Meu celular tocou, era Joaquín, respirei fundo tentando me recompor antes de aceitar a chamada de vídeo.
— Oi amor.
Ele estava com uma expressão triste no rosto. Ao me ver e ouvir meu "amor", esboçou um sorriso, mas seus olhos ainda transmitiam preocupação.
— O que foi, meu bem? Aconteceu algo? — perguntei com a voz ansiosa. — Fala alguma coisa, Joaquín, por favor.
— Eu torci o tornozelo esquerdo. — ele disse, a voz baixa. — Está inchado e o médico aqui falou que se continuar assim, não vou poder jogar no dia nove. Eles estão esperando desinchar pra tirar um raio-x.
— Nossa... — murmurei, encolhendo a garganta. — Você está no CT?
— Sim, com o pé em um balde de gelo. — ele respondeu, tentando descontrair com um sorriso fraco.
— Tá doendo? Tipo doendo muito? — questionei, e ele assentiu com a cabeça. — Chego aí em alguns minutos, se o trânsito não estiver pesado.
— Não precisa, amor. — ele me tranquilizou. — De qualquer forma, já vou embora daqui a pouco. Só tô esperando o tornozelo desinchar um pouco. Não tô conseguindo pisar no chão por causa da dor.
— Mas como vai embora assim? — perguntei, preocupada. — Você não está em condições de se locomover sozinho.
— Sua mãe disse que me levava. — ele respondeu com um encolher de ombros, e eu quase não acreditei no que ouvi. — Ela está aqui comigo agora.
Por que a minha mãe faria algo significativo para ajudar Joaquín?
Até que me lembrei do ocorrido com Bruna. Ela só estava tentando fazer algo pra compensar e soube exatamente a hora de agir. Como eu estava sem carro, não poderia enfiar ele em um Uber, isso certamente daria o que falar, então deixei a ideia da minha mãe.
— Tá. Mas você não vai pra sua casa, você vai ir pra minha.— avisei e ele me encarou confuso.
O rosto de Joaquín se contorceu em uma expressão de desconcerto. A ideia dele ir para casa sozinho, com o tornozelo inchado e dolorido, era inaceitável para mim.
— Eu não preciso de uma babá, Clara.— ele falou sério.
A postura rígida e o tom de voz firme demonstravam a sua relutância em aceitar a minha ajuda.
— Não foi você quem disse que era um bebê de 300 meses?— perguntei, arqueando uma sobrancelha brincalhona.
A lembrança da nossa conversa anterior me trouxe um sorriso nos lábios, mesmo com a preocupação por Joaquín tomando conta de mim.
Ele se calou por um instante, as bochechas corando levemente com a minha provocação. A expressão séria deu lugar a um sorriso tímido, revelando a sua rendição.
— Ok. Como você quiser.— sorriu, balançando a cabeça em concordância.
A rendição era evidente em seus olhos, e eu sabia que ele apreciava a minha preocupação.
— Te vejo daqui um tempinho.— disse, piscando para ele com um sorriso no rosto.
Mandei um beijinho virtual para a tela antes de desligar a chamada. A imagem do rosto de Joaquín, agora mais sereno e com um sorriso nos lábios, me acompanhou durante todo o caminho de volta para casa.
Depois de sair do prédio, caminhei em direção ao portão do condomínio. O sol já começava a se pôr, lançando tons dourados sobre as ruas arborizadas. Respirei fundo, o ar fresco da noite me invadindo os pulmões.
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Amor em Jogo - Piquerez
FanfictionO que fazer quando o seu coração entra em uma partida sem avisar? Clara sempre preferiu viver longe dos holofotes que envolvem a fama de sua mãe, Leila Pereira, presidente do Palmeiras. Enquanto se dedica aos estudos de publicidade e tenta encontra...