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— Tá me levando pra cama como se fôssemos recém-casados? — perguntei, rindo, enquanto ele me carregava no colo como se eu fosse uma pluma.

Depois de me colocar suavemente na cama, Joaquín se afastou para tomar banho. Fiquei relaxando, observando a vista deslumbrante da cidade através da janela do quarto. A luz da lua banhava a paisagem urbana em tons de prata e azul, criando um cenário mágico.

De repente, meu celular tocou, me tirando do transe. Olhei para a tela e vi o nome da minha mãe piscando. Um frio percorreu minha espinha. Eu sabia que ela não estaria me ligando para saber onde e com quem eu estava.

Depois de ignorar as duas primeiras chamadas, ela insistiu com uma chamada de vídeo. Suspirei, resignada, e atendi.

Onde você está? Vem pra casa agora, Clara! E eu não vou repetir! — sua voz estava carregada de raiva e frustração.

— Eu estou bem, mãe. E não vou voltar hoje. — respondi com calma, tentando manter a compostura.

Clara, volte para casa.— meu corpo congelou ao ouvir a voz calma do meu pai do outro lado da linha. — Sua mãe está muito preocupada. E que lugar é esse que você está?

Ao contrário da minha mãe, a voz do meu pai era serena, sem nenhum tom de reprovação. Ele sempre foi mais compreensivo, mais paciente.

— Pai, eu estou bem. Como já disse, não vou voltar hoje. Mas amanhã pode ter certeza que estarei no trabalho. — respondi, tentando soar o mais convincente possível.

Eu vou te tirar da função.— minha mãe falou do outro lado da linha, seus olhos fuzilando a tela do celular.

— Você não pode fazer isso!

Você nunca quis a vaga por gostar dela, você só quis por causa dele. — disparou minha mãe, cuspindo as palavras com ódio e ressentimento.

— Para! — exclamei, sentindo meu sangue ferver nas veias. — Por que você sempre quer tirar tudo o que é bom de mim? Por que me odeia tanto?!

Eu não te odeio, Clara. — ela tentou se defender, mas sua voz soava fraca e insegura.

— Odeia sim! — rebati com convicção, meus olhos marejados de lágrimas. — Sabe de uma coisa? Eu não quero mais ver você, falar com você ou qualquer coisa do tipo.

Mas você mora comigo, Clara Maria. Você vai ter que me ver. — sua voz era fria e cortante, como se ela estivesse se preparando para uma batalha.

— Meu pai vai viajar a trabalho para Nova York na próxima semana. Eu fico no apartamento dele até ele voltar, depois eu resolvo minha vida. Mas uma coisa é certa: eu não vou mais ficar sob as suas ameaças e regras. — sentia meus olhos encherem de lágrimas de raiva e frustração.

Agora você quer mudar sua vida por causa de um cara?! — ela perguntou, sua voz carregada de incredulidade.

— Não. Eu estou fazendo o que eu já deveria ter feito há muito tempo, e ele só reforçou essa necessidade. — respondi com firmeza, finalmente tomando as rédeas da minha própria vida.

— Você está exagerando, Clara. — ela disse, tentando minimizar meus sentimentos. — Não vou aceitar você transformar sua vida por causa dele.

— Para de colocar a culpa nele! — explodi, cansada de suas acusações injustas. — Que saco! — joguei o celular na cama e me levantei, meus músculos tensos e meu coração batendo descompassado.

Peguei o celular na mão, voltando para a cama e meu pai parecia preocupado.

Ele é um bom rapaz, Leila. — meu pai disse, parecendo convicto das palavras que havíamos trocado naquele dia na praia.

Amor em Jogo - PiquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora