— Você não sai daqui até eu dizer que pode sair. — minha mãe me avisou, enquanto me deixava no camarote do estádio. — Ainda mais durante a final do jogo.
Minha feição denunciava confusão diante da sua advertência.
— É final de campeonato, Clara. Se houver briga, você não pode estar por aí. — ela explicou com preocupação evidente em sua voz, e eu concordei, entendendo a gravidade da situação. — Eu vou dar uma passada no vestiário e ver como tudo está.
— Não quero ficar aqui sozinha, mãe. Eu não conheço essas pessoas. — admiti, olhando ao redor e sentindo-me levemente desconfortável com a ideia de ficar sozinha no camarote.
Ela fez um sinal com a mão, indicando para que eu a seguisse. Descemos escadas e mais escadas rolantes, até que chegamos à parte interna inferior do estádio, onde ficava a área reservada aos jogadores.
— Estão todos aqui? — minha mãe perguntou, sua voz carregada de autoridade enquanto observava a sala cheia de jogadores.
— Piquerez se trocou e saiu. — Endrick avisou, enquanto alguns jogadores acenavam com a cabeça em confirmação. — Acho que foi falar com alguém no celular, sei lá.
— Preciso de todos aqui. — ela afirmou, seu olhar se voltando para mim. — Vê se você o encontra.
Concordei com um aceno antes de deixar aquela sala repleta de homens. Percorri os corredores, fazendo perguntas sobre o paradeiro de Piquerez. Alguns apontavam na direção que ele havia ido, e eu segui as indicações até encontrá-lo vindo na direção oposta à que eu estava indo.
Seu olhar estava fixo na camisa em seu corpo, como se estivesse avaliando algo. Talvez o tamanho ou a cor, que não era o verde dominante de sempre.
Aquele homem, vestindo aquele uniforme, poderia ser considerado facilmente um dos pecados capitais. Quando seus olhos encontraram os meus, ele me analisou por um momento, sua expressão revelando uma hesitação momentânea antes que sua boca se abrisse, como se estivesse prestes a dizer algo, mas então se fechou novamente.
— Minha mãe está procurando por você. — falei, tentando manter a calma enquanto o informava. — Ela está no vestiário com os meninos.
Cada passo que ele dava em minha direção fazia meu corpo inteiro entrar em estado de atenção. Eu desejava que ele me elogiasse, mas jamais pediria por isso, então apenas observei enquanto ele se aproximava antes de começarmos a caminhar em direção ao vestiário.
Justo quando me virei para seguir adiante, Piquerez colocou a mão em minha nuca, gentilmente me fazendo virar de novo para ele. Seus olhos escuros me prendiam como se me levassem para outra dimensão.
— Você tá linda. — ele sussurrou, depositando um beijo suave em minha testa, fazendo meu coração acelerar com sua gentileza.
Ouvimos as vozes de alguns funcionários se aproximando e eu o empurrei sutilmente para longe, sentindo a necessidade de manter as aparências.
— Vai, Piquerez, minha mãe está te chamando! — falei, tentando parecer séria enquanto indicava o caminho. — Ela odeia esperar.
Os funcionários passaram por nós e se entreolharam, visivelmente surpresos com meu tom de voz e, de repente, convencidos pelo meu teatro improvisado.
— É assim que você briga com alguém? — ele começou a rir, divertido com a situação. — Você realmente precisa entender o que significa a palavra.
Caminhamos separados pelos corredores, ele mantendo-se no lado direito e eu no esquerdo. Às vezes, eu não conseguia evitar de olhar para ele, mas precisava disfarçar sempre que alguém aparecia.
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Amor em Jogo - Piquerez
FanfictionO que fazer quando o seu coração entra em uma partida sem avisar? Clara sempre preferiu viver longe dos holofotes que envolvem a fama de sua mãe, Leila Pereira, presidente do Palmeiras. Enquanto se dedica aos estudos de publicidade e tenta encontra...