precisava era da minha mãe me encontrando com Piquerez ainda dormindo em meu quarto, seria mais do que catastrófico.

Saí do quarto em passos apressados, seguindo em direção à cozinha, onde minha mãe me esperava ansiosamente. Ela estava de pé ao lado do lixo, seus olhos fixos em mim com uma expressão de reprovação.

— Você bebeu tudo isso sozinha? Uma garrafa e meia de vinho? Por acaso está virando alcoólatra? — sua voz severa ecoou pela cozinha, me deixando sem graça.

— Não, mãe. Eu nem estou bêbada. Só tomei para me distrair — respondi, tentando parecer calminha e normal, apesar da situação tensa. — O que você queria falar comigo?

— Amanhã eu vou ao CT, mas antes eu vou precisar ir resolver outras coisas mais importantes, então não vamos sair daqui juntas. — ela me informou, mudando de assunto. — Mas você vai me encontrar lá.

Sua última frase foi dita com um tom irônico, me fazendo revirar os olhos. Eu sabia que ela estava zangada por causa do vinho, mas não podia negar que a ideia de ter um dia livre sem compromissos era tentadora, mesmo que isso significasse lidar com uma ressaca no dia seguinte.

— Onde você estava? — questionei minha mãe, tentando desviar o assunto da garrafa de vinho vazia no lixo. Ela me olhou com reprovação, ignorando minha tentativa de mudar o foco da conversa.

Amor em Jogo - PiquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora