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Depois do ato, me entreguei à água quente da banheira, como se estivesse sendo purificada por aquele momento mágico que acabamos de viver. A vista da cidade se estendia diante de mim, um mar de luzes que refletia a felicidade que transbordava em meu coração.

Enquanto observava a cidade, um suspiro escapou dos meus lábios. Uma mistura de alívio, prazer e expectativa me dominava. Eu sabia que algo especial havia acontecido.

De repente, a voz de Joaquín me tirou dos meus pensamentos.

— Clara. — ele me chamou, sua voz carregada de uma emoção que eu não sabia decifrar.

Virei para ele, meu corpo ainda envolto na espuma da banheira. Seus olhos me fitavam com uma intensidade que me fez sentir diferente, de uma forma boa, claro.

— Eu quero muito uma coisa, mas antes, preciso te falar algo. — disse ele, sua voz hesitante.

Meu coração começou a bater descompassado no peito. Uma sensação de apreensão se misturou à expectativa que eu sentia.

— Sim, o que seria? — perguntei, minha voz quase um sussurro.

Ele respirou fundo, como se estivesse tomando coragem para dizer algo importante.

— Eu quero estar com você. Namorar com você e termos algo. — disse ele, seus olhos brilhando com uma luz que me fez derreter.

Um sorriso se formou em meus lábios. Era tudo o que eu sempre quis ouvir, mas ainda havia algo que ele ainda não tinha me contado.

— Mas antes eu preciso falar com a sua mãe. — continuou, sua voz agora mais firme.

Fiquei surpresa com sua fala. Por que ele precisaria falar com a minha mãe?

— Se você quiser namorar comigo, pode pedir diretamente a mim, Joaquín. Eu já sou maior de idade, minha mãe não tem nada a ver com isso.

Ele se aproximou da banheira, se ajoelhando ao meu lado.

— Eu sei que você é maior de idade, Clara. Mas eu não consigo fazer isso sem saber que ela está ciente. Pode parecer meio bobo, mas eu acho que isso é necessário, ainda mais depois de vocês brigarem. — ele falou, seus olhos me fitando com sinceridade.

— Ela vai te destruir com palavras. Eu não quero você perto dela. — neguei a ideia, não iria aceitar de jeito nenhum. — Ela foi capaz de me magoar, imagina você?!

Ele pegou minhas mãos entre as suas, seus dedos entrelaçando-se com os meus.

— Eu não tenho medo do que ela pode me dizer. Eu só quero deixar claro que eu te quero, te respeito e estou apaixonado pela filha dela. — sua voz carregada de convicção.

Meus olhos se arregalaram. Eu já desconfiava do que ele sentia por mim mas a reação ao ouvir aquilo foi completamente diferente do que eu achei que seria.

— Você o que? — Sentei na banheira, meu coração batendo forte no peito. — Apaixonado por mim?

— Eu achei que isso já estivesse óbvio. — ele sorriu enquanto seus olhos estavam me fitando com uma intensidade que me fez sentir cuidada e amada. — Mas se não está, eu falo, olhando nos seus olhos. Eu tô apaixonado por você, Clara Maria.

Meu coração batia descompassado no peito, como se estivesse prestes a explodir. As palavras dele ecoavam em minha mente, cada sílaba carregada de um sentimento que eu já reconhecia, mas que agora se confirmava com a força de um raio em uma noite escura.

— Joaquín...

Comecei a falar, mas minha voz falhou. As lágrimas brotaram em meus olhos, turvando minha visão. Eu não podia acreditar que ele estava me dizendo isso.

— Eu me apaixonei por você desde aquele dia que eu te vi naquele gramado, segurando a mão daquela menina. Seus olhos brilharam de um jeito... quando me viram. E suas pupilas ficaram dilatadas, do mesmo jeito como estão agora. — ele sorriu, levando sua mão até o meu rosto, acariciando minha pele com carinho. — E foi por isso que eu te quis desde aquele primeiro instante.

Suas palavras me transportavam de volta para aquele dia, para o momento em que nossos olhares se encontraram pela primeira vez. A lembrança era vívida, como se tivesse acontecido ontem. Eu me lembrei da sensação de eletricidade que percorreu meu corpo, da forma como meu coração disparou e como minhas mãos ficaram suadas e trêmulas. Eu sabia, desde aquele momento, que havia algo especial em naquele olhos e sorriso.

— Droga... — soltei um riso nervoso, tentando disfarçar o nervosismo que me dominava. — Eu não sei nem o que falar. — confessei, sentindo meu rosto queimar com a vergonha. — Eu realmente te quis desde aquele primeiro instante e, se quer saber, eu nem achei que teria... a chance de ter você.

Sem pensar duas vezes, me joguei em seus braços, mesmo com o meu corpo ainda úmido da banheira. Ele me abraçou com força, me aconchegando em seu calor. Uma onda de felicidade me tomou conta, lavando todas as minhas dúvidas e inseguranças.

— Eu quero você pra mim, Clara. — ele disse, sua voz rouca e carregada de desejo.

Ergui meu rosto, meus olhos encontrando os seus. A intensidade do seu olhar me deu certeza de tudo o que ele dizia. Eu sabia que ele estava falando sério, que seus sentimentos por mim eram reais e profundos.

— Isso foi um pedido? — perguntei, minha voz hesitante. — Se for, eu aceito.

Ele sorriu, um sorriso radiante que iluminou seu rosto.

— Eu nem pedi formalmente ainda. — ele disse, me fazendo rir.— Eu justamente queria falar com a sua mãe, pra fazer isso.

— Não precisa. Guarde isso pra quando for me pedir em casamento. — falei, balançando a mão e rindo. — Mas, está falando sério?

— Eu tenho cara de quem brincaria com isso? — ele perguntou, confuso. — Quero ter motivos para mandar Richard e qualquer outro homem ficar longe de você.

Suas palavras me fizeram rir.

— Você e esse seu jeitinho parecem droga, Joaquín. É tão viciante! — falei me levantando e pegando o roupão que estava ali ao lado.

Ele me observou enquanto eu me vestia, seus olhos me acompanhando cada movimento. Era como se estivesse hipnotizado por mim, pela forma como meu corpo se moldava ao tecido macio do roupão.

— Tem certeza que só o meu jeito é viciante? — ele falou, olhando para o meu corpo de cima a baixo. Um sorriso se formou em seus lábios enquanto eu soltava uma risada nervosa.

— Você costumava ser tímido! — apontei para ele.

Ele apenas balançou a cabeça em concordância.

— E eu sou. Mas também sou sincero. — falou, erguendo os ombros com um ar de inocência.

— Você não existe, Joaquín. — falei me aproximando dele, deixando nossos rostos a centímetros. — Pra falar a verdade, ainda bem que você existe. E agora é meu. Não que antes já não fosse, mas agora oficialmente é.

Um sorriso radiante se formou em seu rosto. Ele me puxou para um abraço apertado, seus braços me envolvendo como se eu fosse um bem precioso.

Amor em Jogo - PiquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora