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Eu estava quase caindo no sono no sofá, mergulhada na penumbra do ambiente, quando ouvi o estalo familiar da porta sendo destrancada. Abri um dos olhos, hesitando, tentando processar se o barulho era real ou fruto da minha imaginação cansada.

Com um esforço, me sentei, pegando o celular que repousava na mesa de centro, 23h56. Um bocejo profundo escapuliu dos meus lábios, e a sensação de sono me envolveu novamente. Presumi que era meu pai voltando, após levar minha mãe de volta para casa, então não dei muita importância e decidi seguir para o meu quarto.

Foi então que o aroma do perfume dele, inconfundível e envolvente, me paralisou no lugar. A sensação me fez girar sobre os calcanhares, e ali estava Joaquín, com sua bolsa de ursinho inseparável e uma sacola na mão, exatamente a mesma onde ele costumava usar a aliança.

Sim, ele também usa uma.

— Você não avisou que viria.— falei, a surpresa tingindo minha voz. — Tudo correu bem no treino?

— Sim, tá tudo tranquilo. — respondeu ele, balançando a cabeça enquanto trancava a porta novamente, como se tentasse fechar o mundo lá fora. — Estava indo pra casa, mas pensei em passar aqui e, como você me deu a chave, não achei que precisava avisar. — acrescentou, o olhar fixo no meu, intenso. — E por aqui, tá tudo bem?

— Agora sim.— indaguei, um sorrisinho brotando involuntariamente nos meus lábios enquanto me aproximava dele. — O que você tem aí?

Um brilho de curiosidade em meus olhos olhando para a sacola que ele segurava.

Ele soltou um riso nasalado, arqueando a sobrancelha em um gesto que só aumentou minha expectativa. Com um movimento ágil, ele deixou a bolsa de lado no sofá e me entregou a sacola.

— Ok, vinho. — balancei a cabeça, admirando sua escolha. — Você até que sabe escolher. — comentei, e ele sorriu, os lábios curvando-se em um sorriso discreto. — Mas o que é isso aqui? — a curiosidade me tomou de assalto.

Dentro da sacola menor, algo estava embrulhado, um mistério que aguardava para ser revelado. Com um toque cuidadoso, retirei a lingerie branca, seu tecido suave e delicado parecendo brilhar sob a luz baixa da sala. Olhei para Joaquín, e o vi coçar a nuca, uma expressão de inocência em seu rosto, como se não soubesse que a situação estava prestes a se tornar muito mais interessante.

— De onde você tirou isso? — perguntei, examinando os detalhes delicados do tecido.

— Da loja. — respondeu, e não pude evitar uma risada.

— Eu quis dizer a ideia de trazer isso pra mim. — expliquei, e ele abriu a boca em um gesto clássico de "ah, agora eu entendi".

— Fui comprar o vinho e passei perto de uma loja feminina. Vi essa peça branca e pensei: "alguém vai ficar deslumbrante nela", então trouxe. — disse ele, a preocupação em sua voz demonstrando o cuidado que tinha em se justificar.

— Você conversou com a minha mãe hoje? — indaguei, um leve sorriso no rosto.

— Não, ela não esteve no treino. Por quê? — questionou, olhando-me com curiosidade.

— Nada não. — balancei a cabeça, deixando a informação no ar. — Você quer que eu use isso quando?

— Quando você quiser. — respondeu ele, dando de ombros e provocando uma nova risada minha.

— Hoje? — arqueei a sobrancelha, enquanto ele se afastava em direção ao banheiro, provavelmente para tomar um banho.

— Adoraria. — disse ele, um sorriso maroto nos lábios antes de desaparecer pelo corredor.

Amor em Jogo - PiquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora