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São Paulo | Brasil
14 de Junho.

— Que bom que você veio. — Dra. Laís disse com um olhar preocupado. — Eu não sei se você viu o seu exame, presumo que sim. — Ela se levantou da cadeira, segurando um prontuário.

— Eu vi, mas confesso que não entendi. — dei um sorriso nervoso, sentindo meu coração bater mais rápido. — Eu tô com alguma coisa grave?

— Quando eu consultei o seu hemograma e vi que suas plaquetas estavam baixíssimas, eu lembrei dos seus sintomas e batem certinho com o que nem se passou na minha cabeça. — ela me olhou com atenção, os olhos refletindo a seriedade da situação. — Você está com dengue, Clara.

Meu corpo caiu sentado na cadeira e eu soltei um riso nervoso, sentindo uma mistura de alívio e medo. Dra. Laís me encarou, claramente confusa com minha reação.

— Você recebeu o diagnóstico de dengue e fica... feliz? — ela franziu o cenho, visivelmente perplexa.

— Pelo menos não é gravidez. — levantei os ombros, tentando aliviar a tensão com humor. Dra. Laís entendeu o meu ponto e balançou a cabeça, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios.

— Bom... se fosse gravidez, eu poderia te liberar agora para ir para casa. Mas como não é, eu preciso te encaminhar para a ala de internação, onde você receberá o tratamento necessário. — ela ajustou os óculos, voltando ao tom profissional.

— Eu acho que uma internação não é necessária. Eu nem estou me sentindo tão mal assim. — fingi um sorriso, tentando esconder a dor que latejava em cada parte do meu corpo. 

A última coisa que eu queria era ficar internada.

Dra. Laís suspirou, percebendo minha resistência. 

— Clara, a dengue pode ser muito perigosa, especialmente com o nível de plaquetas que você está. É crucial que você fique sob observação médica para evitar complicações graves. — ela colocou a mão no meu ombro.

Eu sabia que ela estava certa, mas a ideia de ficar internada me apavorava. A luz fria do hospital e o cheiro característico de desinfetante não ajudavam. Me sentia pequena e vulnerável, algo que detestava.

— Não posso mesmo ir para casa?

— Infelizmente, eu não posso ir de acordo com a sua vontade e sim com os resultados dos seus exames. Você é grandinha para saber que dengue não é brincadeira. Isso mata e eu não vou arriscar anos de estudos meus ao te deixar ir para casa. — disse a médica com um tom firme, mas com um olhar compreensivo.

— Eu não posso assinar um documento dizendo que fui por conta própria? — dei o meu sorriso mais fingido da vida, tentando apelar para qualquer brecha. Mas eu sabia que estava me enganando.

— Não. E mesmo se tivesse, você não teria essa opção. Não até as suas plaquetas voltarem ao nível normal. Eu sei que internação é um saco, mas não posso deixar uma paciente diagnosticada com dengue sair por aquela porta como se só estivesse com gripe. — ela franziu ligeiramente a testa, enfatizando a seriedade da situação.

— Ok. — suspirei, me dando por vencida. — Qual o próximo passo?

— Você vai para o quarto que eu já designei a você. Irá trocar a sua roupa pela do hospital e eu vou colocar no seu prontuário médico tudo o que acontecer após isso. Não se preocupe, você estará em boas mãos. — ela disse, passando as mãos pelos meus ombros em um gesto de conforto. — E não se esqueça, temos uma equipe pronta para te monitorar 24 horas. Vamos fazer de tudo para que você se recupere o mais rápido possível.

Amor em Jogo - PiquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora