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— Você joga em qual posição? — meu pai perguntou olhando para Joaquín, seus olhos perscrutadores examinando cada detalhe do jogador.— Atacante? — agora seus olhos se desviaram para mim.

A pergunta me pegou de surpresa, e não pude evitar uma risada nervosa. Ele nunca havia demonstrado interesse em futebol ou jogadores antes, e agora aqui estava ele, interrogando um.

Segurei a risada e apenas olhei para Piquerez, que ainda não tinha entendido a pergunta. Ele parecia confuso, seus olhos castanhos brilhantes me encarando com uma mistura de curiosidade e timidez.

— Lateral. — ele respondeu, sua voz hesitante ecoando no silêncio da sala.

— Sim, sim...— meu pai disse analisando.— Você tem 26 anos, né? É de 98.

— Isso. Isso mesmo.

Fiquei impressionada com a rapidez com que ele respondeu, mesmo que sua voz estivesse um pouco fraca. Era evidente que ele estava nervoso, e eu me senti um pouco mal por isso.

— Como sabe? — perguntei ao meu pai, curiosa sobre como ele havia conseguido essas informações.

— Pesquisei no Google. — ele deu de ombros, como se fosse a coisa mais natural do mundo. — Precisava saber alguma coisa sobre ele.

— Você pesquisou sobre mim? — Piquerez perguntou ao meu pai, sua voz carregada de surpresa. — Espero que não tenha encontrado nada desagradável.

— E eu procurei, viu? — meu pai sorriu, seu rosto se abrindo em um sorriso caloroso. — Mas não tinha nenhuma polêmica, nem nada. Aos olhos da mídia, você é um anjo.

Fiquei ainda mais surpresa. Meu pai, que mal tinha tempo livre pra qualquer coisa, teve tempo de ir investigar a vida de um jogador de futebol?

Piquerez corou um pouco, seus olhos baixos.

— Fico feliz em saber. — ele murmurou, seus lábios curvando-se em um sorriso tímido.

— E eu me senti feliz por isso.— relaxou. — E sua família? Você tem irmãos? — meu pai continuou.

— Tenho uma irmã, Camila. — Piquerez respondeu.— Ela é médica e mora com os meus pais na minha cidade natal no Uruguai.

Ele me fitou com seus olhos castanhos inquisitivos, a postura ereta e a voz firme, revelando a tensão genuína que o consumia. Meus dedos, entrelaçados aos dele embaixo da mesa, tremiam levemente, transmitindo o nervosismo que me invadia.

Sua voz, normalmente tão suave e melodiosa, soava um pouco rouca, como se estivesse lutando contra a timidez que o dominava naquele momento.

Ele estava sentado ao meu lado, sua presença me envolvendo em um calor reconfortante. A mão dele que não estava entrelaçada com a minha acariciava levemente, um gesto nervoso que revelava a apreensão que ele também sentia.

Podia senti-lo suando frio. A sensação era quase imperceptível, mas a pele úmida sob meus dedos era um sinal inequívoco do nervosismo que o corroía.

Meu pai continuou a conversar com ele, sua voz grave e autoritária preenchendo o espaço enquanto ele fazia perguntas sobre a vida de Piquerez, seus estudos, seus planos para o futuro. Piquerez respondia a cada uma delas com calma e educação, mas seus olhos, fixos em meu pai, traíam a ansiedade que o consumia.

Até que a minha mãe voltou do quarto, sua expressão severa e o silêncio que a acompanhava criando uma atmosfera tensa no ambiente. Mas, para minha surpresa, seu olhar não era direcionado a Piquerez, mas sim a meu pai. Havia uma reprovação silenciosa em seus olhos, mas não a fúria que eu esperava.

Amor em Jogo - PiquerezOnde histórias criam vida. Descubra agora