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São Paulo | Brasil
21 de Maio.

Era um sábado à noite como tantos outros. O sol já havia se despedido, deixando no céu um rastro de cores vibrantes que se desfaziam aos poucos, dando lugar à escuridão acolhedora da noite. As ruas da cidade, antes movimentadas e barulhentas, agora se encontravam em um ritmo mais calmo, com o burburinho das conversas e o ronco dos carros se transformando em uma melodia suave e relaxante.

No "meu" apartamento, o silêncio reinava absoluto. Sentada no sofá, folheava sem entusiasmo as páginas de um livro, buscando em vão algo que me prendesse a atenção. A televisão ligada em um canal qualquer apenas servia como pano de fundo para meus pensamentos inquietos. A sensação de tédio me consumia, e a vontade de fazer algo, qualquer coisa que me tirasse daquele estado de apatia, era cada vez maior.

De repente, uma mensagem no meu celular me tirou do transe. Era da minha mãe, perguntando se eu não queria ir à casa dela para comer pizza. A ideia me pareceu perfeita. Afinal, quem resiste a uma pizza quentinha, recheada de ingredientes saborosos?

Ela pediu para que eu também chamasse Joaquín. Ele não estava comigo, estava em casa. Antes de ir me arrumar, eu mandei mensagem perguntando se ele queria ir e ele respondeu dizendo que sim. Tomei um banho, lavando meu cabelo, apesar de que odiava lavar o cabelo em dias frios, demorava mais ainda pra secar. Enquanto a água quente acariciava minha pele, eu antecipava a noite relaxante que estava por vir.

Coloquei uma calça de moletom macia, uma blusa de manga longa confortável e um casaco de frio aconchegante. Não tinha necessidade nenhuma de me arrumar, afinal, estava indo pra casa da minha mãe, não para uma festa ou qualquer coisa semelhante. Assim que terminei de me vestir, mandei uma mensagem rápida para Joaquín, informando que já estava a caminho.

Depois da viagem para o Uruguai, onde aproveitamos cada momento, peguei meu carro de volta. Gastar com carros de aplicativo, quando tenho o meu próprio, seria uma tremenda falta de controle financeiro. Assim que entrei no carro, liguei o ar quente, estava muito frio lá fora e eu não queria ter que sentir o frio cortante durante o caminho para casa da minha mãe. O conforto do meu carro familiar era reconfortante, trazendo uma sensação de segurança e familiaridade enquanto eu dirigia pelas ruas iluminadas pela noite.

Enquanto dirigia, meu celular começou a tocar. Com um misto de medo e receio por estar ao volante, decidi atender, mantendo o celular a uma distância considerável para garantir minha segurança.

— Aconteceu alguma coisa, amor? — perguntei, notando a hesitação na voz de Joaquín. — Por que você está tão quieto?

Seu pai me mandou uma mensagem. — ele disse, visivelmente apreensivo. — Mas eu não sei o que responder.

— Meu pai tem o seu número? — perguntei, surpresa.

Mandou pelo Instagram.— ele respondeu, parecendo mais descontraído.

— E o que diz na mensagem? — perguntei, curiosa.

"Oi, tudo bem?" — ele disse, nervoso, e não pude conter o riso diante da mensagem.

— É sério isso, Joaquín? Não é possível — balancei a cabeça, ainda rindo. — Responde normal, ué. É só o meu pai.

— Não é só o seu pai, é o meu sogro, o homem que, se achar que eu estou me comportando errado, vai me devorar vivo. — falou aflito.

Amor em Jogo - PiquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora